Quinze anos sem Pugliese: conheça o maestro!

pugliese chacarita

Foto Gisele Teixeira

pugliese

Pugliese

Aos amantes do tango sempre indico um passeio em Buenos Aires: o setor 7E do Cemitério da Chacarita, onde descansam três grandes tangueiros: em estátuas de tamanho natural estão Osvaldo Pugliese, no piano, Augusto Magaldi, no vocal, e Aníbal Troilo, o Pichuco, no bandoneón.

No cemitério todo estão cerca de 30 próceres do ritmo que é o símbolo da Argentina, praticamente uma orquestra inteira. Entre eles, Edmundo Rivero, Francisco Canaro, Roberto Goyeneche, Homero Manzi…e, é claro, Carlos Gardel.

Um dos meus compromissos esta semana é deixar um cravo vermelho nas mãos de Pugliese, cuja morte foi lembrada no último domingo. O maestro morreu em 25 de julho de 1995, aos 89 anos.

Este é o tema do Cartas de Buenos Aires de hoje, no Noblat. O texto completo segue abaixo:

Quinze anos sem Pugliese

Um dos meus compromissos esta semana é deixar um cravo vermelho nas mãos de Pugliese, cuja morte foi lembrada no último domingo. O maestro morreu em 25 de julho de 1995, aos 89 anos.

Tenho carinho especial por Pugliese porque foi com ele que aprendi a ouvir as pausas do tango. E somente então comecei a aprender a dançar de verdade. Sem respeitar os momentos de suspensão, não há tango. Contenção-arranque. Contenção-arranque. Ele foi mestre nisso.

Pugliese sempre dizia em entrevistas que quando jovem recebeu um conselho de seu pai: “quanto você toca tem que olhar para os pés dos bailarinos. Se eles te seguem é porque está tudo bem. Se não, o equivocado é você”. Aplicou esse ensinamento a vida inteira e criou uma orquestra que nasceu milongueira.

Basta tocar Pugliese em um lugar que sempre haverá alguém do lado para dizer: que tangazo! E assim é.

Dizem os especialistas que Pugliese gravou temas que anteciparam a vanguarda, que viria depois com a Horacio Salgán e Astor Piazzolla. Principalmente pelo uso da síncopa e do contraponto. É o caso de “La yumba” (hino da Orquestra Pugliese), “Negracha” e “Malandraca”, três das mais de 150 canções que deixou.

Além de grande músico, Pugliese foi comunista e esteve preso durante o primeiro governo do presidente Juan Perón. Nesse período, sua presença era lembrada pelos músicos com um cravo vermelho sobre o piano. Nas ruas apareciam pichações com a frase: o tango está preso. No segundo governo, ao receber o mùsico em Olivos, Perón pediu perdão a Pugliese.

O governo da cidade anunciou esta semana que vai trocar o nome da estação Malabia da linha B do metro de Buenos Aires pelo nome de Pugliese. A estação se encontra no bairro de Villa Crespo, onde o músico viveu, e onde já há um monumento em sua homenagem.

Mas nem precisava. Quer reconhecimento maior do que virar santo? Com oração e tudo? Muitos artistas acreditam no poder espiritual de sua ajuda.

sanpugliese

Segue a oração, nunca é demais

 

Deixo abaixo um vídeo de dois grandes bailarinos, Geraldine Rojas e Javier Rodirguez, dançando um clássico dele, La Yumba.

11 Comments

  • Glênio Reis disse:

    OI, GT.
    Te localizei cheia de graça, belas fotos (Pugliese em especial) e textos ao estilo de quem tem “café no bule” para agradar a todas as exigências culturais.
    Neste sábado vindouro vou usa-lo(citando a fonte, claro), e culminarei o papo rodando Osvaldo Pugliese en el Teatro Colón, gravado en vivo al 26 de diciembre de 1985. Verdadeira apoteose para o Santo (minha enfase radiofônica). Inolvidable.
    Mucha suerte y mucho trabajo.
    Glênio Reis

  • Gisele Teixeira disse:

    Oi Glênio, fico honrada pela citação. Eu amo Pugliese, principalmente pelo que falei no texto, pela respiração que ele dá do tango. Pela suspensão do tempo.

    A mulher, que normalmente segue o homem na dança, fica num estado de alerta felino nessas paradas, sempre esperando o próximo passo, que ela nunca sabe bem qual será. Adoro!

    Que horas é o programa? E o CD da Villamil,
    vc bem que podia socializar, né?

    Beijo.

    • Glênio Reis disse:

      Sem problema maior a não ser de como irei enviar as músicas do CD Glorias Porteñas con Vilamil, Chambouleyron y otros mas? Pela web impossivel devido ao peso. Me dê uma dica. Una perguntita tuya para passar a los mios oyentes: donde se escucha tango de verdad en la capital: Nada de tango para turistas, mas para conocedores do que sea el tango.
      Existe isso en la ciudad de Pichuco ?

      • eduardo disse:

        Don Glenio:
        Un buen lugar para oir tangos en vivo es el Torquato Tasso, en San Telmo, es la mejor sala y nunca lo va a defraudar. http://torquatotasso.com.ar/
        Tiene una programación excelente, no hay , gracias a dios, ni show de tango ni payasos fantaseados de tanqueros. Sólo buena música y va a pagar 5 veces menos que en un show para turistas.

        Tambiéen se puede ir a Maldita Milonga , en Peru 571, segundas e quartas, também com musica ao vivo, e quem dança é o publico.
        EL ingresso es muy economico

    • Glênio Reis disse:

      – NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA.-
      O JORNAL ZERO HORA DE HOJE (2 DE AGOSTO) EM SUA PÁGINA 2, HÁ CRÔNICA DE L. F. VÉRÍSSIMO SOB O TÍTULO: FICA, SOLEDAD. É UM HINO DE ENCANTAMENTO O TEXTO DE NOSSO JORNALISTA PRIMEIRO, QUE NÃO PODE FICAR SEM O CONHECIMENTO DA ARTISTA.
      FAÇA ISSO, GISE, E VILLAMIL TE AGRADECERÁ ETERNAMENTE.
      Como colaboração – sem interêsse nenhum, anvio o endereço do jornalista: veríssimo@zerohora.com.br
      http://www.zerohora.com
      AQUELE ABRAÇO DO TAMANHO DO RIO GRANDE

  • martha disse:

    puse el video dos veces porque una vez no alcanza para sentir el placer de ver bailar así. ni dos,ni tres….
    y escuchar además a Pugliese,qué más puede pedirse,no?

  • Gisele Teixeira disse:

    Si hubiera descobierto el tango antes, no habría hecho otra cosa en mi vida!!!

  • Glênio Reis disse:

    Sou meio duro de cintura para bailar o samba de gafieira, que é o que eu gosto. Mas o Éldio Macedo é campeão no gingado e no traçado. Já no tango me gusta em compas de D’arienzo quando me siento rei.
    Soy do tipo raro para bailar. Me deixo conduzir por “ellas”, simplesmente.
    Un VIVA al mestro Don Horacio Salgan y su hijo pianista.

  • Glênio Reis disse:

    Gisele, é verdade que tem um brasileiro que baila el tango como poucos e se destaca dos demais. É verdade isso ? Me conta!!! Como é o nome da fera e como pode acontecer?

  • Glênio Reis disse:

    Veja só que encontro de memória estou tendo neste momento. Osvaldo Pugliese e sua orquestra estiveram em Porto Alegre atuando no Teatro da Ospa. Lá me fui munido de meu gravador para tentar ao menos um alô do maestro. Mas, fui além, para meu orgulho de pensar conhecer o tango. Nunca,até então eu havia entendido a música de Pugliese, que não tinha um ritmo marcado como D’Arienzo. Foi aí que tive um salto de conhecimento e senti que a orquestra tocava como se estivesse cantando o tango, e pude vibrar com os silencios, as surpreendentes pausas e a dinânima que me enlouquecia. Foi assim que meu sentimento de tanguero se completou fazendo justiça ao gênio criador do Santo. Lá no teatro, em silêncio, mesmo sem as honrarias que outro alguém teve, também pedi perdão e desculpas pela ignorância, felizmente superada naquela noite inolvidable de 1986.
    Perdão por ter me alongado tanto, mas é a minha homenagem a um dia tão importante: 25 de julho, a Pátria Argentina y el Tango.

  • Glênio Reis disse:

    QUERO AGRADECER AO SR. EDUARDO PELAS DICAS QUE ME DEU SOBRE O QUE EXISTE DE MELHOR DE TANGO EN LA CAPITAL. SOU EXIGENTE QUANTO HABLO DE TANGO. PARA VER LOS BAILARINOS, NO ME INTERESSA. SOY OYENTE DE RUIZ, POLACO,
    SOSA, MADERNA, SALGÁN, PICHUCO, FIORENTINO,
    RIVERO, PUGLIESE Y QUE SE YO. DESGRACIADAMENTE, PARA MI Y OTROS TANTOS, OS AQUI NOMBRADOS YA SE FUERAN PA SIEMPRE.
    UN ABRÇO DE UN DESOLADO Y SAUDOSO TANGUERO BRASILEÑO.
    GREIS

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