Marrocos 2 – viajando em silêncio com um japa!

Bab Agnou Gate

Bab Agnou Gate

De Fez a Marrakech são dez horas de trem. Um trem surreal, com gato, cachorro e lebre. Viajei durante a noite, em  primeira classe –  o que não é grande coisa, a única diferença é que tem menos gente.

Cheguei em Marrakech de manhã e já fazia um calor impressionante. A cidade é absurdamente seca e toda vermelha.

Um dos problemas iniciais foi a minha pouca experiência em barganhar. TUDO é negociado, o que demanda uma energia extra. Do hotel ao cafezinho. 

Por outro lado, Marrakech é a cidade mais impressionante que eu já visitei. É muito difícil de descrevê-la.

medina de dia

A praça durante o dia, só tranquilidade

 

De dia é muito quente, e não tem muita gente na rua. Mas no que cai à noite as pessoas brotam de todos os lugares e vira tudo uma loucura.

Encantadores de cobras, mulheres de burca, contadores de histórias, adestradores de macacos, vendedores de todos os tipos, senhoras que ficam te agarrando para te pintar com as mãos com henna ,dezenas de barraquinhas onde os sabores da comida são oferecidos, aos berros, para quem passa, pessoas de todos os cantos do mundo. Tudo isso em meio á fumaça que sai dos carrinhos de comida, às motinhos descontroladas que passam pela gente tirando fininho, famílias inteiras de mãos dadas, sons que saem dos minaretes. Feira popular, jardim zoológico e circo. Uma coisa lisérgica de cara.

 Cliquem a foto abaixo para ver a imagem ampliada:

medina de noite

Deu para sacar a diferença?

suco

Só no suquinho!

Tudo isso acontece na praça Djemaa el Fna ,o coração de Marrakech, um formigueiro onde tudo pulsa.

O bom dessa praça é que ela é cercada de restaurantes com terraços, para você sentar e ficar só observando lá de cima. Meu momento de sossego nesta primeira noite em Marrakech foi esse.

Fiquei hospedada no Riad Fantasia, muito do fuleiro, mas com super cara de mil e uma noites.

PARÊNTESIS: Os Riads e Dars são casas tradicionais e personificam a essência arquitetônica de casas marroquinas localizadas em medinas. Se a palavra “Dar” é simplesmente traduzida por casa, o termo “riad” (ou ryad) incorpora a ideia de um jardim em cima disso.

Invisível para os viajantes que estão andando ao redor da cidade velha, esta casas, fechadas do exterior, não deixa mostrar o seu charme. As ruelas que levam para as casas são estreitas, e muitas vezes as suas portas de entrada são muito simples.

Uma vez que as portas se abrem, você vai ter o prazer de descobrir um pátio interior, algumas vezes arborizado, organizado em torno de uma fonte ou uma zona de sofás. Em forma de quadrado, às vezes de forma retangular, todas essas casas são espaçosas e têm um ou dois andares.

riad1

Riad Fantasia, onde fiquei: não recomendo.

sato e eu

 

Foi no Riad Fantasia que conheci Sato Keiji, uma japa que se tornou meu grande companheiro de parte do resto da viagem. Ele não falava NADA em inglês e eu não falo japonês, obviamente.

Creio que a gente se aproximou pela necessidade que tínhamos, os dois, de estar um pouco mais seguros. Fizemos um “eye contact” e nunca mais nos separamos! Saíamos quase todos os dias juntos, sem conversar.

Ele tinha um dicionário inglês-japonês e me apontava as palavras mais importantes. Outra coisa curiosa: ele viajava com um polaroide e por isso tirava pouquíssimas fotos. Quando no final ele me entregou essa foto aí ao lado, fiquei emocionada.

Essa cor foi batizada de "azul majorelle"

Essa cor foi batizada de “azul majorelle”

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Dupla em ação!

 

Um dos lugares que a gente visitou foi o Jardim Majorelle, uma coleção de plantas trazidas de diferentes partes do mundo e reunidas numa vila estilo Art Decó pelo pintor francês Jacques Majorelle.

O lugar foi comprados nos anos 80 pelo estilista Yves Saint Laurent e seu companheiro, Pierre Bergé, que decidiran habitar a casa do artista, rebatizando-a de Villa Oasis.

Eles restauraram o lugar e o atelier do pintor foi transformado num museu berbere (no qual são expostas hje também as coleções pessoais de Yves Saint Laurent e Pierre Bergé). O jardim ganhou buganvílias, bambus, loureiros iúscas, gerânios e hibiscos, mais de 400 variedades de palmeiras e 1800 espécies de cactos. 

Depois da morte de Saint Laurent, em 2008, em Paris, as suas cinzas foram espalhadas pelos roseirais.

Depois desse passeio, o Sato me convenceu a entrar numa agência de viagens e comprar um tour de quatro dias pelo deserto do Saara – coisa que até hoje eu não sei se foi uma boa ideia. Conto tudo para vocês amanhã! 

2 Comments

  • Eliane disse:

    Há uns 22 anos atrás fiz essa viagem com meu marido, e um inglês. Também fomos de primeira classe e sentimos a mesma coisa. Acordar no deserto com o sol amanhacendo foi uma das manhãs mais lindas da minha vida. É inesquecível. Na época tivemos bastante dificuldade com o idioma, até por isso ficamos atrás do inglês. Onde ele ía, íamos atras, chegamos até a ficar no mesmo hotel, já que não tinhamos reserva e nem sabíamos de nada. Valeu a pena.

  • Joselaine disse:

    Amei, quero mais. bjus

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