Como baile popular, o tango sempre refletiu as mudanças sociais.
Então, nada mais natural que o aumento do número de milongas onde se pode bailar entre pessoas do mesmo sexo em Buenos Aires.
A cidade se orgulha de ser gay friendly e de ter sido a primeira na América Latina a aprovar, em 2010, a lei do Matrimonio Igualitário.
As “milongas gay friendly ou queer” são lugares onde cada um dança com quem quiser, fazendo o papel de líder ou de seguidor, e não necessariamente de homem ou mulher.
São frequentadas por homossexuais, heteros, trans…não importa a orientação sexual ou de gênero. E sim que sejam todas pessoas interessadas em um tango mais livre e diverso, sem os papéis fixos do tango tradicional.
História
A primeira milonga queer de Buenos Aires foi realizada em 2003 e já em 2007 a cidade teve seu I Festival Internacional de Tango Queer – a próxima edição acontece de 17 a 23 de novembro dese ano.
Em 2013, pela primeira vez na história, o Festival e Mundial de Tango de Buenos Aires teve um casal do mesmo sexo inscrito na categoria salão: Ale Segovia e Matias Sotto.
Em 2014, dois irmãos se classificaram em quarto lugar na final de tango de palco, mudando o curso dessa história definitivamente.
Neste link, uma série de textos e artigos publicados sobre o tema, de 2002 a 2014
E aqui, diversos vídeos de tango entre casais do mesmo sexo.
Intercâmbio de roles
Durante muitos anos o tango foi conhecido como uma dança na qual o “homem leva” e a “mulher segue”. No entanto, é cada vez mais comum na capital argentina ver a troca de papéis, chamada em espanhol de “intercâmbio de roles”. Ou seja, a dança mais alinhada com uma proposta de líder-seguidor, sem que isso tenha a ver com sexo ou com sexualidade.
Quem estuda a dança mais a fundo sabe que até esses termos líder-seguidor estão desaparecendo, com a possibilidade de que ambos possam liderar e seguir ao mesmo tempo, durante um mesmo tango e com os mesmos recursos, sem mudar o abraço, de forma quase imperceptível para que vê de fora.
Abaixo, uma lista de milongas gay friendly ou queer
La Marshal – Riobamba, 416 – Sextas-feiras. Aula e milonga a partir das 22h30. Foi a primeira milonga gay de Buenos Aires.
Milonga Tango Queer – Perú, 571 (San Telmo). Terças-feiras. Aula e milonga a partir das 21h. Aulas com Mariana Docampo, referência em “intercâmbio de roles”
Los Laureles – Av. Iriarte, 2290 (Barracas). Checar horário e programação no site.
Aulas com Soledad Nani, uma suuuuuper profe para quem quer aprender o “papel de líder”.
Domilonga – Independência, 572 (San Telmo). Domingos, a partir das 21. Aulas com Celeste Rodriguez, outra excelente professora.
Milonga Sin Gomina – Todas as sextas, em Chile 1351 (Montserrat). Aulas a partir das 20h.
Deixo um flashmob realizado no bar “Los Laureles”, em solidariedade com as minorias sexuais, perseguidas nos países mostrados, nos quais sequer podem bailar com liberdade.
Olá, Gisele !
Amo tango! Já fui a Buenos Aires, mas ainda não tive o prazer de conhecer estas casas com este conceito “não binário”, apenas com a ideia de condutor e conduzido. Você poderia me indicar uma casa queer em que há apresentações regulares?
Oi Patrícia, n final do post tem uma série de endereços. Repito aqui dois deles:
La Marshal – Riobamba, 416 – Sextas-feiras. Aula e milonga a partir das 22h30. Foi a primeira milonga gay de Buenos Aires.
Milonga Tango Queer – Perú, 571 (San Telmo). Terças-feiras. Aula e milonga a partir das 21h. Aulas com Mariana Docampo, referência em “intercâmbio de roles”