Cartas de Baires: o acervo gigante do Museo del Cine

Segue abaixo a íntegra da coluna CARTAS DE BUENOS AIRES, publicada esta semana no Noblat. Como estava viajando, fico devendo a versao em espanhol.

Museo del Cine

Foto Gisele Teixeira

museo del cine

Milhares de latas de filmes. Foto Gisele Teixeira

Museo del Cine

Os amantes do cinema possuem pelo menos mais dois motivos para visitar a capital argentina.

O primeiro deles é assistir a versão original de Metropolis, de Fritz Lang, com música ao vivo composta e interpretada pela “National Film Chamber Orchesta”, dirigida por Fernando Kabusacki, que está em cartaz no Malba.

O segundo, visitar o Museu de Cinema Pablo Ducrós Hickens, que permaneceu fechado durante sete anos e foi reaberto semana passada, com sede nova, em La Boca. Ambos estão interligados e suas histórias dariam um belo roteiro.

Lançado em 1927 na Alemanha, “Metrópolis” é um clássico do cinema mudo, uma ficção científica sobre uma cidade futurística, na qual a sociedade é rigidamente dividida entre a classe trabalhadora e os “pensadores” ou “planejadores”.

Foi considerado à época um dos filmes mais caros do país, mas como não atraiu um público grande, os produtores resolveram cortar algumas cenas.

Anos depois, as versões originais foram dadas como perdidas.

O que ninguém esperava é que houvesse uma delas, com 30 minutos de imagens extras, nos porões do Museu de Cinema, em Buenos Aires.

Os rolos foram encontrados em 2008 por acaso – mas em bom estado – e o trabalho de restauração envolveu uma cooperação entre Argentina e Alemanha, concluído em tempo recorde, para ser exibido na abertura do Festival de Berlim do ano passado.

Conto essa história, que muitos já devem ter ouvido falar, para valorizar ainda mais a reabertura do Museu do Cinema, detentor de um dos maiores acervos da América Latina.

Acervo

São mais de 60 mil latas de filmes desde a época muda até agora, documentários nacionais e estrangeiros, cerca de 3 mil cartazes de filmes, 360 croquis de cenários e vestuários, 1,6 mil roteiros originais, 400 pecas de roupas usadas em filmes e ainda objetos de personalidades do cinema.

museo del cine vitrine

Para que ninguém se decepcione, é importante destacar que o que foi inaugurado agora é apenas a primeira fase da obra e expõe menos de 10% do total do acervo, mas entre as raridades que podem ser vistas está uma das câmaras usadas pelos irmãos Lumière (há apenas outras nove no mundo).

A promessa do governo da cidade é que o prédio inteiro esteja pronto até o final de 2012, completando 450m2 de salas de exposição permanente e temporária, centro de documentação e oficinas de conservação, além de um departamento de curadoria e investigação, um centro de catalogação, uma ilha de edição, um laboratório de preservação digital.

A abertura do Museu, junto com a Fundación Proa, com o Teatro Catalinas Sur e a futura Cidade da Música traz um pouco de alento ao sul da cidade, tão maltratado nos últimos anos.

 

Endereço: 
Agustín R. Caffarena 51, La Boca
Horario:
Segunda a sexta, das 11h às 18 h. Sábados, domingos e feriados de 10 às 19h.

Entrada:
$2 pesos. Quarta, grátis.

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