O mundo dos ventríloquos portenhos

Esta história é demais:

Toda a primeira segunda-feira de cada mês, o Bar Nefertiti, em San Telmo, sedia a reunião do Círculo de Ventríloquos Argentinos, o Civear – uma organização que nasceu em 1999 e reúne cerca de 60 sócios em todo o país e outros 40 aderentes no resto do mundo. A primeira vez que ouvi falar sobre eles foi no guia Buenos Aires Bizarro, escrito por Daniel Riera, creio que há uns dois anos. Achei bárbaro.

Eis a minha surpresa quando leio o jornal estes dias. Havia uma matéria com o jornalista, contando como sua vida havia mudado depois deste texto. Descobriu uma vocação inesperada, tem seu próprio boneco (com o qual faz shows) e acaba de publicar o livro Ventrílocuos – Gente grande que juega com muñecos.

Riera conta que tudo começou com uma rifa.

Depois que ele fez a matéria, a galera do Centro o convidou para um jantar. No final, ele foi o sortudo que levou o boneco, e teve a idéia de fazer o livro. Mas o projeto se converteu em algo maior, começou a tomar classes e viu que levava jeito.

A obra traz um pouco dos bastidores desse mundo e também partes de seu diário de aprendizado até formar a dupla Paco y Olivério (o boneco), em homenagem a  Francisco Paco Urondo e  Oliverio Girondo.

No livro, além de muitas histórias deste universo, conta um pouco dos segredos técnicos e frustrações de seu período de aprendizagem. Além de aspectos mais vulneráveis, como quando “se ofende porque sua mulher não cumprimenta o boneco”.

Paco y Oliverio também estão se apresentando este mês, no Los Chiperos, em Carlos Calvo, 240, nos dias 21 e 28 de setembro, às 21h. Imprescindível fazer reserva em loschisperos@gmail.com

Há uma interessante matéria feita por ele mesmo na Revista Anfibia, AQUI.

Matéria do Página 12, AQUI. 

 

Parte do diário:

Oliverio mide 79 centímetros y tiene cejas estilizadas, pelo negro, parado, brillante, ojos saltones dorados bordeados de blanco, nariz chata, boca grande, labios rojos, tajos a los costados de la boca y en el mentón, expresión levemente atormentada. Lembo le dibujó pestañas para suavizarle un poco los rasgos. Me lo dieron vestido con una camisa celeste a rayas verticales marca Quality, un jean azul con el dobladillo hacia afuera marca Fulanitos, con el hombre araña y dos arañas rojas bordadas en el bolsillo derecho, y zapatillas beige infantiles marca Gusti, cada una con perrito en bajorrelieve de goma. Es un gran muñeco. Es mi muñeco. Está en una caja de cartón forrada de amarillo, estampada con dibujos de flores y bichitos colorados. En pocos días pasará a un bolso verde, su hogar provisorio hasta que le compre una valija, tal como corresponde a un muñeco de ventrílocuo.

 

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