Cartas de Baires: Salvemos as estátuas!

Segue abaixo a íntegra da Coluna Cartas de Buenos Aires, publicada hoje no Blog do Noblat.

Os portenhos são privilegiados por ter um dos maiores museus de escultura ao ar livre do mundo: são 2093 monumentos e obras de arte espalhados pela cidade segundo o governo de Buenos Aires. Somente no Jardim Botânico existem 33 peças.

Ao seguir estas obras pode-se fazer uma crônica das enormes mudanças pelas quais passou a capital argentina ao longo dos anos, especialmente em seu centenário.  É possível reconstituir os critérios e as prioridades que regeram o desenho urbano de cada época: a influencia européia, a moral pacata que reprimiu desnudos, as homenagens aos heróis e próceres.

Entre as preciosidades pelas quais não se paga para ver estão Torso Masculino, do colombiano Fernando Botero, no Parque Carlos Thays, e um dos oito originais de O Pensador, de Rodin, na Praça dos Congressos.

Isso sem falar de San Martín e seu cavalo, esculpidos pelo frances Joseph Daumas, na praça que leva o nome do herói, a sensual Fonte das Nereidas, de Lola Mora, que adorna a Costaneira Sul e o monumento ao General Alvear, de Antoine Bourdelle.

Infelizmente, muito desse patrimônio de alto valor cultural e econômico se encontra em péssimas condições de conservação ou vandalizado. Algumas obras estão pichadas, rachadas, sem identificação, rodeadas por lixo.

A cidade possui um Departamento de Monumentos e Obras de Arte, que em tese teria que cuidar da manutenção dessas pecas, mas parece que a velocidade de quem quer destruí-las é mais rápida que a burocracia do governo.

Recentemente, um grupo criou uma associação e um blog, chamado Salvemos as Estatuas , que defende esses vizinhos de pedra. Fazem desde levantamentos sobre as estátuas depredadas a reuniões os candidatos a prefeitura da cidade. Uma página de mesmo nome também foi criada no início desde mêsem Facebook por Daniel Schavelzon, um dos principais arqueólogos argentinos.

Entre as obras que precisam de reparos está a gigante “Floralis Genérica”, localizada na Praça das Nações. Deveria abrir e fechar suas pétalas de acordo com o sol, mas está imóvel desde maio desse ano. Ainda há chances de recuperá-la.

Para muitas não há retorno.

Não há nenhuma legislação que proteja uma estátua ou monumento isoladamente. São protegidas apenas se estão dentro de um prédio. E nem assim. Como se pode ver nas fotos abaixo, no Palácio de Tribunales.

ANTES

DEPOIS

Alguém pode me explicar como um conjunto desses desaparece sem que ninguém faça uma gritaria?

Estarão sendo restauradas?

Salvemos as estátuas!

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