Cortazar: cartas de los años tristes

“Silvia, no te escribiré más por hoy, me cuesta hacerlo, estoy tan solo y tan deshabitado (…)”

Uma editora espanhola publicará as cartas que, a princípio dos anos 80, escreveram entre si Julio Cortázar, Carol Dunlop – sua última mulher – e a tradutora sérvio-croata, Silvia Monrós-Stojakovic. São quase 20 cartas sobre viagens, amor e enfermidades. Além disso, varias delas recordam os dias em que o casal recorreu a França e escreveu em conjunto o que seria um dos últimos livros de Cortázar, “Los autonautas de la cosmopista”.

“Correspondência. Julio Cortázar, Carol Dunlop, Silvia Monrós-Stojakovic (Alpha Decay)” sairá na Espanha no próximo dia 13 de abril. A compilação (que mantém os problemas de castelhano de Dunlop y Monrós) inclui nove cartas e postais do escritor argentino, cinco cartas de Dunlop e outras tantas de Monrós-Stojakovic, que então trabalhava na tradução de Rayuela para o servio-croata.

cortazar

O jornal espanhol El País publicou esta semana algumas das cartas que sairão no livro, uma longa de Dunlop e três mais breves de Cortázar. Elas reconstroem um dos períodos mais tristes da vida do escritor: os anos em que perde sua mulher e que praticamente abandona a escritura devido a compromissos políticos (ou literários) que o faziam viajar ao redor do mundo.  

Em uma das cartas, Dunlop adianta quer 1981 “ha sido uno de los años más bellos y más horribles de mi vida”. Por um lado, celebra a viagem com “el grandote”, em que tudo era escritura, música, leitura e erotismo. Mas na metade da carta faz uma revelação triste: “Hace casi un año que sé, y soy la única en saberlo fuera de los médicos, que Julio tiene una leucemia crónica. El no lo sabe ni lo tiene que saber”, conta Dunlop uns parágrafos antes de confessar que ela também diagnosticara um câncer y que “tampoco podía decir la verdad a Julio”.

cortazardunlopportada1

Carol morreu em 2 de novembro de 1982 e a partir daí aparece um Cortázar desconsolado. Sua resposta – poucos dias depois a um postal da tradutora, ocupa um brevíssimo parágrafo em que comunica a má notícia. “Estoy en un pozo negro y sin fondo. Pero no pienses en mí, piensa en ella, luminosa y tan querida, y guárdala en tu corazón”. O ar melancólico continua em nova carta de Cortázar fechada em março de 1983.  “Silvia, no te escribiré más por hoy, me cuesta hacerlo, estoy tan solo y tan deshabitado (…) Me concentro en la terminación del libro que Carol y yo hicimos juntos y que reseña ese viaje de París a Marsella que duró más de un mes y que nos trajo tanta felicidad”.

O livro, “Los autonautas de la cosmopista”, foi um dos últimos que Cortázar publicou em vida. Morreu em fevereiro de 1984, de leucemia.

A íntegra das cartas divulgadas está no El País:

http://www.elpais.com/articulo/cultura/correspondencia/autonautas/elpepucul/20090407elpepucul_5/Tes

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *