Marrocos 4 – Cobertorzinho de estrelas!

Guardei essa música do Lenine para escutar na chegada ao deserto. E foi a minha trilha sonora na ida e na volta da “camelagem”. É umas que mais gosto dele. É só dar play, se você quiser uma matéria com trilha sonora!

 

mapa marruecos

Tem que por mapa. né Bortolás?

Recapitulando: antes de chegar ao Saara, Marrocos, passamos o dia inteiro num calor de 50 graus pelo asfalto até Erfoud. A única maneira de se refrescar era nunca parar, de forma que o movimento do carro fizesse circular o ar, que entrava pelas janelas mal abertas. A escolha: comer poeira ou assar.

De Erfoud, tivemos que aguentar mais uns quilômetros de estrada de terra até a base de Merzouga, onde uma tempestade de areia nos esperava. Todos os grãozinhos possíveis colaram na minha pele suada. Eu só pensava que as estrelas, logo ali adiante, iam me fazer esquecer das exigências do deserto, que me pareceu mega caprichoso. 

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Prontos para a missão!

Nesta base, cada um dos viajantes ganhou um litro de água que teria que administrar até o dia seguinte. 

Então  subimos nos camelos que nos levariam até Erg Chebi, onde estão as maiores dunas da parte marroquina do Saara – em torno de 150 metros de altura.

Maiores que estas, só as da Argélia, cuja fronteira fica a uns 30 quilômetros de onde estávamos. 

O objetivo era aproveitar o pôr do sol, dormir ao ar livre e acordar cedíssimo para ver o amanhecer e, em seguida, começar a voltar. 

Tem muita gente que fica em acampamentos de luxo. Espiem AQUI. Mas o nosso era mega simples, uma espécie de hostel!  Depois de uma hora e meia de camelo, chegamos!

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Acampamento à vista! Olha o tamanho da duna lá atrás, minha gente!

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Vantagem de viajar no verão: dormir assim, ao ar livre

Logo na chegada  gente já saiu para caminhar e aproveitar a pouca luz dia que ainda tinha. Dunas e dunas por todo o lado. Antes que chegasse a escuridão, ganhamos presente – comidinha deliciosa, chá de menta e um céu tão estrelado que fez com que cada um buscasse seu canto para ficar quieto um pouco.

Alguns saíram para caminhar na escuridão, mas eu tive medinho e achei que já estava de bom tamanho o silêncio e as estrelas. Também preferi ficar só. Mais não sei dizer. Há um momento de encontro que não tem tradução.

Logo em seguida todos dormiram. (Antes eu tive que administrar tirar as lentes de contato e colocar nos devidos potinhos em pleno “eu não vejo nada”)

Umas duas horas mais tarde fomos acordado por um grito!

Uma das meninas que estava na barraca ao lado da minha foi picada por “algo”. Nas nossas testas estava escrito escorpião, mas ninguém ousou pronunciar esta palavra tamanho o pânico instalado. O braço delas tinha começado a inchar numa velocidade vertiginosa. Ela gritava que não queria morrer, que não queria ter que amputar o braço, mas eu confesso que pensei que uma dessas duas alternativas não era tão absurda. O guia acordou, fez não sei o quê e o braço dela começou a melhorar.

Ninguém mais dormiu, óbvio. Às quatro horas a lua apareceu atrás de uma das dunas iluminando tudo!

Aprendendo a encilhar o bichano!

Aprendendo a encilhar o bichano!

Preparamos os camelos cedinho para começar a voltar.

O deserto de manhã (depois de pensamentos), tem outra luz!

Enquanto a ida foi em silêncio, há frisson e conversas na volta. As fotos também são mais bonitas, há mais sombras. Dá para ver nas nossas caras que vale a pena o esforço.

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Imagina se eu não ia querer ir bem na frente!

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A foto clássica

E a minha preferida

E a minha preferida

Do Saara eu voltei para Marrakesh, fiquei mais uns dias e depois segui para Essaouira, já no litoral.    E terminei a viagem bem ao norte do Marrocos, em Chefchouen, a cidade azul. Aguardem que tem mais duas notas!

PS – vejam bem que fofo: hoje me escreveu um leitor, querendo saber quando saía o “capítulo” do deserto e me pedindo uma página escaneada do meu diário! Sentei para escrever este texto na hora. Dei uma olhada nas minhas anotações e achei que seria mais útil para todos a primeira página, com um lista de palavras que me ajudaram na viagem.

É para você, Thiago. Que, espero, também um dia vá ao Marrocos!

“Wassalamu Aleikum”, “As Salaam Aleikum” ou simplesmente “Salaam Aleikum” é usado como cumprimento e significa “Que a paz esteja convosco”. A pessoa que ouve, assente e deve responder o mesmo, só com a ordem trocada: “Aleikum Salaam”, “E a paz também convosco”. (não sei porque escrevi com dois “os” e não com “u”). Tem tempo…

No português, deu origem à palavra salamaleque! Outras palavras portuguesas de origem árabe, AQUI.

diario

 

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