Assim é se lhe parece

O melhor de Buenos Aires é de graça

Uma cidade empobrecida e cara. Esse foi o titulo da coluna do Artur Xexéo sobre Buenos Aires dia 15 deste mês. Fui ler o texto, que está AQUI.

Primeiro, fiquei indignada, porque não sei se é o caso de resumir a capital portenha (que, aliás, está deslumbrante com a chegada da primavera) a esses dois adjetivos…Tem pobreza? Tem. Tem Inflação? Tem. Mas isso não é uma exclusividade Argentina. Mas depois me dei conta que o Xexéo estava somente “desubicado” e se meteu em muitas roubadas, tadinho! Alguém precisa guiá-lo melhor da próxima vez! Parece aquela outra jornalista que veio a Buenos Aires e não saiu do La Biela.

Primeiro, Xexéo não tem bem claro o cambio. Um real aqui vale 2,4 e não 2,0. É uma diferença na hora da conversão. Depois, ele destaca que “um jantar com vinho na Cabaña Las Lilas, o concorrido restaurante de Porto Madero, sai a 400 pesos”.

Ora bolas, quanto sai um jantar no Fasano? Segundo a revista Época, R$ 800. De acordo com outras fontes, R$ 700 sem vinho.

Falando sério, quem é que vai jantar em Puerto Madero? Buenos Aires tem dezenas de restaurantes mais baratos, mais bacanas, mais charmosos que o Cabanha las Lilás que, alias, é conhecido por ser freqüentado basicamente por turistas brasileiros. Argentinos não vão ao Las Lilás. O Marcelo Barbao, do Direto de Buenos Aires, e a galera dos Destemperados tem uma lista de bons lugares para freqüentar.

Depois ele reclamou que “dois cafés, um tostado (misto quente de pão de miga) e uma água mineral no Florida Garden saíram por 80 pesos”. Ou seja, 33 reais. Quem mandou ir para a Florida? Outro lugar pega-turista. Porque não tomou um café num lugar bacana de San Telmo ou Palermo? Porque ninguém o levou ao Malvon ou ao Le Blé?

Também reclamou que uma garrafinha de água mineral, aliás, custa 12 pesos (6 reais). Pois tenho para contar para voces que uma água no restaurante Gero, em Sao Paulo,  sai R$ 23,50, mais de 55 pesos (menos do que custa um almoço com entrada, principal e taca de vinho no Caseros).

Xexéo também não gostou do preço do sorvete. “O menor dos sorvetes do famoso Freddo vale 21 pesos”. Ou seja, R$ 8 para comer o melhor helado de Buenos Aires. Xexéo anda de mau humor. Um pote pequeninho de 100 ml de sorvete Haagen Dazs, em um supermercado brasileiro, custa R$ 6,69, ou seja, 16 pesos.

Para completar, também reclamou que para se assistir a um espetáculo num dos teatrões da Calle Corrientes custava 160 pesos. “São preços de Rio e São Paulo, isto é, alguns dos maiores preços do mundo”.

Buenos Aires tem 400 teatros. Apenas para comparar, Paris tem 165, Roma 123 e Madri 68. Se Xexéo elegeu os da calle Corrientes, que são para turistas, não há muito o que fazer. Normalmente, jornalistas bem informados buscam os espetáculos off Corrrientes, sempre mais interessantes. Oferta não falta. Melhor começar verificando o Camarin de las Musas, que sempre tem espetáculos bons.

Algumas coisas bacanas para se fazer em Buenos Aires: ver a estréia mundial da Opera Fedra, no Teatro Colon, em um dos melhores lugares, por 250 pesos (104 reais). A grana tá curta? A entrada mais barata custa 30 pesos. Ainda assim estamos no Colon!

O show da Soledad Villamil no Torcuato Tasso está 110 pesos e o espetáculo de Tango Tetralogia, no Abasto, com dezenas de bailarinos, custa 35 pesos. A entrada para o Museu de Bellas Artes é de graça (no Masp 10 reais, ou 24 pesos).

O toque final foi que “a cidade impressiona pela pobreza. A praça em frente ao Obelisco, uma das atrações turísticas mais procuradas, virou albergue noturno, e são muitos os catadores revirando o lixo dos hotéis nas madrugadas do Microcentro”.

O Obelisco é como a Praça da Sé em São Paulo, que não creio seja exemplo de higiene e segurança. Em Copacabana, perto do Leme, a gente tropeça nas pessoas dormindo no chão. O mesmo acontece em Porto Alegre, na Praça da Matriz, ou em Paris, nos metros. Essa não é uma exclusividade de Buenos Aires.

Só falta o Xexéo dizer que ficou hospedado num hotel no Centro, aí eu desisto.

Tá precisando de uma Local Friend!!

40 Comments

  • Ihhhh o Xexéo vai ser muito zuado rs
    Em tempo Xexéu é um tipo de pássaro, o colunista chama-se Artur Xexéo.
    Mas dá um desconto, tenho certeza que ele se redime
    abs

  • Alexia disse:

    Parabéns pela clareza e objetividade! Adorei seu texto, suas comparações e sua lucidez!

  • Pra mim eh sua melhor coluna até hoje, nadaaaaaaaa contra o Xexeu que tem umas colunas bárbaras, até porque nao é o unico com essas “miopia turistítica” da qual padecem muitos brasileiros em visita a capital. Mas, achar que jantar em Puerto Madero eh jantar onde os porteños de classe media corriqueiramente jantam eh um disparate. Ja disse tenho cinco lugares que “voce quer ir e eu nao”? E incluem os preferidos dos brasileiros em visita a capital. Eh compreensivel que voce queira ver uma milonga, que queira comer bife de chorizo, ir a caminito. Eu entendo que voce queira visitar a Torre Eiffel quando estiver em Paris. Mas, dizer que Paris está mais cara porque o croissant do café em Montmartre custa dez euros eh uma falácia.

    Para mim, como bloggeira, o que me surpreendente é certa arrogancia nao permite admitir que existe vida pós café Tortoni. Eh quase um desejo infantil de aferrar-se a fantasia que o tango verdadeiro acontece em Casinos tarifados em Euro, com kilos de gel e brilhantina e presenca obrigatoria de meia arrastao.

    Eh a mesma surpresa que vejo na cara dos que vem me visitar quando sugiro outros alfajores que nao sejam os Havana. Nao há nada de mais em querer ver o que todo mundo já viu, mas dai a voltar para casa dizendo que Buenos Aires é só isso…

    Eh como comer a casca e jogar a banana fora, o melhor de Buenos Aires nao está nem na Florida, nem em Puerto Madero, nem em Caminito…

    Gracias por ter “culhao” e dizer Gi, te RE BANCO!

    Gaby

  • Bora convidar o Xexeu para curtir Buenos Aires com a gente? Eu pago! Choripan na costaneira, bicicleta amarela, agenda cultural gratis!

  • ana alcantara disse:

    Muito bom seu texto! Ter um amigo local realmente muda tudo. E ter bom senso e bom humor também..
    Abraço, Ana

  • Izabel disse:

    Muito bom!!! É possível – e muuito melhor – ser “turista brasileiro” em Buenos Aires sem passar pela Florida ou Puerto Madero…

  • Jair Cordeiro disse:

    o colunista foi extremamente infeliz, enquanto que você foi o oposto, Gisele. parabéns pelo texto!

    eu fico irritado quando vejo comentários desse tipo, dizendo que tá tudo caro ou que a Florida é perigosa, que existe muito lixo sei lá onde, que tem pobre nas ruas e que o povo é mais feio que o brasileiro (sim, já li isso!)… mas ao mesmo tempo, me alegro porque sei que nas próximas vezes que eu visitar Buenos Aires, essas pessoas não estarão aí também! claro que o dinheiro que elas gastam é importante para a economia local, mas se eles não vão tenho certeza que outros novos visitantes terão a possibilidade de conhecer uma Buenos Aires real e linda.

    em Julho estive aí pela 3a vez. levei a minha irmã, que não conhecia a cidade ainda. em uma semana eu passei com ela na Florida apenas 1 vez e não compramos nenhum Havanna! porque, como você comentou, Buenos Aires vai muito além disso.

    enfim… se o colunista estiver disposto a voltar para poder rever seus conceitos, que ele seja bem orientado dessa vez (ou que pelo menos visite o blog aqui, o Buenos Aires Dreams, o My Villa Crespo…)

    saludos!

    • Gisele Teixeira disse:

      Jair, eu não tenho nada contra o Havanna. Ao contrário, eu adoro. A Gabi é que implica!
      A Florida para mim é que nem ir a Porto Alegre e deixar de visitar a Fundacao Ibere Camargo para passear pela Rua da Praia. A não ser que você queira fazer compras, não justifica. Puerto Madero eu gosto para correr de manha ou no final da tarde e até para uma ceveijinha. Mas todo mundo sabe que é uma roubada para jantar. Quanto à questão do lixo, aí concordo com Xexéo. É um problema grave que esta administração terá que resolver. Um beijo

      • Jair Cordeiro disse:

        sim sim, concordo mais uma vez. gosto muito dos alfajores Havanna, mas como aí existem dezenas de outras marcas (até melhores e mais baratas), acho um desperdício de oportunidade ficar só no glamour que essa marca representa para quem adora sair com aquela sacolona deles prá cima e prá baixo.

        florida é básico, com certeza. tem que conhecer, mas você sabe que também existe uma fama além do normal por aqui… só que na prática, é isso mesmo. lugar turístico. então evitei e me senti muito bem =D hehe

        e como o edu disse no comentário logo abaixo, se ama uma cidade, tudo de bom e ruim fazem parte né. e ninguém pode sair por aí falando qualquer coisa! ^^

        bjo

  • edu disse:

    Quien quiere encuentra puntos débiles en cualquier ciudad.Tengo fotos de cartoneros en Nagoya, a 300 km de Tokio, ratas en el Metro de Paris, ríos de xixi corriendo por las calles e Salvador.
    Se puede pasar por Florida o por la 25 de Março o por el Saara en Rio
    si uno busca pichinchear. O por el Ateneo en Bs As y el gabinete Portugues de Leitura en Rio o el Museu da Lingua Portuguesa en Sao Paulo si lo que se busca es sumergirse en las delicias de espacios deslumbrantes dedicados a la lengua. Se puede comer un choripán, un espetinho de coraçao o un baurú. Ninguno de esos fragmentos de la realidad, es La Realidad. Conectarse con una ciudad, y amarla, es armar un romance con esos fragmentos.

  • Excelente a sua postagem! Tem que ter sensibilidade para namorar essa cidade fascinante. No BAR RAMOS, ponto tradicional na Corrientes com Montevideo, um Tostado duplo com queso Sancor, mais uma copa de vinho, somam 32 pesos e dá pra sair de lá bem feliz!!! Besitos!

  • Rodrigo Souza disse:

    Boa! Também me assustei quando li o texto do Xexéo, pensando nos lugares que ele frequentou, como tomar café por 80 pesos, por exemplo, hehe

    abraço!

  • Fernando disse:

    Cara Gisele,

    Apesar de sua “braveza”, sempre que lemos suas dicas e da Mariana, do Buenos Aires Queridos, a pergunta aqui em casa é: por que vamos tão pouco à capital mais “hermosa” da América do Sul. Aliás, na última viagem, descobrimos a cidade por meio dos blogs e ainda salivamos de pensar nos restaurantes de Palermo e arredores.

    B.A. forever (ou “para siempre”, deve ser mais adequado).

    Abraços.

    • Gisele Teixeira disse:

      Oi Fernando, sou meio “faca na bota” quando falam mal de Buenos Aires! É que me parece que dizer “empobrecida e cara” é injusto com um país que há dez anos estava na miséria. Há problemas, e o do lixo é um deles, mas a cidade melhorou muito em comparação com a época que o Edu, meu companheiro, que é arquiteto, teve que mudar para o Brasil porque os profissionais liberais aqui não tinham dinheiro para comer. Tenho uma amiga que vem aqui e só consegue ver a caca de cachorro no chão. Fazer o que…Quem sabe na próxima viagem ela não para a Suíça?

      • Fernando disse:

        Perfeito, Gisele. Eu também defendo com “unhas e dentes” as coisas que amo. Fui muito feliz, ainda que brevemente, nas “duas irmãs do Prata” (B.A. e Montevideo). Aliás, as pessoas teimam em não ver a poesia da capital uruguaia, pela qual também sou apaixonado.

        Quantos aos “tempos economicamente bicudos”, os conheço via Fernando “Pino” Solanos e seus filmes sobre esse período (com frequência exibo “Memorias del Saqueo” em sala de aula).

        Esse pessoal da “Suiça” tem sofrido duros golpes aqui no Brasil, não sei se você tem acompanhado. Restou aos quatro por cento, aqueles que não querem que pobre tenha escola e faculdade para continuar pagando serviços domésticos com pão e banana, um discurso cada vez mais extremado e ligado àquilo que a religião tem de pior.

        Hé que resistir, sempre.

        Grande abraço.

  • martha disse:

    MUY BUENA DEFENSA DE MI BUENOS AIRES QUERIDO!
    EDU Y GISELE TIENEN RAZÓN!

  • Sueli disse:

    eh isso aih Gis. Sem papas na lingua!
    bjs

  • Genial!! O que esta pessoa escreveu é totalmente triste, uma demonstração clara do que a falta de informação combinada com preconceito pode criar. Eu ando cansado destas criticas vazias, rasas, simplistas, que assolam a internet em relação à BsAs… Como o Edu bem falou, podemos encontrar coisas ruins em qualquer cidade do mundo… Abração!!

    • Gisele Teixeira disse:

      Marco, só para completar: o Xexéo foi a um teatro de revista!!!
      http://201.7.179.5/cultura/xexeo/posts/2011/09/12/revista-sobrevive-mal-das-pernas-na-argentina-405058.asp

      Mas o texto comeca assim, vë só:
      Estar em Buenos Aires dá a impressão, às vezes, de se participar num episódio de Além da Imaginação. O mundo se prepara para a substitutição do livro pelo e-book, mas na capital da Argentina o número de livrarias só faz crescer. As superlojas de discos fecham suas portas em todo o planeta. Mas na Calle Florida, a Musimundo continua expondo uma quantidade de CDs que não se encontra mais em lugar algum. Os grandes jornais investem em edições para o tablet, mas Buenos Aires continua com uma banca de jornais em cada quarteirão

      Tudo o que a gente acha bom ele acha ruim! Porque nao foi para Miami????

  • André de Araujo Siqueira. disse:

    Jornalista bobo e mal informado. Pretensioso e antiquado. Escreveu sobre o que viu e fez… não sobre o que deveria ver e ter feito. Fez o “circuito CVC” e fala mal de uma cidade que desconhece. Concordo com você. Perfeita a sua crítica sobre a crítica desajeitada!

    André.

  • Clarice Godinho disse:

    Gisele, o que dizer de seu texto… Simplesmente que está SENSACIONAL! Vc foi mto feliz, sensata e oportuna em TODAS as suas colocações. Ao contrário do ilustríssimo e, diga-se de passagem, superestimado coleguinha jornalista global. Parabéns. Sou mais fã sua agora do que já era. Viva Buenos Aires! Como eu amo essa terra…

  • Liliana disse:

    Obrigada!!!!!!!!!!!!!! ¡¡Gracias por la defensa!! Reducir nuestra ciudad ecléctica, vital, laberíntica, sorprendente y cambiante a esos dos adjetivos negativos es tener una mirada parcial, limitada … ¡Qué pena! Él mismo se perdió el disfrutar.

  • rchia disse:

    O povo vive de nome e não percebeu ainda que dizer besteira hoje em dia não passa mais em branco.

  • E por isso que assino blogs como o seu e outros de pessoas que sabem viver em Buenos Aires… Guardo suas dicas, repasso, curto. Realmente nao ha nada como ter uma “local friend”, ainda que virtual… Obrigada.

  • Nossa, que Buenos Aires é essa que ele conheceu? Porque a que eu conheci em 2008 e revisitei este ano tem seus problemas, mas continua sendo uma cidade muito mais barata e com muito menos problemas sociais expostos do que as grandes cidades brasileiras.

    É lamentável que enquanto o povo argentino tenha cada vez mais interesse pelo Brasil, alguns brasileiros sigam com aquela rivalidade tosca (aliás, que é bem mais dos brasileiros do que dos argentinos) e espalhem para todas as áreas. Reparem só na quantidade de notícias tentando denegrir a Argentina na imprensa brasileira? Ridículo, o Brasil devia é aprender com Buenos Aires. Isso sim é cidade!

    Maravilha de texto, Gisele, parabéns!

  • edu disse:

    Siempre existirá Miami para quien quiera otra cosa.

  • Lorene Soares disse:

    Gi, neste texto, mais do que em qualquer outro fez sentido o teu BUENOS AIRES AQUÍ ME QUEDO! Este é o lugar onde quero me quedar, pela qualidade de vida, pelos interesses das pessoas, por suas avenidas abertas e cheias de ar, pela possibilidade de habitar as ruas como quase em nenhuma outra cidade; senti na tua defesa que defendias o teu, o meu, o nosso amor por Buenos Aires e te sou muito grata. Você é a jornalista com os merecidos prêmios que já recebeu e que muito mais reconhecimento te chegue. É uma delícia te ter de local friend, te quiero

  • alexandra disse:

    Valeu Gisele!!! O problema é que alguns turistas viajam a Buenos Aires pensando que aí é “a hora da Xepa” e desembarcam como gafanhatos. Ávidos por comprar e comer quando suas promessas de prazer se frustam por má informação sobre a cidade eles se revoltam e partem a falar mal. Este tipo de pessoa não consegue ver beleza além do que lhes foi programado e não entende que Buenos Aires é uma metrópole com seus prazeres e suas desgraças como qualquer metrópole mas com um charme e um encantamento que poucas possuem.

  • Teresa Rocha disse:

    Que bom que voce esclareceu todos os detalhes porque realmente ,nao concordo com a opiniao do Xexeu – e olhe que eu gosto muito dele nas cronicas que escreve – mas, acho que ele se encontrava num mau momento pois viu Buenos Aires com os olhos tao estranhos.

    Concordo com o que ele escreveu sobre o microcentro e o lixo a noite, isso enfeia mesmo a cidade .

    Vou torcer que ele volte e reveja a opiniao.

  • magda disse:

    Buenos Aires encanta pelas livrarias, prédios, parques, cafés, museus, restaurantes e principalmente pela educação, respeito e cordialidade das pessoas, algo que já não vejo com tanta regularidade aqui no Brasil… Há ainda uma infinidade de lugares que só se pode saber da existência lendo e pesquisando em blogs como o teu. Quem não tem sensibilidade para perceber essas coisas, não deve nem ir.

  • Ivana disse:

    Gisele, adoro teu blog! Ainda mais que quero me mudar para BsAs ano que vem!
    Mas queria deixar-te um comentário sobre esse teu texto, ótimo e pertinente como sempre: talvez o Xexéo estivesse falando de uma Buenos Aires cara e empobrecida, se comparada à cidade limpa, “européia” e barata que muitos brasileiros descobriram nos anos 90. Vivi em Buenos Aires em 98, e realmente houve um grande empobrecimento de lá pra cá. Quanto aos preços, muitos se acostumaram à cidade barata (que começava a empobrecer) de meados dos anos 2000, pós-crise, e é fato que está mais cara agora.
    Mas tu tem toda razão: a Buenos Aires que ele referencia é a turist-trap que todos nós que amamos a diversidade maravilhosa dessa cidade conhecemos. Mas sempre tem um público pra isso, né… deve ser o público dos leitores dele. O que é, certamente, decepcionante.

    • edu disse:

      Querida Ivana, los argentinos recordamos con horror los 90. No era una Buenos Aires “europeia”, sino el escenario de la breve fantasía del gobierno de Menem, con la ficción de 1$= 1 dolar, que nos permitía ir a Miami para el famoso “deme 2”, mientras se privatizaban o robaban todas nuestras fuentes de riqueza, cuando se destruyó la producción y se incrementó al deuda externa hasta que todo terminó en el horror de la crisis del 2000, el default y la miseria masiva, el exilio y las muertes por la represión.
      Lamentablemente el turismo suele juzgar por lo que se ve en una fracción de Buenos aires, la estrecha franja que va de la Boca a Recoleta, pasando por San Telmo y Plaza de Mayo. Fuera de alli hay mucha belleza, mucha miseria, mucha realidad, en fin.
      La realidad es que hubo inflación, que Buenos Aires está más cara, pero también es cierto que el salario mínimo es el más alto de Latinoamérica, los servicios públicos y el transporte están subsidiados a valores casi diez veces menos que los de Sao Paulo por ejemplo, y las tasas de crecimiento son las segundas después de China, hace casi 8 años.
      Pero venimos de muy abajo, cuesta imaginar lo hondo que se cayó en la crisis del 2000. estaremos empobrecidos respecto a la ingenuidad del ’98, pero veinte veces más ricos que en la psadilla el 2001.
      En todo caso, mi reflexión, mucho mas arriba en estos comentarios estimulaba la idea de disfrutar la complejidad, la riqueza y la urbanidad de estas maravillas que son las ciudades. El reduccionismo o la necesidad de titular o de confirmar algunos prejuicios a veces lleva a algunos cronistas a sobre-valorar el precio del helado de Freddo antes que la proeza de reconstruir el tejido social, la estructura productiva, el clima cultural, la riqueza humana destruidos por la crisis.

  • alguém manda o Xexeo vir aqui ler esse post !
    Adorei ..!!
    Tb li a coluna dele falando sobre Buenos Aires e fiquei ” como assim ?!?!? ”
    Fui a BUE e fiquei encantada com tudo .. achei TUDO mt barato… comida, taxi, café, sorvete…td!!!
    Não vi essa pobreza q ele pintou… e me senti super segura para fuçar no iPhone no meio da rua, metrô…sem nenhum medo de ser assaltada.. Aqui no Rio?! Não faço isso de jeito nenhum!

    Estou louca pra voltar pra BUE…adorei

  • Ótimo post. Esse jornalista é o exemplo do turista mal-informado e por que não, mal educado, que cai no destino de pára-quedas e só segue o basicão-turistão. Bem feito pra esse povo, gasta muito e aproveita pouco. Quando viajo começo a pesquisa sobre a(s) cidade(s) meses antes, e sempre tenho um guia de conversação para turistas, se não falo a língua local.
    E que ideia é essa que a cidade precisa ser impecavelmente limpa, com transeuntes lindos e cheirosos?! Estamos na América Latina! Particularmente é o que mais me encanta nas capitais latino-americanas, a diversidade e as diferenças sociais: mostra o que somos, nossa história, nossos erros e acertos, sem parecer um cenário fake pra turista (burro) ver.

  • Marcia disse:

    Gisele,
    somente agora li seu post e concordo com tudo. Xexéo se mostra preconceituoso e desinformado. Teatro de revista, é? Jajajaja! R$ 66,00 por uma peça para ver Rodrigo de la Serna (lo amo), é caro? Quando vem uma peça para o Recife custa R$150,00 e não podemos comprar por empresa, internet ou em cartão de crédito. Quando tenho tudo planejado já saio daqui com as entradas compradas!
    Estive na terceira semana de janeiro, fui com um amigo e tive que fazer alguns circuitos que não voltaria mais, como Boca. Mas descobrir a Fundación Proa foi uma grata surpresa. Um bar maravilhoso. Que lindo passei.
    Sim, há inflação, os preços não saõ os mesmos de julho. Mas quem diz que come melhor no Brasil e mais barato… E as porções mais que generosas? O único caro que achei foi a cerveja. Como estava muito quente não me animava ao vinho. Restaurantes lindos, charmosos, ou não tão lindos, como o Salgado, mas que valem a pena, vão continuar existindo em Buenos Aires.
    Taxi? Aumentou, mas continua barato e necessário a 34º. Isso me surpreendeu, acostumada com 28º en BA no verão, sofri um pouco, nem parecia que morava no Recife.
    O exemplo do sorvete:
    19 pesos um cone no Freddos junto ao cemitério. Conheçam a Jauja, $16 de sabores divinos. E para mim, o melhor: o Volta, em Libertador junto ao zoológico, lindo e chic: R$ 5 (sim, cinco pesos) o cone! Tem também na Recoleta.
    Um dado a mais. Desde 2010 que me surpreendo com o alcance da internet na cidade. Não há bar por mais simples que seja que não tenha wi-fi. Viajo só com o telefone e é suficiente. Nunca tive problemas com hospedagem, tudo via internet. No Brasil, você se hospeda em um hotel 4 estrelas e tem que comprar um cartão para acessar a internet.
    Não tem wi-fi no telefone? Compre um chip Personal a $10 no kiosko (na loja pedem passaporte) $20 de recarga, torpedos quase de graça para o Brasil e navegue via wap (a configuração está no site). Que mais eu quero?

    Amo Buenos Aires, caminhar, caminhar olhando para cima desfrutando dos edifícios, inclusive desfrutando dos seus contrastes. Deixo mil coisas que não fiz e lugares que não fui para quando voltar. Só que desta vez, solita, com os amigos de lá, só para o meu prazer.
    Um beijo!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *