Morre Horacio Coppola, o homem que fotografou quase todo o século

“La fotografía no necesita mucha técnica –define Coppola–, Lo que importa es la cabeza y el ojo”

Horácio Coppola

Foto Clarin

Roubei o título do La Nación, que é quase igual ao do Clarín, porque é isso mesmo. Horacio Coppola, um dos grandes fotógrafos argentinos do século XX, morreu hoje em Buenos Aires, aos 105 anos.

Ninguém retratou a capital do país como ele. Todos os rincões da cidade (a Avenida de Maio, Corrientes, o cemitério da Recoleta, Paseo Colón…) passaram por sua objetiva Leica e foram difundidos pelo mundo. Mas muito mais que Buenos Aires, Coppola retratou o mundo. Viajou por quase todas as grandes cidades européias e também pelo Brasil.

Coppola começou na fotografia em 1927 por influência de seu irmão mais velho, que usava uma câmera de grande formato. Autodidata, tendo como referência nomes como Félix Nadar e Edward Weston, assistiu em 1929 às conferências de Le Corbusier em Amigos da arte, o primeiro salão modernista de Buenos Aires. A partir daí, ele incorporou permanentemente a noção modernista da perspectiva e dos pontos de fuga, enfatizando as linhas e os ângulos geométricos das fachadas, passeios e terraços do centro que se urbanizava. No mesmo ano, fundou, com Leon Klimovsky, o primeiro cineclube argentino.

Em 1930 as fotos de Coppola ilustram o ensaio Evaristo Carriego, deJorge LuisBorges, de quem era amigo. Em 1932, aos 25 anos, parte para uma temporada de seis meses em Berlim, onde consolida a intenção modernista de sua obra. Estuda e atua no departamento de fotografia da Bauhaus até seu fechamento pelo governo nazista, que o força a sair da Alemanha.

Em Paris, Christian Zervos, diretor de Cahiers d’Art, encomenda-lhe seu primeiro livro fotográfico, L’art de la Mésopotamie, sobre o acervo de arte suméria do Louvre e do British Museum. Passa a frequentar as oficinas de Marc Chagall e de Joan Miró, cujos retratos publica em Paris.

De volta à Argentina em 1936, publica suas fotos no livro Buenos Aires, 1936. Visión fotográfica. Nesse mesmo ano produz Así nació el obelisco, sobre a construção do monumento que simbolizava a cidade arcaica. Em 1937, abre um estúdio fotográfico voltado para a publicidade com sua mulher, a fotógrafa alemã Grete Stern. Monta também uma editora, La Llanura.

Em 1945, inspirado pelos textos de modernistas brasileiros como Mário de Andrade, parte para a documentação, financiada pelo SPHAN, da obra de Aleijadinho. Coppola começa a trabalhar com fotografias em cor em 1960, e nas décadas de 1970 e 1980 atua também como professor.

Texto reproduzido do site do Instituto Moreira Sales, que fez uma grande retrospectiva dele em 2007.

Deixo AQUI também uma linda matéria feita com Coppola por outra grande fotógrafo, Marcos Zimmerman,

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