Trico e histórias de amor

Com o projeto em Lisboa

Não tem nada a ver com Buenos Aires, mas tem a ver com tricotar, que eu adoro.

A artista plástica Ana Teixeira montou uma banca na Avenida Paulista e convidou quem passasse: “Escuto histórias de amor”.

Quem passou e não resistiu, parou e contou. Enquanto as pessoas contavam seus dramas e delírios amorosos, ela tricotava.

Ana desenvolve um trabalho reconhecido por alguns teóricos como “arte relacional”, ou seja, uma arte que toma como horizonte as interações humanas e seu contexto social, mais do que a afirmação de um espaço simbólico autônomo e privado.

A maioria das ações é ambientada na rua, em interação com um público bastante diversificado, composto tanto por frequentadores habituais de museus e galerias, quanto por transeuntes não habituados à convivência com obras de arte de qualquer espécie. Desta vez ela pensou em Penélope esperando Ulisses. Escolheu o tricô.

Ela já fez trabalhos semelhantes entre os anos de 2005 e 2010 em nove países: Alemanha, Itália, Espanha, França, Chile, Canadá, Brasil, Portugal e Dinamarca.  Uma câmera, ao longe, registrou a ação.

A reação das pessoas foi variada e em alguns lugares ninguém falou com ela. Em outros, ela escutou diversas histórias diferentes.

As ações foram registradas em mídia digital e uma vídeo-instalação com os filmes de seis países foi exibida em Toronto, no Canadá, em junho de 2008, no Mercer Union, Centre for Contemporary Art.

Os filmes não têm som e a vídeo instalação conta com um som único, editado com vozes em diferentes línguas e outros ruídos cotidianos dos espaços públicos.

As histórias de amor não podem ser ouvidas. Ficam guardadas no barulho das ruas e na trama do tricô vermelho.

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