Estreia esta semana no Malba um documentário chamado Bloody Daughter, sobre a pianista argentina Martha Argerich, considerada uma gigante da música clássica.
O filme traz o ponto de vista da filha, Stéphanie, num relato intimista de família que questiona a relação entre uma mãe “deusa” e suas três filhas.
Como conciliar a maternidade e a carreira artística, a plenitude pessoal e a vida em casal?
Um mergulho no coração da galáxia Argerich, uma família matriarcal extraordinária”, como diz o release do Malba.
As matérias feitas com Stéphanie pela imprensa argentina esta semana são arrasadoras. Confissões duríssimas: “Mi madre es un monstruo que chupa la energía de alrededor y hay que ser muy fuerte para resistirse”.
BIOGRAFIA
Para quem não a conhece, Martha Argerich é um monstro no piano. Íntima amiga do brasileiro Nelson Freire, construiu ao longo de sua carreira, repleta de prêmios e elogios, a imagem de artista “difícil”, de temperamento forte, capaz de desmarcar concertos em cima da hora e de dar dor de cabeça a qualquer tipo de empresário.
Desde cedo, essa foi a fama de Argerich. Friedrich Gulda, o compositor e pianista austríaco, seu maior professor e, supostamente, sua paixão platônica, chegou a descrever a argentina como “selvagem”.
Diz a lenda, inclusive, que os dois demoraram a se conhecer porque, na primeira vez que ele topou ouvir a jovem pianista, de apenas 12 anos, a pedido do pai dela, Martha se recusou a tocar.
Seria o primeiro de uma série de cancelamentos. Quando ela finalmente se dispôs a tocar, impressionou como sempre faria daí por diante
Desde os anos 80, por se sentir “sozinha” demais quando tocava peças como solista, decidiu que não faria mais apresentações do gênero. Desde então, toca principalmente concertos com orquestra e peças de Câmara em que tenha a seu lado outros músicos.