Cartas de Baires: Eletrônicos, pa’bailar

Os tangueiros ortodoxos torcem o nariz. Mas foi o tango eletrônico (também chamado de tango fusion ou neo tango) um dos principais responsáveis pelo renascimento do interesse por esta música em todo o mundo.

Os primeiros a experimentar a mescla de tango com os recursos eletrônicos foram o parisiense Gotan Project e o Bajofondo Tango Club, formado por artistas argentinos e uruguaios. Depois surgiram outros como Narcotango, Tango Crash, San Telmo Lounge, Otros Aires, Ultratango, Yira e Tanghetto.

Em comum, o fato de unirem instrumentos tradicionais do tango, como o bandoneón, com computadores e samplers. As músicas são remixadas ou são produzidas canções inéditas, mas usando fragmentos de clássicos do tango.

Para alguns, o tango eletrônico – e todas as versões deste ritmo que se afastam do tradicional – são “tango para quem não gosta de tango”. Mas há divergências. A polemica não é nova, mas também não sai da pauta.

No Festival Mundial de Tango, que acontece no mês de agosto, em Buenos Aires, a comunicação entre tango de salão e o eletrônico não para de crescer.

Este ano foi realizada pela primeira vez uma “Milongarave”, um espaço criado para experimentar e, de certa forma, transgredir. E para o fim de semana que vem está sendo preparada uma grande Festa Eletrônica, quando orquestras típicas estarão mescladas com hip hop, drum’n and bass e beats eletrotangueiros e show de Otros Aires.

Esta banda, surgida em  Barcelona, se auto-denomina “arqueológico-eletronico”, já que mescla sons do princípio do século XX (como Gardel e D’Arienzo) com batidas contemporâneas. Na mesma linha estão DJ como DJ Inca, alter ego nas pistas do crítico e jornalista de música Gabriel Plaza, idealizador do Electrotango Party.

Na edição em que se lembram os 20 anos da morte do bandoneonista Astor Piazzolla, até hoje considerado por alguns como o “assassino do tango”, é bacana ver o ritmo em renovação. E vivo.

Piazzolla buscou novos ares para esta música já nos anos de 1970, aproximando-a do rock, com o fugaz Octeto Eletrônico, e depois do jazz. Foi odiado por muitos, especialmente por fazer uma música “não dançável”.

Este ano, Daniel “Pipi” Piazzolla, neto do músico e líder do grupo Escalandrum, apresentou uma nova versão da série Quatro Estações Portenhas, criada pelo avo. E se viu muito Piazzolla sendo dançado pelas pistas.

Quem escuta a música, tem um bom abraço e conexão com o parceiro, dança qualquer coisa. E gosta. Quem não gosta, mas tem “buena onda”, sabe que há lugar pra todo mundo na cena tangueira. Não entra na briga e vai dançar em outro lado. O coração do tango é grande. Ainda bem!

Com vocês, o clássico dos clássicos em versão remix!

O texto no Noblat está AQUI. 

5 Comments

  • edu disse:

    Muchas veces se llama tango electrónico a la adición de una máquina de ritmo a algúna vieja melodía;no existe composición o búsqueda, a no ser de ventas. Es lo que se oye por la calle Florida o Lavalle en las tiendas de recuerdos junto con mates fileteados y otras muestras de color local. Es bastante diferente al camino difícil de un enorme músico como Piazzolla, tan detestado por los tangueros tradicionalistas hace 30 años. Es que el tango se viene reinventando desde sus comienzos, y paralelamente las voces de los que dicen, “esto ya no es tango”. pero una actitud abierta y sensible a la evolución no se confunde: Búsqueda o tarjeta postal.
    Y no es que no haya que mezclarlo: lo que hicieron Astor y Jerry Mulligan es una maravilla, así como otras “contaminaciones” y “deformaciones”, con el candombe, el corrido mexicano o la cumbia. El tango y el ambiente tanguero son rígidos. Lo que hoy hace La Chicana por ejemplo, es música de la buena y de la nueva, y es tanguera. Va en gustos…
    http://www.pagina12.com.ar/diario/espectaculos/6-24655-2003-08-27.html

  • maria Cristina disse:

    Nossa adorei vou para buenos aires en dezembro aonde posso ouvir esse estilo de tango eletrônico ?

  • maria Cristina disse:

    Olá que local em Buenos Aires posso curtir o tango eletrônico

    • Gisele Teixeira disse:

      Oi Maria Cristina, Buenos Aires na verdade não tem tannnnto tango eletrônico como as pessoas imaginam. Sugiro que vc olhe diretaente nos sites das orquestras que está querendo ver. Alguma em especial? E puntotango.com.ar tem uma agenda tangueira boa. Dá uma espiada por lá.

  • cris disse:

    obrigado Gisele m bjs

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