Cartas de Baires: Humor em tempos de crise

Está fazendo um sucesso danado em Buenos Aires a última edição da revista Barcelona, de humor altamente ácido.  A capa faz uma sátira ao tom apocalíptico adotado pela mídia e traz a manchete “Basta de incertezas – Crise já”.

O texto argumenta que os argentinos estão cansados de não saber o que vem pela frente. “Se o país vai explodir, que exploda o quanto antes. É melhor que tudo se dane logo de uma vez, para a gente ver qual é, do que seguir esperando que tudo se vá à merda a qualquer momento” .

Mal saiu a versão digital, e a página começou ser replicada na internet, com comentários ainda mais divertidos.

Essa revista surgiu em 2002, justamente durante a pior crise econômica do país, quando a população fazia fila para fugir para a Espanha. Justo por isso se chama Barcelona  e tem como slogan “uma solução europeia para os problemas dos argentinos”. Ao celebrar seus dez anos de edição, isso não deixa de ser uma ironia.

O mesmo tom de sátira “pré-fim-do-mundo” da Barcelona foi adotado esta semana pelo cartunista Daniel Paz, na ilustração que compartilho na coluna.

A Argentina tem extensa tradição de fazer rir – e fazer pensar.

A primeira caricatura política nacional foi publicada no semanário Argos, em 1842. A partir daí os imaginativos desenhistas e humoristas hermanos não pararam mais!! Ainda bem.

Tanto é que ganharam um museu inteirinho dedicado ao humor. Inaugurado em junho em Puerto Madero, o espaço abriu com uma exposição que reúne cerca de 200 desenhos, histórias e caricaturas dos principais humoristas nacionais, com peças do princípio do século XX até hoje.

Tem como conselho curador cinco grandes nomes – Quino (criador de Mafalda), o uruguaio Hermenegildo Sábat, Carlos Garaycochea, Manuel García Ferré e Guillermo Mordillo.

Com esse espaço, Buenos Aires entra para a lista das poucas cidades que não tem medo do riso e que contam com um espaço fixo dedicado ao humor. Entre os escassos antecedentes estão o Museu da Caricatura, em Frankfurt, o Museu da Caricatura e Desenho Animado da Basiléia e a Fábrica do Humor de Alcalá de Henares, em Madri.

Nada mais merecido. Um traço ao lado do outro, no momento certo, é informação analítica, sintética e contextualizada.

De qualquer forma, com crise ou sem, a vida aqui continua cheia de graça.

Íntegra no Noblat, AQUI. 

2 Comments

  • karatius disse:

    Me parece que a presidenta(CFK) não é muito chegada a este tipo de humor! Diferentemente da nossa. O programa humorístico Zorra Total-Globo, tem como cenário principal um trem, ou metrô, que é conduzido por uma caricatura da presidente Dilma. O Casseta e Planeta e CQC também fazem quadros maravilhosos. AH! Mafalda, tão atual….

  • martha disse:

    ESTA REVISTA ES LOQUÍSIMA!!! LO QUE PASA ES QUE NUESTRO PAÍS SIEMPRE DÁ MATERIAL! NOSOTROS TENÍAMOS UN AMIGO ARGENTINO QUE POR TRABAJO VIVIÍA EN SUIZA.UNA DE LAS VECES QUE VINO DE VISITA,HACE AÑOS, NOS QUEJÁBAMOS DE LA POLÍTICA ARGENTINA, QUÉ ÉSTO,QUE LO OTRO, QUE LO DE MÁS ALLÁ. Y ÉL,EXCLAMÓ CON VEHEMENCIA: PERO ACÁ LA VIDA NO ES ABURRIDA! SIEMPRE PASA ALGO, SIEMPRE SE DISCUTE POR ÉSTO O POR LO OTRO! EN CAMBIO
    EN SUIZA NUNCA PASA NADA!!!!!!!!! NUNCA PASA NADA!!!!

    (RECIÉN AHORA ME ENTERO DE PORQUÉ ESTA REVISTA SE LLAMA ASÍ)

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