Terra do Fogo: Ushuaia, os povos originários (5)

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Carne de lobo marinho garantia as calorias para que andassem nús sem frio.

O último post sobre o sul da Argentina é sobre seus verdadeiros descobridores.

O texto abaixo fiz com base nas informações que nos passaram em Ushuaia, mescladas com dados que encontrei no site Terra del Fuego.

As fotos são reproduções que estão no Museu del Fin del Mundo. São fotos de fotos.

Quem eram os povos que viviam na Terra do Fogo antes da chegada de Fernão de Magalhães?

As primeiras crônicas de navegantes espanhóis, franceses e ingleses descreviam os nativos da Terra do Fogo com certa carga pejorativa. “Selvagens”, “inumanos”, “criaturas inferiores” eram alguns dos qualificativos que ajudavam para sua descrição.

Através das pesquisas arqueológicas hoje se sabe que as primeiras ocupações humanas no Canal Beagle tiveram lugar há 7.000 anos e os descendentes destes primeiros habitantes mantiveram-se sempre ao longo das costas dos chamados Canais Fueguinos, até inícios do século XX.

A região era habitada por duas tribos: a do Sul, os Yámanas, eram canoeiros e nômades do mar, e a do norte, os Selk´nam ou onas, que eram caçadores e viviam em terra firme. 

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Família

YÁMANAS (NO SUL DA ILHA)  – Antes da chegada dos europeus, um dos povos da região eram os “yámanas”, nômades canoeiros.

Atualmente vivem muito poucos descendentes deste grupo, em especial no setor chileno, em Porto Williams.

Além da bibliografia publicada pelos estudiosos do tema, é possível apreciar seus utensílios e outros apetrechos nas vitrines dos três Museus da Cidade de Ushuaia: o Museu Yámana, o do Fim do Mundo e o Marítimo, além de comoventes fotografias que chegaram a ser tiradas no fim do século XIX.

Os Yámanas viajavam em canoas e levavam fogo dentro das embarcações. Completamente adaptados ao meio litoral marinho, alimentavam-se de carne de lobos marinhos, peixes, aves, colheita de moluscos e crustáceos e também de carne de guanaco, já que, quando decidiam desembarcar, instalavam-se em certos locais da praia, que podemos associar hoje com a ideia de acampamentos. Eram de baixa estatura. E, curiosidade: com todo o frio, andavam nus! Isso era possível graças à quantidade de carne de lobo marinho que consumiam, altamente calórica.

SELK’NAM ou ONAS (NORTE DA ILHA) – A área norte da ilha era ocupada por outro grupo de nativos, os Selk’nam, categorizados como caçadores-recolhedores. Á diferença dos canoeiros, não buscavam seu alimento no mar.

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Os Selk´nam eram altos e viviam da caça

Os ancestrais deste grupo chegaram à Ilha há 10.000 anos, trazendo sua tradição caçadora de animais terrestres, principalmente guanaco e pequenos roedores.

Sua forma de vida nômade fez com que os vestígios de sua cultura estejam atualmente dispersos por todo o território que ocuparam, sendo estudados aqueles lugares que, seja acidentalmente por remoção do terreno, seja pelas crônicas etnográficas ou pelas referências transmitidas oralmente, são selecionados pelos antropólogos. Suas armas e utensílios, como também suas crenças e lendas, são similares aos das etnias que viveram no Norte do Estreito de Magalhães, sobretudo de tehuelches, de quem provavelmente provinham.

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Em caça

Em relação aos descendentes, moram na Província alguns representantes mestiços desta etnia, mas se considera que a última descendente selk´nam foi a senhora Virgina Choquintel, falecida em 1990, em cuja honra foi batizado o Museu da Cidade de Rio Grande. Tanto neste museu como no da Missão Salesiana (Monumento Histórico Nacional) são exibidos utensílios, armas, fotografias e outros elementos vinculados à vida dos selk´nam.

 

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