Centenário de Aníbal Troilo: 100 bandoneonistas em 100 cidades

Centenario Anibal Troilo

Começam os festejos!

Só de escrever já me emociono, porque o projeto é lindo.

Envolve desde o seu Meno Barreto, de 88 anos, lá de Passo Fundo, como músicos de lugares tão diversos quanto Helsinke, Jerusalem e Chicago. 

É o seguinte: 100 bandoneonistas, em 100 cidades do mundo, pegaram seu instrumento e o levaram para o lugar mais emblemático (ou querido) de onde moram.

E lá tocaram o tango “Quejas de Bandoneón”, de Aníbal Troilo, com um arranjo especial para solo feito pelo maestro Raul Garello.

As interpretações foram filmadas e serão exibidas todas juntas, pela primeira vez, dia 11 de julho de 2014, no Obelisco, em Buenos Aires. Depois, poderão ser vistas em um canal especial de You Tube. Mais ou menos com este:

 

A iniciativa é apenas uma das 250 que vão acontecer este ano em homenagem ao centenário de Aníbal Troilo, o Pichuco (negrinho, do diminutivo do guarani Pichú).

A programação oficial começa neste final de semana, na Usina Del Arte, em La Boca, com o espetáculo Troilo Compositor, imperdível e de graça!

Simplesmente alguns dos melhores bandoneonistas tocando juntos com o bandoneon Doble AA que pertenceu a Pichuco:  Ernesto Baffa, Alfredo Cordisco, Alberto Garralda, Víctor Lavallen, Walter Ríos, Daniel Binelli, Juan Carlos Caviello. Programação competa aqui.

A mesma música, numa interpretação rara, por seu autor:

QUEM FOI ANIBAL TROILO

Anibal Troilo

Sua particular forma de tocar: “dormindo”

 

Para os argentinos, as apresentações são dispensáveis. Para os brasileiros, é importante saber que Troilo é tão grande como Carlos Gardel ou Astor Piazzolla. Tanto que é chamado de “o bandoneón maior de Buenos Aires” e a data de seu nascimento, 11 de julho, decretado o Dia do Bandoneón.

Este espaço é pequeno para falar do tanto que ele foi. Um músico que fez seu primeiro espetáculo aos 11 anos, que aos 14 já havia formado um quinteto e que daí para frente formou orquestras e tocou com os melhores músicos de sua época.

Deixou mais de 70 composições memoráveis, como “Sur”, sua obra prima, “Barrio de tango”, “Pa’ que bailen los muchachos”, “Garúa”, “María”, “Romance de barrio”, “Che, bandoneón”, “Discepolín” e “La última curda”.

Anibal Troilo

Com a mulher Zita, em Mar del Plata

Uma das mais famosas éResponso, dedicada ao amigo e poeta Homero Manzi, com quem compôs alguns de seus melhores tangos. Faleceu em 18 de maio de 1975.

Mas uma das minhas interpretações favoritas dele é neste duo dele com Piazzolla (abaixo), mortal.

Músico de enorme popularidade, Aníbal Troilo não foi um renovador ou um vanguardista como Piazzolla, mas conseguiu forjar uma relação única, profunda e afetuosa com o público. O segredo talvez seja sua muito pessoal forma de execução do bandoneón. Como sabia todas as partituras de memória, não precisava de leitura. Ele fechava os olhos e era como se dormisse sobre o bandoneón. De arrepiar.

Para quem quer saber um pouco mais sobre Troilo, indico um pequeno livro, mas muito bem feito, chamado Tango de Colección Vol 9, editado por Clarín, que pode ser comprado em qualquer livraria da calle Corrientes.

 

A Suíte Troilena, que Piazzolla escreveu em 1975, talvez conte melhor ainda que qualquer texto quem foi o “Gordo”, como também era chamado. São quatro partes que evoca as paixões de Troilo: Bandoneón, Zita (a muher), Whisky e Escolaso (jogo de azar). Não cabe nada mais que o silêncio.

Dia 11 também estreia o documentário sobre o músico:

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