Cartas de Buenos Aires: Para entender argentinês!

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Ótima compra!

O tema da coluna CARTAS DE BUENOS AIRES, publicada hoje, no blog do jornalista Ricardo Noblat, no Globo, são os termos e as gírias que a gente tem que aprender quando vai morar em outro país.

Leia a coluna completa abaixo:

Para entender argentinês!

Cantársele las pelotas, andar como güevo guacho, no mandar fruta.

Não entendeu nada?

Não tem problema. Às vezes é preciso mesmo um tradutor para a gente compreender várias das expressões usadas pelos argentinos.

Academia Argentina de Letras resolveu dar uma mãozinha e preparou uma espécie de manual de “argentinês”, com cerca de 8.000 das expressões mais utilizadas por aqui. A obra se chama “Diccionario fraseológico del habla argentina”.

As expressões foram agrupadas em três níveis. O primeiro com expressões obsoletas, que estão perdendo o uso, como “tirame las agujas”, que significa “que horas são?”.

Depois, frases de vigência permanente, a exemplo de “andar de capa caída”, meio baixo astral, que já tem dois séculos e é usada também no Rio Grande do Sul.

Por fim, termos mais jovens, que normalmente têm vida efêmera, mas que aparecem durante um tempo em toda a parte.

Logo que cheguei aqui comprei o “Che Boludo! – a gringo´s guide to understanding the Argentines”, editado pelo americano James Bracken, que mora em Bariloche.

www.facebook.com/CheBoludoTshirts

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A obra é bem útil, garante umas risadas e ajuda o forasteiro a se situar, já que explica muitas das expressões mais comuns.

Entre elas, comerse um caramelito (dormir com uma mulher bonita), moco de pavo (uma coisa muito fácil de fazer), echando putas (indo muito rápido), le falta un jugador (quando alguém é meio lelé da cuda) e ni en pedo (de forma nenhuma).

 

Para complicar a vida dos recém chegados, além das expressões, os portenhos possuem uma gíria muito específica, o lunfardo, um jeito de falar que surgiu no final do século 19, com a chegada dos imigrantes ao país. Foi logo incorporado por marginais e presos, que o usavam para não serem compreendidos por outras pessoas (leia-se policiais e carcereiros).

Algumas das palavras dessa “língua” são entendidas no Brasil, como afanar (roubar), cana (polícia), fulera (de má qualidade), milico (militar) e mina (mulher). Outras não. Principalmente as que são resultado da mudança de ordem das sílabas, como toraba (barato), gotán (tango), tordo (doutor), gomía (amigo) e chochamu (muchacho).

Muitas letras de tango foram escritas em lunfardo, como o famoso Mano a Mano. “Los morlacos del otario los jugás a la marchanta como juega el gato maula con el mísero ratón” por exemplo, quer dizer, em bom português, que você pode desperdiçar o dinheiro do otário da mesma forma que o malvado do gato maltrata o miserável do rato.

Hoje, o lunfardo é marca registrada da fala do portenho. O negócio é tão sério que existe até a Academia Porteña del Lunfardo, fundada em 1962, o Dia do Lunfardo, o 5 de setembro, e uma feira do livro somente com obras em lunfardo.

Mas a vingança vem a cavalo, como se diz em gauchês e agora, depois de uma semana no Brasil, volto para Buenos Aires com o meu Dicionário de Portoalegrês embaixo do braço. Quero ver se tem algum argentino que saiba o que é pegar o Viamão andando, soltar os cachorros, ter outro por dentro, estar com o bicho carpinteiro…

lunfardo_che boludo

Algumas palabras de Che Boludo

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