O dia em que eu tiver um cachorro, se chamará Onetti

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Ando um pouco brava com Onetti, aliás, ando muito brava, mas tenho que contar que ontem, no Uruguai, começaram as comemorações de seu centenário. A data que marca seu nascimento abriu o chamado “Ano Onetti”, quando serão realizados ciclos e conferências em homenagem ao escritor, falecido em 1994, em Madri.

Juan Carlos Onetti foi considerado um “maestro” pela Geração de 45, um criativo movimento literário que, entre outros, foi integrado por Mario Benedetti, Mario Arregui, Idea Vilariño, Carlos Martínez Moreno, Ángel Rama, Carlos Real de Azúa e Armonía Sommers. Tinha fama de bebedor e mulherengo. E me parece que não era só fama! Nascido em uma família de classe média modesta, foi desde cedo um leitor ávido. Abandonou a escola secundária e teve vários empregos: garçom, porteiro, vendedor de entradas no Estádio Centenário e jornalista. “O jornalismo é uma das profissões mais suportáveis que conheço”, dizia.

Sua primeira novela, El pozo, é de 1939. Com La vida breve (1950), Onetti inicia a saga de Santa María, uma cidade inventada, cinza e depressiva, que aparece também em El astillero (1961), Juntacadáveres (1965), Dejemos hablar al viento (1979) e Cuando ya no importe (1993). O escritor se exilou na Espanha em 1975, depois de ter sido preso, em 1974, durante a ditadura (1973-1985).

Mas porque ando chateada com Onetti? Por que ele foi péssimo com a poeta uruguaia Idea Vilariño (FOTO). Aliás, ele foi péssimo também com as sua quatro mulheres oficiais. E agora, depois de morto, começam a surgir cada vez mais histórias das suas cachorradas!

Onetti e Vilariño foram grande amantes, e ele a maltratou até o final. Na última entrevista que ela concedeu (morreu há pouco), publicada no último final de semana, no jornal Clarín,  contou essa história:

Recuerdo una vez que me prometió venir a Las Toscas a pasar una semana conmigo. Yo lo esperé pero no vino. Cuando finalmente nos encontramos le pregunté por qué no había venido. Le dije: “Te esperé”. “¿Querés que te diga la verdad?” Dijo él “¿Querés realmente saber?” “Sí”, dije yo que no iba a ser menos hombre que él… “Sí, sí, decime”. “Mirá, –dijo él– me pasé la semana con una mujer. Pero cada vez que encendía un cigarrillo pensaba en lo nuestro.” Y se acabó.

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Leiam o que contou Tomás Eloy Martinez: “No fue más amable con las mujeres. Se casó cuatro veces, las dos primeras con primas que eran hermanas entre sí: María Amalia Onetti y María Julia Onetti. Cuando se separó de la tercera esposa, Elizabeth María Pekelharing, se casó para siempre -los cuarenta años de vida que le quedaban- con la violinista Dorotea Muhr. La frase con que le dedicó, en 1960, La cara de la desgracia (un librito parco, de 50 páginas, editado por Alfa en Montevideo, con la fotografía de una bicicleta abandonada y una orla verde en la portada), fue para el lector tan cruel y misteriosa como el propio relato: “Para Dorotea Muhr, ese ignorado perro de la dicha”. La enigmática declaración de amor o compasión o cólera resumía sus tortuosos vínculos con la realidad”.

Há um caderno especial  sobre Onetti no jornal El País,da Espanha:  http://www.elpais.com/todo-sobre/persona/Juan/Carlos/Onetti/4017/

1 Comment

  • Novaes disse:

    Prezada:

    Não faça isso com o seu cachorro, ele não merece.
    E para arrematar gostaria de mencionar uma frase de minha avó, sábia mulher: ‘só fazem a nós o que permitimos que nos façam’. Não vejo razão para lamentar essas mulheres.

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