Caio e outros autores brasileiros, em espanhol

Matéria de hoje no jornal Página 12 adianta alguns autores brasileiros que terão suas obras traduzidas ao espanhol este ano. Morangos Mofados, de Caio F.Abreu, por exemplo, aportará nesses pagos como Frutillas enmohecidas. Mas há muito mais.

Foto que encontrei no todoprosa.blogspot.com, do Ricardo Soares

“Como todos los años, el rescate de autores brasileños crece exponencialmente. Publicada originalmente en 1935, El día de las ratas (Adriana Hidalgo), de Dyonelio Machado, es considerada una obra maestra de la literatura brasileña del siglo XX.

Otro clásico brasileño que se traducirá por estos pagos es Infancia (Beatriz Viterbo), de Graciliano Ramos. En el año en que Clarice Lispector cumpliría 90 años, los lectores tendrán su recompensa con Descubrimientos (Adriana Hidalgo), un libro de crónicas.

También habrá más Caio F. Abreu con los relatos de Frutillas enmohecidas (Beatriz Viterbo); los cuentos de Sergio Sant’Anna, El monstruo (Beatriz Viterbo), traducidos por César Aira, y el joven brasileño Luiz Ruffato con la novela Ellos eran muchos caballos (Eterna Cadencia), una serie de instantáneas tomadas durante un día, el 9 de mayo del 2000, en San Pablo”.

O texto completo, com os principais lançamentos do ano, está AQUI.

Eu tinha essa edição antiga…sumiu!

Segue abaixo, parte de CARTA AO ZÉZIM, texto do Caio em que ele fala do Morangos Mofados. 

Quanto a mim, te falava desses dias na praia. Pois olha, acordava às seis, sete da manhã, ia pra praia, corria uns quatro quilômetros, fazia exercícios, lá pelas dez voltava, ia cozinhar meu arroz. Comia, descansava um pouco, depois sentava e escrevia. Ficava exausto. Fiquei exausto. Passei os dias falando sozinho, mergulhado num texto, consegui arrancá-lo. Era um farrapo que tinha me nascido em setembro, em Sampa. Aí nasceu, sem que eu planejasse. Estava pronto na minha cabeça. Chama-se Morangos mofados, vai levar uma epígrafe de Lennon & McCartney, tô aqui com a letra deStrawberry fields forever pra traduzir. Zézim, eu acho que tá tão bom. Fiquei completamente cego enquanto escrevia, a personagem (um publicitário, ex-hippie, que cisma que tem câncer na alma, ou uma lesão no cérebro provocada por excessos de drogas, em velhos carnavais, e o sintoma — real — é um persistente gosto de morangos mofados na boca) tomou o freio nos dentes e se recusou a morrer ou a enlouquecer no fim. Tem um fim lindo, positivo, alegre. Eu fiquei besta. O fim se meteu no texto e não admitiu que eu interferisse. Tão estranho. Às vezes penso que, quando escrevo, sou apenas um canal transmissor, digamos assim, entre duas coisas totalmente alheias a mim, não sei se você entende. Um canal transmissor com um certo poder, ou capacidade, seletivo, sei lá. Hoje pela manhã não fui à praia e dei o conto por concluído, já acho que na quarta versão. Mas vou deixá-lo dormir pelo menos um mês, aí releio — porque sempre posso estar enganado, e os meus olhos de agora serem incapazes de verem certas coisas.

3 Comments

  • edu disse:

    “PONTES-PUENTES”
    Esa excelente antología de poesía brasilera y argentina y estas traducciones que anuncias, el stand de Brasil en la Feria del Libro, que parece que va a ser bueno… será que por fin empezó a disolverse el muro que separa las palavras de las palabras? Los livros de los libros ?
    También se extrañan tus páginas bilingües….
    Linda nota

  • Anamaria Rossi disse:

    Ai, Gisele, que maravilha ler esta carta do Caio. Eu não a conhecia. Incrível como é bom conhecer a intimidade das obras que nos marcaram!
    Gracias, chica.
    Beijo.

  • Gisele Teixeira disse:

    Oi Ana, sou doente por Caio e Clarice. Tenho tuudddo. Biografias, cartas, materias…
    Beijo

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *