Segue a íntegra da coluna Cartas de Buenos Aires, publicada esta semana no blog do Noblat. Na correria, tinha esquecido de publicá-la aqui.
Fim da farra
Minhas despesas fixas em Buenos Aires são muito baixas. Arredondando o câmbio, dividindo tudo por dois, pago 35 pesos de luz por mês (17,50 reais) e 28 pesos de água por bimestre (14 reais). A conta de gás, que é trimestral, deu 112,63pesos (56 reais) de julho a setembro, o equivalente a todo o inverno. Fora isso, uso transporte público, que tem tarifa de 1,10 pesos (55 centavos de real).
Os valores são reduzidos porque desde a crise de 2001, que deixou o país praticamente quebrado, esses serviços são subsidiados pelo governo federal. Quer dizer, eram. Um dos principais temas da imprensa local desde a semana passada é o fim desta mamata (menos o transporte) para empresas de 12 setores da economia e para os bairros de alta renda.
Trata-se da retirada de 100% dos subsídios das empresas de maior faturamento nos setores de combustíveis, processamento de gás natural, bicombustíveis e azeites e agroquímicos, quatro setores que representarão uma economia de US$ 810 milhões segundo o governo.
Bancos, financeiras, seguradoras, jogos de azar, aeroportos internacionais, portos fluviais, telecomunicações, hidrocarbonetos e mineração também perdem esta ajuda. Economia: US$ 140 milhões.
Por fim, moradores de bairros luxuosos como Puerto Madero e Bairro Parque, ou de condomínios fechados exclusivos nos arredores da cidade, também terão de maneirar na piscina climatizada a partir do ano que vem. Nesse caso, a medida vai impactar 232 mil famílias e gerar economia de US$ 116milhões anuais.
Até janeiro, qualquer pessoa pode renunciar voluntariamente aos subsídios (10.284 pessoas haviam feito isso semana passada, especialmente gente do governo e artistas que apoiam a gestão de Cristina Kirchner).
Depois desta data a conta vem cheia para os bairros já mencionados, e outras regiões de classe media alta também receberão formulários para que o usuário indique se necessita ou não continuar recebendo essa ajudinha do governo.
A manchete do Clarín de sexta-feira falava em “desmantelamento dos subsídios dos serviços públicos” e dizia em letras garrafais que “a tarifa deluz vai subir 34% em janeiro”. Em letras miúdas, explicava que esse aumento era só para quem havia perdido o subsidio – medida apoiada por 74% da população segundo pesquisa da empresa Equis. Ou seja, quem pode pagar mais vai pagar mais.
Para o jornal é uma questão de semântica. Para mim é uma questão de justiça. Fim da farra.
Há um temor da população, leia-se classe média, de que todos venham a perder essa mão. Não sei. O que sei é que os portenhos não têm a mínima ideia da importância da preservação dos recursos naturais. Jogam lixo no chão, não economizam a água, usam a calefação de forma indiscriminada. Tudo porque é barato.
Está na hora de mudar isso. Nem que seja pelo bolso.
ERA UNA RIDICULEZ QUE BARRIOS COMO MADERO, RECOLETA ETC,ETC.CASINOS,
TUVIERAN SUBSIDIOS. MIENTRAS QUE EN LOS BARRIOS POBRES QUE NO TIENEN GAS DE RED Y USAN GARRAFAS, NUNCA FUERON SUBSIDIADAS!!!!! Y PARA QUÉ SEGUIR…….
Oi Gisele, td bem? Comecei a seguir seu blog hoje, por sugestão de uma amiga que é leitora assídua!
Me identifiquei com ele, porque há pouco tempo criei um tbm, pra contar um pouco sobre a Cidade do México, onde estou morando há um mês e meio. Por enquanto ainda não postei sobre a cidade, o país e a vida por aqui, mas é uma ideia. Sem dúvida seu blog será leitura assídua.
Quanto ao custo de vida, aqui no México é a mesma coisa. Tudo muuuito mais barato do que no Brasil e o transporte subsidiado pelo governo (os ônibus custam entre 2 e 6 pesos – entre R$ 0,28 e R$ 0,86 reais – e o metrô 3 pesos – cerca de R$ 0,43). A diferença é que não se fala em acabar com a mamata, o que faz com que as pessoas continuem usando e abusando (mais abusando, aliás).
Parabéns pelo blog! Muito bom!
Beijos
Renata
Oi Renata, muita sorte na nova cidade e nos novos rumos. Vou acompanhar o teu blog também. Tenho interesse em saber sobre a violencia aí. È como os jornais dizem? Um beijo
Oi Gisele!
Vamos trocando experiências! Se tiver feedbacks sobre meu blog, não deixe de me mandar!!!
Bom, aqui no México a violência é um pouco pesada! Apesar dos mexicanos dizerem que rolam assaltos nos semáforos e esse tipo de violência de uma megalópole como Cidade do Mexico, SP, NY, etc, raramente ouço ou leio relatos sobre isso. Leio mais sobre os esquartejaremos e assassinatos com autoria dos narcotraficantes. Mas acho que rola um exagero que faz com que achemos que a qualquer momento e em qq lugar vc vai passar por isso. Não é bem assim!
Nos falamos!!!
Bjs