Sobre ausências e presenças

Pero los dinosaurios van a desaparecer

A Argentina viveu ontem um dia histórico, com a condenação a 50 anos de prisão do ex presidente de facto Jorge Rafael Videla pela elaboração e execução de uma prática sistemática de roubo e ocultação de bebes e menores de idade durante a ditadura militar. Cerca de 400 crianças desapareceram entre 1976 a 1983.

É a primeira sentença da Justica argentina para estes crimes.

Além de Videla, outros repressores foram condenados, entre eles Reynaldo Bignone, Santiago Riveros, Antonio Vañek e Jorge “El Tigre” Acosta.

 “Es un día memorable para la Argentina y para todo el mundo civilizado que sabe que en un país donde no hay justicia, no puede haber democracia. Y acá la estamos haciendo entre todos”, disse Estela de Carlotto, presidenta de Abuelas de Plaza de Mayo.

Videla nunca se arrependeu do que fez. Semana passada, ao pronunciar suas últimas palavras antes da sentença, acusou às mulheres detidas de “usarem seus filhos embrionários como escudos”. E anunciou que aceitaria a condenação como um “ato de serviço e um aporte à paz da nação”.

Matéria completa do Página 12. 

Aproveito para divulgar neste post algumas fotos do projeto Ausências, de Gustavo Germano. 

Germano nasceu em Entre Rios, na Argentina. Teve seu irmão desaparecido durante a ditadura militar argentina, que durou oito anos. Radicado em Barcelona, o fotógrafo voltou 30 anos depois a sua cidade natal, e foi lá onde registrou a ausência dos muitos argentinos anônimos e de seus amigos e familiares.

Ausencias traz uma série de dípticos e entre cada imagem há uma lacuna temporal de cerca de 30 anos. Anos passados tanto para aqueles que desapareceram durante a ditadura militar, quanto para aqueles que ficaram à espera, sem possibilidade do encontro ou luto. A simplicidade das imagens vai de encontro à grandeza de sua mensagem.

Em cada díptico há uma imagem feita no início da ditadura. Nela, estão juntos irmãos, amigos e familiares. A segunda imagem, feita por Germano, retorna ao local da primeira, e os mesmos elementos a compõem, exceto os desaparecidos durante a ditadura.

 

3 Comments

  • Tanira disse:

    Obrigada, Gisele, pelas belas informações. Muito tocante a homenagem do projeto “Ausencias”.
    un beso,
    Tanira

    • Gisele Teixeira disse:

      A Argentina é um país muito estranho Tanira…enquanto a economia cambaleia, a área de direitos humanos segue bombando. Não deixo de me emocionar com tudo isso. Foram muitos os desaparecidos – cerca de 30 mil é gente para caramba – e eles não são só um número. Sao muitas histórias por trás. Um beijo e obrigado pela leitura.

  • Jair Cordeiro disse:

    é bem isso, Gisele. ainda que de longe, fico feliz com o avanço que a Argentina mostra em casos como esse das crianças roubadas ou no caso da morte digna.

    quanto ao trabalho “Ausências”, é impossível não se emocionar. não temos conhecimento da história de cada fotografia, mas nem precisa. chega a dar um aperto no coração tentar imaginar o que cada diptico representa.

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