Voltei!

Imagem 213

Ontem tive crises incontroláveis de riso durante o vôo Porto Alegre-Buenos Aires, relendo o Dicionário de Porto-Alegrês, do Luís Augusto Fischer. Verdade. Foram crises mesmo. A primeira foi no A, ainda na fila do check-in, com o impacto das explicações para expressões como “a troco?” e “abrir a graxeira”. Depois tive um acesso muito forte no S, no vôo. Entre uma letra e outra, diversas gargalhadas Há muito tempo eu não ria assim, sozinha. É uma delícia, principalmente porque vem acompanhada de olhares curiosos. Acho que o fato de estar vivendo longe deixa tudo mais interessante. O próprio Fischer conta que precisou inventar uma distância para coletar os termos. “A linguagem que a gente fala na rotina dos dias é muito próxima, tão próxima que não a vemos”. Mas mais engraçado que os próprios termos são os exemplos “práticos”que ele dá.

– Muitas vezes escrito bah, significa tanto aprovação quanto desaprovação; uma redução de barbaridade, palavra com a qual o resto do Brasil nos identifica, em vários sentidos. Muito usado como fala de aprovação enfática a algo feito ou dito: “Mas BA (que pode ser também mas bááááááááááá) quer dizer: “tu tens toda a razão”, “pode crer”, “é isso aí”. Se o prezado leitor afinar bem o ouvido, perceberá que na verdade o singelo bá tem várias, incontáveis variações, sutis mas enfáticas: pode ser um “bé”, curto, quase um balido; pode ser um “pé” ou um “pá”, para espantos maiores; e pode ser um “bã”, seco ou prolongado na forma de “bãããããããã”, para casos mais graves, terríveis, ameaçadores. A expressão “Bá, tchê”, equivale, nos termos paulistanos, ao “Orra, meu”: tem função mais ou menos apenas retórica, de saudação, de dizer nada pronunciando alguma coisa.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *