Marrocos 3 – a caminho do deserto do Saara

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O Deserto do Saara é o maior deserto do mundo e corta vários países: Egito, Marrocos, Argélia, Líbia, Tunísia, Mauritânia, Mali, Sudão e Chade.

Pelo Marrocos, a melhor forma de visitá-lo é saindo de Marrakech, onde comprei a minha “excursão”.

A vendedora da agência me perguntou se eu queria ir até às dunas de tamanho médio ou às altas. Claro que optei pelas altas! A questão é que para chegar a estas demorava um pouco mais. Na hora, não me pareceu um problema.

O que ela não tinha me avisado é que íamos em uma camionete SEM ar condicionado, em uma temperatura de 50 graus!

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Mais cara de gringo, impossível!

Levamos dois dias para ir até o deserto, parando em diversos lugares.  Dormimos lá, e depois voltamos direto, em um dia. Duas camionetes 4×4, nove pessoas de diferentes nacionalidades. Na minha, dois ingleses, meu amigo japa e eu.  Recebo um nome que todos possam pronunciar: Gey.

Acompanhem no mapa o trajeto que a gente fez: Marrakech -Ourzazate- Merzouga.

Por lá viviam na época umas 70 famílias. O lugar é praticamente um labirintos de casas feitas de uma espécie de adobe, que protege a população do sol insuportável no verão.

Logo em seguida vem Ouarzazate, conhecida como “A Porta do Deserto” e sede de grandes estúdios de cinema como Atlas Corporation Studios.

 

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Para meus amigos permacultores, muito adobe!

Vejam bem a lista de filmes já rodados por aqui: Ali Baba e os 40 ladrões (1954, Jacques Becker), O Homem que Sabia Demais (Alfred Hitchcock, 1956), Jesús de Nazaret (Franco Zeffirelli 1977), A Última tentação de Cristo (Martin Scorsese, 1988), O Céu que nos protege (Bernardo Bertolucci, 1989),  Gladiador (Ridley Scott, 2000),  Asterix e Obelix: missão Cleópatra (Alain Chabat, 2002), e ainda um dos mais impressionantes para mim, que é Babel (de Alejandro González-Iñarritu, 2006), com  Brad Pitt e Cate Blanchett.

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Assim se vê em maio.

Muitos quilômetros depois e chegamos à cidade de Kelaa M’gouna, a cidade das rosas.  Neste lugar se produz rosas de forma massiva para diversos usos – um contraste com a aridez da região. Água e óleo à base de pétalas de rosas, caríssimo em qualquer lugar do mundo, são um pechincha por lá. O melhor mês para visitar esta região é maio, quando eles fazem a festa das rosas. Confesso que com o calor que estava sentindo não estava muito interessada em nada. É um dos últimos oásis antes de chegar no deserto.

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Nos outros meses do ano, só em frascos!

O Vale das Rosas fica no caminho para se chegar às famosas Gargantas de Dades, onde a gente parou para dormir no final da tarde. É um despenhadeiro de uns 50 quilômetros, como vocês podem ver na foto abaixo, que a gente desce com o carro absolutamente empinado.  O Dades é o rio que permite vida às pessoas da região e fica a 150km de Ouarzazate.

Chegar ao hotel, que na verdade nem era um hotel, uma espécie de paradouro, foi uma benção depois de dia tão intenso. Tivemos direito à jantar, com show e naninha!

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A caminho do “hotel”

 

Vista da minha janela! Oh my god!

Vista da minha janela! Oh my god!

 

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Festinha no hotel!

 

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Tambores e estrelas

O segundo dia da viagem até o deserto não tem  muitos atrativos. O calor impede qualquer atividade. Leio as poucas frases anotadas no meu diário: “Insuportável”, “A fita amolece e temos que cancelar a música”, “ninguém conversa, estamos sensíveis demais”, “50 graus lá fora e as janelas estão fechadas porque abrir é pior”, “empapada”, “tento tirar as sandálias mas o piso do carro ferve”, “o japa começa a sangrar o nariz”, “estamos desolados!

E eis que chegamos a Merzouga, bem no final da tarde! Tchan, tchan, tchan, tchan: com tempestade de areia!

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Miedo!

Aulinha: No deserto do Saara, podem ocorrer até 80 tempestades de areia por dia! A maioria delas aparece naturalmente, com o aquecimento da superfície. Ao amanhecer, os raios solares esquentam o solo, fazendo com que a temperatura do chão pule de 30 ºC às 8 da manhã para 80 ºC ao meio-dia. Esse enorme aquecimento rompe a camada fria que existe nas primeiras horas do dia próximo ao solo e origina ventos de até 100 km/h. A quantidade de sedimentos que esses sopros podem transportar é impressionante. Somente no deserto do Saara,  estima-se que os ventos carreguem anualmente 260 milhões de toneladas de areia para outras regiões. Desse total, cerca de 35 milhões de toneladas vão parar no oceano Atlântico.

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Cada um ganhou um litro de água, que tinha que administrar até o dia seguinte.

Chegamos exaustos, quebrados, com fome !  A magia das areias ainda não estava me seduzindo como imaginei. Mas avistar os camelos me animou de alguma maneira.  Hora de embarcar para o “mundo Ali Baba”! Duas horas “camelando”até Erg Chebbi, onde estão as dunas mais altas do Saara. Aguardem o próximo capítulo!

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Aprendendo a “camelar”

 

 

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