Os brasileiros que entram para comprar nas Galerias Pacífico certamente já repararam no enorme mural que há no teto do shopping. Parte desta obra é do argentino Antonio Berni.
Antônio Berni, com o brasileiro Candido Portinari e o mexicano Diego Rivera, forma o grupo da arte político-social da América Latina. Não é muito conhecido no Brasil, mesmo estando entre os mais expressivos do século passado, com conteúdo descritivo e estético revolucionários nas artes plásticas.
Aproveite este post para descobri-lo!
Berni nasce em 1905, em Rosário, seu pai é italiano e a mãe, argentina. Estuda desenho no Centro Catalán de Rosário em 1916 e faz a primeira individual em 1920. Em 1925, ganha bolsa de viagem à Europa, visita Madri e se estabelece em Paris onde estuda sob a orientação de André Lhote e Othon Friesz.
Nesse momento, se interessa por ideias socialistas, se associa com os surrealistas e começa a pintar nesse estilo. Em 1930, regressa à Argentina e em 1932 expõe obras surrealistas em Buenos Aires.
Em 1933, o muralista mexicano David Siqueiros visita Buenos Aires e Berni o ajuda em seu único mural na Argentina, Ejercicio plástico, na residência de Natalio Botana perto de Buenos Aires.
Nos meados dos anos 30, funda o grupo do realismo social onde emprega grandes angulares e tomadas próximas assim como protagonistas austeros semelhantes aos do renascimento italiano.
Em 1939, com Lino Enea Spilimbergo, pinta um mural para o pavilhão argentino na Feira Mundial de Nova York. Em 1941, viaja através da costa pacífica americana e produz uma série de trabalhos baseados nas culturas indígenas.
O interesse de Berni pela pobreza proletária e camponesa continua mesmo quando abandona o estilo realista nos anos 50.
Por volta dos 60, cria uma famosa série de grandes colagens e assemblages baseadas num moleque de rua inventado: Juanito Laguna.
Não deixem de ver o vídeo abaixo, no qual ele conta como criou o personagem Juanito Laguna.
Em 1962, desenvolve outra personagem: a namorada de Juanito, a prostituta Ramona Montiel.
Esses trabalhos, que empregam lixo e material achado nas ruas, combinam as técnicas surrealistas de colagem com as preocupações do período realista.
Em 1962 conquista o grande prêmio por gravura na Bienal de Veneza. Museus do mundo inteiro colecionam sua obra.
A série A obsessão da beleza, de 1975, corresponde a um tempo obscuro da história argentina, de golpes militares e de crise sócio-econômica. Já a série de serigrafias é uma alegoria que imprime seu impiedoso sarcasmo ao descrever as torturas do regime ditatorial aos sacrifícios a que as mulheres se submetem para tornarem-se belas.
Morre em Buenos Aires em 1981.
=Grande dia II=