Cartas de Baires: GPS para dias de “banzo”

Hoje completo três felizes anos na Argentina. E como presente de aniversário, vejam só que sorte, ganhei uma festa para matar a saudade do Brasil: um fim de semana de música da terrinha, de Lenine a Cartola, ao ar livre, de graça, em duas tardes ensolaradas de primavera.

De lambuja, coxinha e bolo de fubá no quiosque da turma da Baiana, e a companhia de amigos argentinos responsáveis por me sentir absolutamente acolhida na terra que escolhi para viver.

Em meio a essa celebração, uma surpresa: conhecer uma nova geração de músicos argentinos que está arrasando na interpretação do nosso repertorio! Nada de Garota de Ipanema. O negócio é samba de raiz, frevo, baião, maxixe, chorinho. Impressionante.

Grupos como Saravá Samba, Cafundó Samba Reggae, Malandragem, Patuá, Falsos Baianos, Orquestra Saidera, Mão na Roda e Samba da Antiga, para nomear alguns, são todos formados por hermanos com repertório brazuca, e tocaram na sétima edição do festival Bossa Nova em Argentina.

O evento nasceu centrado apenas neste ritmo, mas hoje é um guarda-chuva para apresentar aqui a diversidade da música brasileira.

Um dos grupos mais conhecidos na cidade é o Malandragem, formado por onze músicos “enfermos” pelo samba, que já gravaram dois discos e fazem ponte aérea para a Lapa. Tocaram, inclusive,com Teresa Cristina quando a cantora esteve em Buenos Aires, no mês passado.

Cavaquinho, violão de sete cordas, banjo, repique de mão, pandeiro, ganzá, reco-reco, cuíca. Os meninos têm tudo. E mais, têm um fã clube já considerável, que os prestigia todos os domingos em um bar de San Telmo.

Outra boa surpresa é a Orquestra Saidera, que traça um arco que vai desde os primeiros clássicos da MPB, como Ary Barroso, até Hermeto Pascoal e Chico Buarque. São 17 músicos, inspirados pela Orquestra À Base de Sopros, de Curitiba.

Já o Mão na Roda, especializado em chorinho, vem com pandeiro, violão de sete cordas, flauta, cavaquinho e bandolim. Ousadíssimos, criaram uma versão linda do tango El Choclo mesclado com maxixe.

El choclo

Por fim, o grupo Cafundó, que deixou todo mundo em transe na noite de domingo no encerramento da festa, com tambores inspirados nos blocos da Bahia. Saravá meu pai!!

Foi tudo impecável! A bem da verdade, de vez em quando escutei um “corazao” perdido, denunciando o sotaque. Mas quem se importa? A alma estava.

O festival também inclui músicos brasileiros que vivem na Argentina. Papo para outra coluna.

O texto no Noblat está AQUI. 

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