Conheça Villa Ocampo e a história de sua dona

villa ocampo
Villa ocampo

Vale a pena fazer o passeio guiado

 

O tema da coluna Cartas de Buenos Aires de hoje é a Villa Ocampo, antiga residência da escritora argentina Victoria Ocampo (1890- 1979), que fica em San Isidro, a 30 minutos de Buenos Aires.

Pelos jardins dessa casa, construída em 1891, passaram o Nobel de Literatura Rabindranath Tagore, o escritor Graham Greene (que depois dedicaria sua novela O Cônsul Honorário, de 1969, à amiga Vitória), além de André Maulraux, Octavio Paz, Antoine de Saint Exupéry, Indira Gandhi, Ortega y Gasset, Gabriela Mistral, Garcia Lorca, Le Corbusier e Albert Camus, para citar alguns célebres.

Leia nota completa AQUI ou abaixo.

Veja como chegar, no link da Villa Ocampo. 

 

“Sou do mundo inteiro, sem deixar migalhas”

victoria ocampo

Biografia

Sou de Paris e de Londres e de Roma e de Madri e de Nova York e até de Calcutá, que não conheço”.

Assim escreveu a argentina Victoria Ocampo (1890- 1979) e é esse espírito cosmopolita que se respira em Villa Ocampo, antiga residência da escritora em San Isidro, a 30 minutos de Buenos Aires.

Visita indispensável para quem gosta de literatura e dos recantos que não são destaque nos guias de viagem.

O casarão foi construído em 1891 para ser residência de verão da família e transformou-se, a partir de 1930, em um dos principais pontos de encontro de intelectuais e artistas.

villa ocampo bibliotea

A famosa biblioteca

 

 

Nele que se conheceram, por exemplo, Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares, iniciando uma amizade legendária e decisiva para a literatura argentina. Só isso já valeria a visita, mas tem mais.

Pelos jardins da casa passaram o Nobel de Literatura Rabindranath Tagore, o escritor Graham Greene (que depois dedicaria sua novela O Cônsul Honorário, de 1969, à amiga Vitória), além de André Maulraux, Octavio Paz, Antoine de Saint Exupéry, Indira Gandhi, Ortega y Gasset, Gabriela Mistral, Garcia Lorca, Le Corbusier e Albert Camus, para citar alguns célebres.

villa ocampo sala

Todas as fotos são uma gentileza da Villa Ocampo

O piano Steinway, que ainda está na sala de música, foi tocado por Ígor Stravinski.

Victoria Ocampo foi uma abelha rainha do mundo cultural argentino, sobre a qual pesavam, segundo o escritor norte-americano Waldo Frank, três maldições: a beleza, a inteligência e a fortuna.

Além disso, seu caráter forte (às vezes arbitrário), seu anti-peronismo, e seu ar evidentemente elitista, a transformaram em uma das personagens mais polêmicas da Argentina.

Foi alfabetizada em francês, fez sua primeira viagem à Europa aos seis anos, conheceu seu grande amor durante a própria lua de mel, se separou (quando ninguém fazia isso), construiu a primeira casa cubista do país, foi a primeira mulher a dirigir um carro em Buenos Aires…

villa ocampo victoria bioy borges

Famosa foto com Bioy Casares e Borges

 

 

Além disso, tomou chá com Virgínia Wolf, jantou com De Gaulle, foi recebida por Mussolini, freqüentou a casa de Coco Chanel, foi fotografada por Man Ray, teve discussões com Lacan. Enfim, daria para escrever muito sobre Victoria.

Mas o mais importante é que foi a criadora da legendária revista Sur, uma ponte entre a intelectualidade argentina e o resto do mundo.

Foram 371 números em 61 anos. Foi por meio de Sur (que mais tarde virou selo editorial) que a melhor literatura do mundo foi lida em espanhol, como Nabokov, Sartre, Michaux e Kerouac, por exemplo.

Para conhecê-la melhor, deixo a dica da visita a Villa Ocampo. O ideal é tomar um trem em Retiro pela manhã, e fazer a visita guiada logo ao chegar à casa.

Depois, almoçar por lá, nos jardins e, quem sabe, escrever umas linhas à sombra dos umbus. A construção, hoje de propriedade da Unesco, foi restaurada em 2005 e está praticamente como era no século passado.

Armários chineses, camas francesas, luminárias Bauhaus, tapeçarias de Picasso e uma biblioteca de 12 mil volumes.

Villa Ocampo, porém, não é um museu. Continua sendo ponto de encontro de cultura e arte, com vasta programação de dança, teatro, literatura, música, cinema.

A casa centenária esbanja vitalidade, como sempre foi sua dona.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *