Filmaço: Infância clandestina

O Gaumont é um daqueles cinemas antigos de rua, enorme. E ontem estava lotadinho – em todas as sessões – para a exibição de Infância Clandestina, que estreou com pinta de ser o filme do ano.

Seguindo uma tendência frequente no cinema argentino, especialmente nos últimos anos, o filme pega carona nos tempos que se seguiram à morte do presidente Perón em 1974, com o país no comando de uma junta militar (1976-1983).

E também, mais uma vez, o grande foco da história são as crianças e as suas infâncias clandestinas.  Vai na linha de Kamchatka. Neste aspecto, não é novo. Mas é um filmaço de qualquer maneira.

A história é a seguinte: um casal de militantes montoneros volta à Argentina, em plena ditadura (1979), para levar adiante a chamada “contra-ofensiva”. Com eles, o filho Juan, de 12 anos, e um bebe recém nascido, Vicky.

A família vive clandestinamente e, durante este período, o menino é obrigado a trocar de nome – passando a chamar-se Ernesto e a viver uma dupla identidade. Na escola, descobre o amor.

O filme é protagonizado por Natalia Oreiro, César Troncoso, Ernesto Alterio (que faz o ótimo papel de tio) e pelo brilhante jovem ator Teo Gutiérrez Moreno. A trilha é de Divididos.

O diretor do filme, Benjamín Ávila (que já fez o documentário Hijos), teve uma infância marcada pela ditadura. Com apenas quatro anos, empreendeu o caminho do exílio com a mãe Charo, e o companheiro dela – ambos cabeças da organização montonera.

Depois do golpe de 1976, a família viajou para o Brasil, depois para o México e finalmente para Cuba.  A princípios de 1979, regressaram à Argentina como parte da primeira contra-ofensiva montonera. Charo desapareceu em 13 de outubro de 1979 e o irmão de Benjamin – que tinha então nove meses – foi um dos primeiros netos reconstituídos.

Deixo vocês com o trailer:
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6 Comments

  • Maria Martha disse:

    Oi Gisele

    que coincidência ler o seu post hoje. Estava ontem na sessão de 17h do Gaumont, pela primeira vez. Achei o filme excelente e o cinema me lembrou muito as salas de rua, que praticamente foram extintas no Rio. E também me lembrou o “Kamchatka”, que vi justamente em uma das que ainda existem, o Estação Botafogo. Estou morando em BAs há três meses e trabalhando como freela para o UOL. Descobri blog há pouco tempo e tenho acessado bastante. Ótimo conteúdo e bem escrito. Parabéns!

    • Gisele Teixeira disse:

      Maria, bienvenida! Eu acho um luxo o Gaumont. Nao é o melhor cinema do mundo, mas ainda tem aquela tela enorme e o fato de custar 8 pesos, contra 30 dos cines modernos. De quebra, a gente dá uma passada pela Zivals e pelas livrarias de Corrientes e não precisa sofrer entrando em shopping. Um beijo

  • Tanira disse:

    Oba! Mais uma dica preciosíssima da Gisele!

  • Izabella disse:

    Olá Gisele!
    Busquei em vários sites aqui, mas não encontrei nada 🙁
    Será quando chega ao Brasil?
    Bjos.

  • Marcelo Muller disse:

    Oi, Gisele, Izabella. O filme vai estrear no Brasil dia 7 de dezembro. Vocês sabiam que é uma co-produção, o filme também é brasileiro?

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