Guest Post do Mochila Cult sobre o Museu do Mate

Guest Post é um post escrito por um alguém que não é dono ou contratado do site ou blog, ou seja, um autor convidado para escrever um artigo para o seu espaço.

Hoje, o Guest Post do Aqui me Quedo foi feito pela Lucila Runnacles, blogueira do Mochila Cult. A gente se conheceu recentemente e tivemos o prazer de compartilhar um daqueles almoços demorados no La Petanque, em San Telmo.

A Lucila é brasileira, filha de argentinos, e já morou em Londres, Torino e Madri. Em 2012, fez um voluntariado por quatro meses em  Moçambique e, logo a seguir, viajou por todo o continente africano. Desde então mora em Buenos Aires, mas gosta mesmo é de andar pelo mundo.

O post que ela escolheu para compartilhar aqui foi um sobre o Museu do Mate, no Tigre.

Com vocês, as dicas da Lucila!

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O Tigre tem várias atrações e lugares bacanas pra visitar. Em um dia dá pra ter uma boa ideia, caminhar bastante e fazer um passeio pelo Delta. Tem várias empresas que oferecem o serviço, o preço vai depender da embarcação e do tempo do passeio. Pela água marrom, os barcos vão passeando pelas ilhas e pelas casas dos moradores, é bonito.

Este fim de semana estive por lá, especialmente pra conhecer o Museo del Mate. O chimarrão está na minha vida desde que nasci; filha de pais argentinos, desde pequena lembro que meu pai tomava chimarrão quase todos os dias. Engraçado como a gente vai mudando de gosto, né? A primeira vez que provei mate eu detestei e fiquei muitos anos sem tomar de novo. Quando vim morar aqui, há dois anos, resolvi dar outra chance à essa bebida típica e não é que gostei?

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Ok, não sou uma tomadora de mate como os argentinos, mas se vou a casa de alguém, eu aceito. Um programa que curto muito é ir num mate-bar aqui em Buenos Aires. Sempre que vem alguém de fora eu levo pra conhecer. Escrevi um post sobre esses lugares aqui. Bom, voltando ao Tigre, fiquei curiosa em saber o que tinha nesse tal Museu del Mate e tive uma grata surpresa.

São dois mil objetos distribuídos em cinco salas e tem várias coisas bacanas.

Foi legal saber que antigamente a cuia era sinal de status. Muitas famílias ricas mandavam fazer as suas em prata ou com outros materiais finos.

Hoje em dia, tem mate de tudo que é tipo; de madeira, plástico, vidro, casca de abóbora, lata e até de silicone. Um dos mais tradicionais e recomendados pelos entendidos é o de calabaza (feita com a casca de abóbora). Dizem que por ser um material poroso, ressalta mais o sabor do chimarrão.

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Cuia improvisada durante a guerra das Malvinas

Outra coisa interessante que descobri nessa visita é que os soldados tomavam chimarrão durante a Guerra das Malvinas. Como?

Eles cortavam as latas de coca-cola ao meio pra usar de cuia, e a bomba era feita com o tubo da caneta (sem a tinta, é claro) que tinha vários furinhos em uma das pontas. Bacana, né?

A graça de tomar chimarrão é poder compartilhar com os amigos.

Aqui é muito comum alguém te ligar e dizer; Che, veníte a casa a tomar unos mates. Depois pode até ser que vocês acabem tomando outra coisa, mas o chima sempre serve como desculpa para uma reunião informal.

Aliás, confesso que no começo eu tinha um pouco de nojinho de compartilhar a mesma bomba, agora meio que passou, mas se não tem nenhum local me olhando, eu limpo um pouco com a mão antes de tomar hehehe. Lembrei disso quando vi no museu uma plaquinha que dizia: mate higiênico.
Dizem que os imigrantes alemães quando chegaram aqui não compartilhavam, cada um tomava o seu. Nada de colocar a boca onde outro já colocou. Cada um com seu cada um, né?

Como vocês podem imaginar, o que mais tem nesse museu são cuias. Tem de vários tipos e algumas são bem curiosas, como essas feitas pra cegos. Elas têm um dispositivo que apita e treme um pouco quando um certo nível de água é atingido, assim a pessoa não se queima quando está colocando água.

Dizem que a temperatura ideal pra tomar chimarrão é 80ºC. Não pode deixar a água ferver, o argentino fica louco quando isso acontece. Na verdade, eu acho que eles tomam quente demais. Quando estou com amigos, sempre sou uma das últimas a beber, prefiro mais morninho e que o mate esteja lavado, mais suave.

Leiam mais sobre o Museu do Mate lá no Mochila Cult!

 

Bares “mateiros” indicados pela Lucila:

 

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Kit Mate!

Cumaná (Calle Rodriguez Peña, 1149. Recoleta)
Horário de mate, diariamente das 16h às 19h.  O kit de mate vem acompanhado de fatias de pão caseiro, manteiga, geléia e bizcochitos de grasa(são umas bolachas tipo água e sal, mas são mais gordinhas).

Mister Mate (Calle Estados Unidos, 523. San Telmo)
Horário de mate, de terça a domingo, até às 20h. Nesse local eles servem o mate acompanhado de doces típicos, comopastelitos de membrillo (doce folhado com recheio que é uma espécie de goiabada), torta frita (massa doce frita) ou com as típicas medias lunas (croissant).

La Peña del Colorado (Calle Guemes, 3657. Palermo)
Horário de mate, diariamente do meio-dia às 20h. O cliente pode escolher os diversos acompanhamentos para o seu chima; tortilla santiagueña (uma espécie de pão salgado achatado), pasteizinhos de doce de batata ou membrillo, bolos e até mesmo pães de queijo.

Las Cholas (Arce, 306. Las Cañitas)
Horário de mate, diariamente das 17h às 19h. O Las Cholas serve o mate com acompanhamentos como pão de campo, geléias e os sempre presentesbizcochitos de grasa.

 

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