Vocês sabem quem foi Emilio Balcarce?

emilio balcarce

Foto Clarín

O texto conta um pouco da história do bandoneonista Emilio Balcarce, que morreu este mês, aos 92 anos. Há dez, quando estava então com 82, deixou a tranqüilidade de sua aposentadoria para participar de um projeto ousado – ser diretor da Orquestra Escola de Tango e ensinar a jovens músicos os truques e manhas das velhas orquestras tangueiras.

O documentário Si sis brujo, que vocês podem ver na íntegra AQUI, é uma boa forma de conhecer este personagem, que além de grande músico foi um exemplo de vida.

 

O texto completo da coluna Cartas de Buenos Aires segue abaixo:

Emilio Balcarce: gracias, maestro!

O bandoneonista Emilio Balcarce tinha 82 anos quando deixou a tranqüilidade de sua aposentadoria para participar de um projeto ousado.

Ensinar a jovens músicos os truques e manhas das velhas orquestras tangueiras – trejeitos que não estavam nas partituras, segredos que nunca tinham sido codificados para as novas gerações. Os “yeites”, ou jeitos, de cada uma das orquestras “típicas”.

O convite veio no ano 2000, quando o contrabaixista Ignacio Varchausky criou a Orquestra Escola de Tango e o chamou para dirigi-la, função que exerceu com alegria de menino até 2008, quando realmente parou de trabalhar, aos 90 anos, já com problemas de audição.

Também violinista, arranjador e criador de tangos célebres como “La Bordona”, Emilio Balcarce faleceu na semana passada, aos 92 anos.

Para quem não o conhece, uma boa introdução é o documentário “Si sos brujo”, dirigido pela americana Caroline Neal, que agora divido com vocês.

O filme conta todo o processo de criação da orquestra escola, desde a dificuldade de conseguir financiamento até o momento em que chegam – Balcarce e seus primeiros alunos – para uma temporada em Paris. Finaliza com o famoso concerto no Teatro Colón.

É homenagem emocionante a este grande músico que, depois de tantos anos, voltou à cena com uma disposição inacreditável, para ajudar a nova geração a garantir o futuro do tango.

Emilio Balcarce nasceu no bairro portenho de Villa Urquiza e começou a estudar violino aos oito anos. Aos 14 se iniciou aos segredos do bandoneón, com estréia profissional dois anos depois. Não parou mais.

Seus conhecimentos de instrumentos, harmonia e contraponto eram tão apreciados que ao longo de sua carreia foi convocado pelos principais diretores de orquestra, como

Osvaldo Pugliese, com quem tocou por 20 anos, a partir de 1949. Mas também por Aníbal Troilo, Leopoldo Federico e Alfredo Gobbi, para citar alguns.

Em 1968 fundou o “Sexteto tango”, que durou até 1991. Dizem que foi a formação musical mais “viajante” da Argentina. Gravaram 11 discos, atuaram por dois meses seguidos em Paris, fizeram shows pelo mundo todo. Inclusive na Sibéria!

Logo depois Balcarce se retirou e foi viver na cidade de Neuquén, até ser pinçado novamente por Varchausky. Com os “meninos”, gravou dois novos discos – De contrapunto, em 2000, e Bien compadre, em 2004.

Infelizmente, o professor agora não está mais aqui. A escola que leva seu nome, no entanto, prossegue. Em torno de 150 músicos de diferentes países já passaram pelo espaço, que conseguiu reunir no período um acervo de 700 arranjos originais para orquestra típica. Pelo menos sete orquestras foram formadas. Gracias, maestro.

Deixo vocês com o trailer do filme.


2 Comments

  • martha disse:

    EL VIDEO SI SOS BRUJO ES PRECIOSO!
    Y ES EMOCIONANTE VER LA PASIÓN DE LOS MÚSICOS. LOS MAESTROS Y LOS JÓVENES.

  • emanuel rego lima disse:

    Gisele,

    Apesar da noticia triste, muito obrigado pela dica do Video sobre escola de tango e o maestro Balcarce.
    Emocionante!

    Sou admirador do tango.

    No natal ganhei de presente o DVD “cafe de los maestros” que havia visto apenas alguns pequenos trechos na internet.

    Também muito bonito!

    Já coloquei seu blog nos favoritos.
    Passarei sempre por aqui.

    Um grande abraço, desde o Recife

    Emanuel.

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