Leia abaixo, na íntegra, o texto publicado hoje na coluna Cartas de Buenos Aires, no blog do Noblat.
Sentou, pagou
Os restaurantes portenhos possuem um costume que irrita muita gente: a cobrança do “cubierto” ou serviço de mesa, taxa adicional por pessoa, que varia de acordo com cada estabelecimento e ninguém sabe bem para o que serve. Além disso, não está definida por lei.
Normalmente o valor está visível no cardápio, mas muitos turistas não reparam nesse detalhe. E ficam indignados na hora da conta. O custo do cubierto, talher em português, na verdade não é alto, o equivalente a no máximo dois cafés. O problema não é esse, e sim sua finalidade.
Muita gente acredita que o cubierto é a cestinha de pães que chega antes do prato principal ou um drinque oferecido pela casa. Mas não é assim, até porque se você recusar a gentileza vai pagá-la igual.
É o que então? São os talheres? A reserva? O uso das instalações? Tudo isso junto? Um mistério.
A Associação de Hotéis, Restaurantes, Confeitarias e Cafés se defendeu recentemente, alegando que o serviço de mesa é uma necessidade para cobrir custos. Mas se é “custo”, não deveria estar incluído no preço do prato?
Pelo que entendi, o cubierto cobrado aqui é exatamente o que se chama no Brasil de couvert – e que também é objeto de muita confusão por aí. Encontrei a explicação numa entrevista do brasileiro Rogério Fasano às páginas amarelas da Veja, em janeiro de 2010.
Segundo Fasano, a palavra francesa couvert vem do italiano coperto, que quer dizer, literalmente, “cobertura”. É aquilo que o restaurante cobra para garantir a reposição do que ele considera importante oferecer ao cliente. Não é custo da comida e não tem nada a ver com o pãozinho! É o copo de cristal Riedel que custa 30 dólares e que cedo ou tarde vai se quebrar, a porcelana importada, a toalha de linho egípcio, etc.
Quer dizer, cobra-se à parte uma coisa que é inerente do negócio!
Recentemente os principais críticos gastronômicos de Buenos Aires, como Fernando Vidal Buzzi, e a jornalista do La Nación Sabrina Cuculiansky, co-autora da guia Hay Que Ir, junto com blogs como Fondo de Olla e Planeta Joy, por exemplo, começaram uma reação contra esta taxa, que consideram injusta.
A gritaria é tanta que a última edição do Lonely Planet Buenos Aires citou a cobrança do serviço de mesa como uma das três piores coisas da cidade, junto com os excrementos de cães pelas ruas e a constante falta de troco.
Mas há exceções. O dono do bar e restaurante 878, Julián Diaz, em matéria para o Planeta Joy, foi tão sintético como Fasano. “Cobrar el mantel no tiene sentido. Es un curro”. Não creio que precise de tradução…
Como muita gente confunde o cubierto com os 10% de serviço, quem sai perdendo nessa história são os garçons, que vêem suas gorjetas reduzidas. Está na hora dos turistas começarem a protestar também. Contra o cubierto que é, na verdade, um aumento “encubierto”.
PS: Mesmo assim, em comparação com São Paulo e Brasília, comer em Buenos Aires ainda é baratíssimo!!
REstaurantes que nao cobram cubierto:
878 (Villa Crespo), Sarkis (Villa Crespo) e o Báraka (Palermo)
Quiere decir que cuando Fasano cobra más de $500,00 por una comida, excelente eso sí, no calculó el precio de la reposición de la cristalería?
Resumiendo: BOICOT al cubierto, pero no perjudicar a los mozos reduciendo las propinas.