O tango do outro fim do mundo

Para el finlandés todo es tango. Frank Sinatra es tango, por ejemplo. Y yo creo que eso tiene que ver con que los finlandeses somos muy tímidos. Necesitamos que el cantante diga lo que nosotros no nos animamos a decir. Sacar a una mujer a bailar ya es bastante difícil, así que imaginate el resto. Por suerte está el cantante ahí en el escenario que dice lo que todos callan: “Te amo”. Porque fijate qué curioso: a principio de los cuarenta, los finlandeses éramos sólo 3 millones. Ahora somos 5 millones. ¿Y por qué? Por el tango.

(M.A. Numminen)

 

Unto Mononen é o cantor de tango mais famoso da Finlândia. Sua obra mais conhecida é “Satumaa” (o mundo dos sonhos), composta em 1955. É tão popular que às vezes é cantada até nas missas e se converteu, inclusive, numa espécie de hino nacional.

O texto fala de um paraíso perdido que agora só pode ser alcançado pelos pássaros que voam sobre o mar.  “Aavan meren tuolla puolen jossakin on maa, jossa onnen kaukorantaan laineet liplattaa” (Detrás do mar aberto, em algum lugar, há um país onde as ondas acariciam a longínqua costa da felicidade).

tango em finlandia

 

Unto morreu em 28 de junho de 1968, fazendo roleta russa. Mesmo assim, ele é um dos personagens do documentário  “Prisoners of the Ground”, ou “Prisioneiros de la tierra”, como foi traduzido aqui na Argentina.

Um dos filmes mais tristes que vi nos últimos tempos e que, não por acaso, começa com um cientista comentando os efeitos das luz nos sentimentos de felicidade e depressão. É um documentário sobre a melancolia do tango finlandês, sobre a solidão e sobre a forma com que encontram os finlandeses para, literalmente e metaforicamente, sobreviverem ao escuro.

Na Finlândia o inverno dura uma vida e em alguns dias há somente duas ou três horas de sol. Algumas pessoas tomam banho de luz artificial para reduzir a depressão. Outros dançam. No filme, personagens e situações estranhíssimas. Bonecos de cera dos cantores de tango mais famosos, karaokê tangueiro, histórias trágicas, um escultor que faz de bichos de sucata, uma mulher que vende sapatos e vários salões de baile.

O tango na Finlândia não tem nada a ver com o tango argentino. Parece mais uma valsa e é praticado no país desde 1930. Os temas, sim, possuem alguma similaridade, como o amor, a tristeza, a infelicidade, a solidão, um antigo lugar onde um dia alguém foi feliz.

As mudanças de estação e temperatura aparecem sempre como metáfora: a primavera corta a reclusão do inverno, criando novas expectativas. As chuvas do outono e as noites escuras são símbolos de esperanças rotas.

Um dos pontos altos do verão finlandês é o Tangomarkkinat, o festival de tango, celebrado anualmente desde 1985, em Seinäjoki, considerada pelos tangueiros finlandeses como a segunda cidade do tango depois de Buenos Aires.

O festival recebe cerca de 100.000 participantes anualmente (de uma população apenas superior a 5 milhões).

Deixo o trailer de GEVANGENEN VAN DE GROND,  que não esta com subtítulos, mas que tenho certeza todos captarão a atmosfera.

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