Geração “nimileurista”

Fiz este post quando estava na Espanha, em março passado. Como meu computador pifou no meio da viagem, não pude publicá-lo. Segue agora, mais atual do que nunca. Esta semana fecha um ano do movimento dos indignados e o desemprego por lá não para de crescer.

Em agosto de 2005, uma jovem catalã escreveu uma carta ao jornal El País, intitulada Yo soy mileurista. Ela se queixava da precariedade trabalhista de sua geração que, embora super preparada, não conseguia ganhar mais de mil euros por mês. Não poupava, não tinha casa, não tinha filhos, não tinha carro. Vivia para comer.

Pois bem, seis anos depois, ser mileurista é um luxo. Começa a surgir na rabeira da crise a geração nimileurista (nem mil euros) que vive com menos ainda. São os pobres da Europa, mas que, na atual conjuntura, ainda podem ser considerar sortudos.

O nível de desemprego chegou 24,4% no primeiro trimestre deste ano. É a maior taxa dos últimos 18 anos. Entre os jovens, o índice bate 49,9% de desempregados (dados de janeiro), atingindo especialmente os mais qualificados – 37% deles são menores de 30 anos com título universitário.

Há engenheiros vendendo seguros de porta em porta para ganhar 700 euros. E uma proliferação de “minijobs”, que custam 5 euros a hora.

Entre as conseqüências desta situação estão a fuga de cérebros (68% querem migrar), uma retração na emancipação (já que sem dinheiro voltam para a casa dos pais) e a desilusão (77% crêem que viverão piores que os pais).

O jornal El País fez uma excelente série com essa geração (que pode ser lida AQUI).

Também no blog Pepas y Pepes 3.0 há boas  entrevistas com quem se foi da Espanha em função da crise.

Os jornalistas, como sempre, estão com os piores salários e lançaram a campanha Grátis não Trabalho, para que colegas não aceitem ofertas indecentes de, por exemplo, 500 euros por mês para jornada de 8 horas.

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