Vai um baile aí?
Tem muito tempo que tango e futebol batem um bolão!* Há pelo menos 47 composições que homenageiam este esporte – criado pelos ingleses e, dizem os portenhos, “reinventado” pelos argentinos. É bem verdade que pelo menos duas coisas eles têm em comum: para ambos é preciso destreza nas pernas e, em alguns casos, uma pitada de sofrimento.
Uma pesquisa feita por Jesús Castañón Rodríguez para o documento TANGO E FUTEBOL mostra que há 47 tangos em homenagem a times de futebol, a jogadores, e também a temas relacionados ao universo dos profissionais, como os sonhos, a família e o bairro onde nasceram os craques. Na verdade, há mais! Porque depois desta pesquisa surgiram outros.
O texto pode ser lido na íntegra AQUI.
De Agustín Bardi a Astor Piazzolla, de Carlos Gardel a Rubén Juárez, várias gerações de artistas de tango expressaram sua paixão futebolística.
Partitura histórica
Um dos primeiros registros data de 1913, e é um tango de Vicente Greco que se chama ‘Racing Club’, criado para o time de Avellaneda, campeão dos torneios de 1913 a 1919. É uma delícia de tango, tocado até hoje nas melhores milongas. Mas Independiente, San Lorenzo de Almagro e River Plate também inspiraram tangos nas primeiras décadas do século XX.
Carlos Gardel, que era na verdade mais amante do turfe que do futebol, gravou dois tangos diretamente ligados ao tema: ‘Patadura’ (1928) e ‘Mi primer Gol’ (1933)
Tango e Futebol – Piazzolla
Outro registro interessante vem de Astor Piazzola que, em 1978, durante a Copa do Mundo realizada na Argentina, em plena ditadura militar, batizou seu disco gravado na Itália de ‘Mundial 78’.
Os tangos tinham nomes como “Marcación”, “Penal”, “Gambeta”, “Golazo”, “Wing” e “Corner”, para citar alguns. O fato não foi bem visto, obviamente, e durante um tempo ele teve que trocar os nomes dos tangos – e do disco, que virou Chador. Mas a inspiração está lá.
A história completa foi contada pelo Jornal Página 12.
Curiosidade: nenhuma destas músicas foi tocada ao vivo por ele!
Com o tempo, quase todos os grandes craques argentinos inspiraram letras de tango. Alguns exemplos: Gardel dedicou o tango ‘Sami’ ao jogador español José Samitier em 1928, logo depois de vê-lo campeão no final da copa Rey da Espanã. O lendário goleiro do River Amadeo Carrizo é o homenageado em ‘Tarzán’ (Armando Pontier – Leopoldo Díaz Vélez).
Tango e Futebol – Maradona
Mas Diego Maradona é, obviamente, a principal inspiração! Entre os tangos dedicados ao “Deus” podemos citar ‘Pompeya para Diego era París’ (Javier González – Alejandro Szwarcman), ‘Para Diego Maradona’ (Ernesto Baffa) e ‘El Sueño del Pibe’, de Reinaldo Yuso, que o jogador mesmo adora cantar. Mais recentemente, La Guardia Hereje fez “Para verte gambetear”.
Isso sem falar em Messi, que também tem seus tanguitos!
A Orquestra Típica Cambio de Frente tem a Milonga de los Mundiales, que vai estar do segundo disco do grupo. Eles contam que “Cambio de Frente” é um movimento futbolístico. Cambiar de frente para volver a empezar. A introdução do primeiro disco é feita pelo jornalista Victor Hugo Morales (locutor do gol de Maradona em 1986) e é uma ode ao Cambio de Frente. Podem escutá-la aqui. É linda!
Mais recentemente, a dança pediu seu espaço e vem fazendo sucesso com este vídeo futeboleiro.
VIDEO TANGO E FUTEBOL, FEITO PELA TOPPER em 2010
- Este texto foi feito para uma coluna que eu tinha na BsAs4U, e o reproduzo agora por ocasião da Copa do Mundo 2018.
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