Justiça: exemplo para o Brasil

O antigo oficial da Marinha Alfredo Astiz e outros 11 acusados foram condenados ontem à prisão perpétua por crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura militar na Argentina (1976-83). A decisão foi comemorada nas ruas por centenas de pessoas.

Astiz era conhecido como o “Anjo Loiro da Morte” e foi considerado culpado de tortura, assassínio e sequestros. Entre as suas vítimas estavam duas freiras francesas e fundadoras do grupo de direitos humanos Mães da Praça de Maio, além do jornalista Rodolfo Walsh.

Agora com 59 anos, o ex oficial foi um dos principais responsáveis pelo desaparecimento de quase cinco mil opositores que foram detidos e torturados na Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA). No total, a estimativa de desaparecidos no país è de 30 mil pessoas.

Entre os outros condenados está Jorge Acosta, conhecido como “O Tigre”, que argumentou durante o julgamento que “as violações aos direitos humanos são inevitáveis durante uma guerra”. Outros quatro acusados receberam penas entre os 18 e os 25 anos de cadeia.

Nenhum outro local se tornou tão emblemático da repressão militar argentina como a ESMA. Dali saíram largas centenas de pessoas para aviões que depois sobrevoavam o rio da Prata, para onde eram lançadas vivas, num grotesco ritual semanal. Muito poucos – talvez duas centenas – sobreviveram à passagem pela Escola.

Esta era apenas uma das prisões clandestinas da ditadura, mas era a mais conhecida – e em 2007 abriu as portas ao público como memorial dos direitos humanos.

Em 1998, Astiz gabou-se durante uma entrevista que era “o melhor homem da Argentina a matar jornalistas e políticos”. Depois do golpe de estado de 1976, tornou-se rapidamente um dos membros do grupo 3.3.2, responsável por sequestros, torturas e desaparecimentos da ESMA, onde entrara em 1968. “Não lamento nada”, afirmou.

O julgamento da ESMA, como ficou conhecido, durou dois anos e por lá passaram 160 testemunhas, incluindo 79 sobreviventes que relataram as torturas que sofreram. No final, formaram-se 86 acusações por crimes contra a humanidade.

 

Em abril fiz uma visita á ESMA, chamada Por dentro da escola de tortura argentina. A nota está AQUI para quem se interessa pelo assunto.

 

3 Comments

  • Ricky disse:

    Apenas 59 anos de idade? Queira Deus que ele tenha uma vida muito longa para poder assim refletir sobre seu passado e suas vítimas.

  • Gisele Teixeira disse:

    Ric, to preparando uma nota bacana sobre este tema para a próxima coluna. Esse julgamento, especificamente, trouxe avanços muito importantes para a justiça argentina.

  • martha disse:

    VÍ POR TN TODO EL JUICIO POR LA ESMA. LO MÁS REPUGNANTE ERA VER LA CARA DE ASTÍZ,CUANDO SONREÍA CON CINISMO E IRONÍA!!!
    Y SE PUSO LA ESCARAPELA.!!!!OJALÁ VIVA 100 AÑOS Y SE LE VAYAN CAYENDO LOS DIENTES Y NO PUEDA COMER Y TENGA REUMATISMO .ETC.ETC. NO, BASTA..
    NO HAY QUE SER COMO ELLOS

    PERO FUÉ UN GRAN EMOCIÓN VER A TODOS ESOS CRÁPULAS SENTADOS ALLÍ ESPERANDO LAS SENTENCIAS!!!!!!!!

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