Vergonha, verguenza…

uruflag650

No último final de semana os uruguaios perderam uma chance histórica de suspender a “Lei de Caducidade Punitiva do Estado”, também chamada de “lei de perdão aos militares”. O texto, aprovado em 1986 e confirmado por um plebiscito em 1989, implicou na anistia dos militares que cometeram violações aos Direitos Humanos durante a ditadura (1973-85). No domingo passado, junto com a votação para presidente, os uruguaios poderiam ter anulado essa lei, mas mais da metade da população preferiu mante-la. No plebiscito realizado, não foi possível reunir os 50% dos votos que garantiriam a revogação. Assim, a lei continuará protegendo os membros das Forças Armadas e dificultando os processos na Justiça. Não consigo entender essas coisas, sinceramente…

Mas não satisfeita, parte da população uruguaia aprontou mais, dando uma vitória tripla para a direita do país. Levou para o segundo turno a disputa presidencial e, pasmem, transformou Pedro Bordaberry, candidato do Partido Colorado e filho do ex-presidente Juan María Bordaberry, que governou o país entre 1973 e 1976 (na segunda parte de seu mandato como chefe de Estado do regime militar), no grande fenômeno da eleição.

Bordaberry ficou em terceiro lugar com quase 17% dos votos, aumentando em mais de 70% a votação dos colorados, que na última eleição, em 2004, tinham conseguido pouco mais de 10%. O partido era considerado quase um cadáver político, mas, com o resultado, ressurge das cinzas.

O resultado final ficou assim: o ex-guerrilheiro José Pepe Mujica, candidato da governista Frente Ampla, de centro-esquerda, obteve 47,5% dos votos, seguido de o ex-presidente Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional (Branco), de centro-direita, com 28,5% dos votos. O segundo turno está marcado para 29 de novembro. Nem preciso dizer quem é meu candidato, né?

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *