Cyberativismo: os cacerolaços e o “Yo no Voy”

Buenos Aires vive a expectativa de um grande cacerolaço contra o governo da presidente Cristina Kirchner, marcado para o dia 8 de novembro, no Obelisco. A oposição quer juntar 1 milhão de pessoas. A última manifestação do gênero aconteceu no dia 13 de setembro, reunindo cerca de 100 mil pessoas. O governo está mega alerta!

As palavras de ordem seguem as mesmas: rechaço às travas às importações e o cerco ao dólar, contra a reforma constitucional, por mais segurança, liberdade e democracia, entre outras.

Ainda faltam muitos dias para a saída às ruas, mas a briga pela internet já começou.

Vários comunidades anti-K em Facebook, como Cacerolazo”, “En contra del programa 678”, “La agenda de Kristina”, “Argentinos Indignados”,por exemplo, começam a indicar como deve ser a manifestação do mês que vem. Pedem que todos usem camisetas brancas, que não falem com a imprensa, que protestem com respeito e evitem insultos. Deu de um tudo da última vez! Até bandeiras nazis.

A ultima adesão foi da apresentadora de televisão Mirtha Legrand, uma espécie de Hebe Camargo argentina.  

Os defensores do governo estão organizados especialmente numa comunidade chamada “8N Yo no Voy”, que reúne 14 mil fãs em Facebook.

Neste caso, eles pedem que todas as pessoas que não tem intenção de ir ao panelaço que publiquem uma foto pessoal, com os motivos de suas ausências, como   nos exemplos abaixo. Há mais AQUI. 

Porque es indiscutible que el 8N la inmensa mayoría de los ciudadanos NO saldremos a golpear cacerolas, queremos dejar testimonio de los motivos por los que nos vamos a quedar en nuestras casas, para que nadie pueda decir luego que hubo una “mayoría” que acompañó en silencio.

Eu, por se caso alguém ainda não sabe, no voy!

Entre outros motivos porque descobri pelo Edu que a data escolhida para a manifestação coincide  com o aniversários de Alfredo Ignacio Astiz, o mais famoso assassino da ditadura militar, também conhecido como “anjo loiro”. E também com o aniversário da morte de Emilio Massera, cabeça da junta militar.

Sei não…essas “coincidências”.  Diz-me com quem andas e te direi quem és.

 

 

10 Comments

  • Nine Copetti disse:

    Gi, manifestações são sempre um sinal de que os cidadãos não estão tão acomodados, demonstra que a insatisfação está presente e que eles não estão inertes. O problema é que no meio dessas manifestações sempre aparece gente que mistura ideais, que confunde intenções, que nem sabe por que esta lá, mas está!!!

    Valorizo as manifestações políticas, mas confesso que tenho medo delas! E concordo contigo com as suspeitas de que algo ali não esta bem contado… Nesses casos, melhor manter distancia mesmo!

    Adoro teus textos, e com a nova roupagem do blog, ficou melhor ainda de acompanhar!

    Beijos pra vocês!

  • Gisele Teixeira disse:

    Nine, eu tenho um milhão de ressalvas a este governo. Mas algumas pessoas que estão chamando esse panelaco me assustam. Por hora, aqui me quedo, acompanhando de longe.

  • Nine Copetti disse:

    Sem contar que há outras formas de se mobilizar, apoiando pessoas que defendem os ideais dos argentinos por exemplo, que lutam por um pais melhor. Há bons e maus políticos em todo lugar, o difícil é separar o joio do trigo, né!
    As vezes um trabalho descentralizado, diretamente com os cidadãos, resolvendo por partes e aos poucos os problemas sociais.
    Sei lá, sempre fico pensando: porque essas pessoas todas que estão lá fazendo barulho não se reúnem pra fazer trabalhos sociais, pra reunir moradores dos seus bairros e buscar outras formas de manisfestarem suas insatisfações!
    Estou um pouco por fora do que esta acontecendo por aí, mas as vezes me parece que a maior agitação é na camada superior da sociedade, a “elite”, que perdeu a liberdade de administrar sua vida financeira ao seu bel prazer!

    Sigo acompanhando os próximos capítulos da novela Kirchner por aqui também!

  • Mariah Z. Toledo disse:

    Oi Gisele,
    Como tenho pessoas queridas aí, a situação do país me preocupa, e muito.
    O que me parece é que a ARG caminha para ser uma nova Venezuela e a democracia é uma palavra muito falada e pouco aplicada. O legislativo quando não é comprado, é ameaçado; o judiciário é manobrado ou continuamente desrespeitado. Uma pena. Sem instituições fortes e independentes não existe democracia.
    As coisas que me contam daí ou que eu leio nos jornais on-line são de arrepiar o cabelo.
    Eu tenho quase 50 anos. Fui para a rua pelas diretas já. Fui para a rua nos cara-pintadas. Em ambos os casos existiam pessoas e grupos que só estavam lá por interesses para lá de questionáveis, mas a grande maioria era como eu que, sem ideologias políticas, queria ter o direito de escolher meu presidente, queria que o caso de Collor não virasse pizza. Veja agora o mensalão, julgado pelo STF. No que pese as tristes circunstâncias, o julgamento em si é um exercício pleno da democracia, inimaginável hj por aí.
    Assim, eu entendo perfeitamente quem vai no 8D e tenho certeza que a grande maioria vai para “bater panela” em favor da moribunda democracia e contra o sufocante intervencionismo do estado.
    Mas tenha certeza, respeito quem opta por não ir.
    Um bj. Acompanho sempre seu blog.
    Ana Toledo

  • edu disse:

    O problema e que a pior direita, a que governou este pais durante muitos anos, os militares genocidas, os golpìstas do Partido Militar estao aproveitando os (incriveis) erros do governo para voltar.
    As pessoas tem direito de reclamar se não concordam, mas este pais se governa com os votos, a democracia formal e a alternancia.
    Nao se iludam com as capas do Clarin. Ha mais de 25 anos, desde o presidente Alfonsin, que Clarin consegue atrapalhar a Ley de Medios, manipular a opinião publica e ameaçar a democracia
    ALFONSIN Y CLARIN: http://youtu.be/UtBYV_NpW7E

  • Neviton disse:

    Será que 1 milhão de pessoas nas ruas, em um cacerolazo, não sabem o que estão fazendo? Praticamente do nada, de uma hora para outra, em uma quinta-feira qualquer, surpreendendo a todos, até mesmo a oposição, 100 mil pessoas saem às ruas batendo panelas. Ninguém sabia ao certo o que reclamavam, mas alguma coisa estava acontecendo. E está acontecendo. Alguns dizem que reclamam por privilégios perdidos. Será que só em Buenos Aires há 1 milhão de privilegiados? A verdade é que eu sinto inveja dos argentinos nesse ponto. Têm coragem, saem às ruas, protestam, reclamam, exigem. Aqui, no Brasil, a última grande manifestação já completou 20 anos. Depois disso nos paralisamos, aceitamos conformados e passivos tudo o que acontece. Aceitamos os Sarneys, os Arrudas, os Barbalhos, os mensaleiros, etc. Preferimos ir para a casa assistir Avenida Brasil. Parabéns argentinos, continuem participando, isso é democracia.

    • Gisele Teixeira disse:

      Neviton, eu concordo com vc. Acho ótimo que os argentinos protestem. As vezes eu vou, às vezes nao. Depende do motivo. Achei muito triste Salvador ter elegido o ACM Neto, ontem. É o fim do caminho.

      • Neviton disse:

        Se estivesse aí iria, com certeza. Vivenciar uma manifestação desse porte na Argentina seria muito bom. Nelson Rodrigues dizia que o argentino não bebe um copo d’água sem paixão. Imagina estão a intensidade desse protesto. “Sem medo e sem violência”, assim espero.
        E, se na Bahia ACM Neto venceu, em SP deu Haddad. Tomara que Serra finalmente se dê por vencido. Novos ares para a cidade, e isso é bom. Espero que Haddad corresponda às expectativas. Creio que possa revigorar a cidade. E se não for assim, façamos como nuestros hermanos.

    • edu disse:

      Sera que 10.000.000 milhoes de votantes nao merecem respeito ?

      • Neviton disse:

        Claro. Cada um desses 10 milhões de votantes merece todo respeito. E merece também ser escutado. Não só a cada 4 anos, mas a todo momento afinal a participação do cidadão não termina após a votação. Se algo vai mal tem mesmo é que reclamar. E claro, o respeito aos votos conquistados é a condição inicial para tudo o que estamos discutindo.

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