Estranho, demasiadamente estranho

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O caderno Ñ, suplemento de cultura do jornal Clarín, trouxe no final de semana uma matéria especial sobre o Japão, assinada pelo do enviado Hector Pavon. O texto faz uma reflexão sobre uma das maiores crises enfrentadas pelo país, que se traduz em altas taxas de desemprego, desconcerto da população jovem e uma notável mudança cultural. É tudo tão estranho e amedrontador  – como a existência de ordas de homens herbívoros, mulheres carnívoras e solteiros parasitas – que resolvi compartilhar com vocês.

  1. O jornalista diz que os jovens são a principal caixa de ressonância da larga crise do país. Com consequências trágicas. Somente em abril se suicidaram 100 pessoas por dia no Japão, a maioria homens de meia idade, seguido de jovens. Nos últimos 11 anos, 30 mil pessoas se suicidaram por ano.
  2. “Um grito de amor desde o centro do mundo” é o título da novela mais exitosa na história do Japão, com quatro milhões de exemplares vendidos. Seu autor é Kyoichi Katayama. “Al despertarme siempre estoy llorando. No es porque esté triste. Es que, cuando regreso a la realidad desde un sueño feliz, me topo con una fisura que me es imposible franquear sin verter lágrimas. Y eso, por más que me ocurra, siempre es así”. Estas são as palabras do protagonista Sakutarô, que por meio de uma voz sofrida expõe certa sensação de desassossego. “Há gritos, sussurros, vozes que pedem para ser escutadas por uma sociedade que não lhes dá ouvidos”, diz o jornalista.herb.art
  3. A crise, segundo Pavon, gerou fenômenos como hikikomoris. Normalmente jovens e homens, que se encerram em seus quartos, nas casas dos pais, e passam ali longos períodos, às vezes anos. Sentem tristeza e não têm amigos. A maioria dorme ou se atira ao longo do dia, olhando televisão, ou se concentra no computador durante à noite. No Japão, lhes chamam também de “SOLTEIROS PARASITAS”. Estima-se que haja um milhão de jovens hikikomoris.
  4. Os que não se encerram, saem às ruas com um comportamento não menos estranho: são os HOMENS HERBÍVOROS (soshokukei). São chamados assim, peloque entendi, por não estarem interessados nos prazeres “da carne”. Possuem entre 20 e 35 anos, não estudam, não trabalham, não projetam nada para o futuro. O verso da cultura yuppie dos anos 80 e 90. É isso aí, desistiram de tudo o que implique em qualquer tipo de desgaste físico ou psicológico. Ao mesmo tempo, vivem com os pais (claro), participam de comunidades virtuais pela internet e, o mais bizarro, são maníacos por salões de beleza. Cuidam meticulosamente das unhas e se maquiam. Apenas uma loja do Japão vendeu 4 milhões de sutiãs para homens. Mas não querem estar ligados às comunidades gays. Estima-se que 60% dos homens entre 24 e 35 anos sejam herbívoros.
  5. As mulheres japonesas não estão levando numa boa a indiferença dos Herbs. Em resposta ao comportamento dos Herbs, “GAROTAS CARNÍVORAS” estão tomando o problema em suas mãos, perseguindo homens mais agressivamente. Também conhecidas como “Caçadoras”, essas mulheres poderiam ser vistas como a versão japonesa das Lobas americanas.
  6. Por outro lado, há um aumento da perversão sexual, com aumento do número de sex shops que, entre outros acessórios, vendem revistas de hentai, o manga pornô. Muitas adolescente no bairro de Akihabara se vestem como personagens de manga e são o centro das fantasias sexuais de japoneses e estrangeiros.

A matéria do Clarín, está na íntegra AQUI. Também encontrei uma matéria, em inglês, no Japan Times, sobre o mesmo tema. Pra vocês verem como fiquei impressionada…

Fotos: CNN e Japan Times

1 Comment

  • Para um País que se orgulhava de ter seus kabuki-mono andando pelas ruas, até que a coisa esta normal. Naqueles tempos, um kabuki mono, empunhava uma espada longa e matava a bel prazer. A angustia é terrivel. Ela perpassa a modernidade. O que antes era “spleen” hoje é loucura high tech. Ou este mundo revê o conceito de modernidade ou vamos ter coisas “assombrosas” nos próximos anos! A indiferença esta matando e empalidecendo as relações. Sem paciência e amor a coisa fica dificil!

    “se duas pessoas descobrem a cegueira uma da outra, cada vez há mais luz!”

    Marcelo Nogueira

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