Missão especial: mostrar Buenos Aires para um agente do FBI

Bodyguards from FBI! Nick é o da esquerda.

Se você gosta de filmes policiais, pode cair para trás: hoje eu passei o dia com um “agente especial” do FBI – o famoso Federal Bureau of Investigation dos Estados Unidos!

Via Rent a Local Friend, fui chamada para esta “missão especial”: mostrar Buenos Aires para Nick Vanicelli, Western Regional Representative do FBI em Denver (Colorado).

Fiz um tour pela cidade com Nick e a esposa, chamada Toni, ambos de Denver, e mais um casal de amigos, de Chicago. Foi ótimo para reduzir o ranço que eu tenho contra americanos, porque esses americanos que eu conheci não cabem em nenhum estereótipo e me desarmaram. Super bem informados sobre a Argentina e mega divertidos – loucos por Carnaval!

Amei e aproveitei para fazer uma rápida (porque ele tá em férias, né) entrevista com Nick. Óbvio.

A prova do “crime”

1. Nick, há quanto tempo você está no FBI e qual o seu trabalho na prática?

Eu sou agente especial e trabalho no FBI há 18 anos. Durante todos estes anos, trabalhei em diversas divisões – de investigação de crimes violentos, roubos a bancos e sequestros. Há sete anos estou focado na divisão de crimes violentos contra crianças. Trabalho na rua, na investigação de verdade, e não no escritório.

* Ele me explicou que FBI tem três prioridades de segurança nacional (terrorismo, contra-inteligência, e cybercrimes) e cinco prioridades criminais (corrupção pública, violação de direitos civis, crime organizado, crimes de colarinho branco e crimes violentos). Dentro de cada uma destas categorias há várias sub-categorias e uma infinidade de áreas para trabalhar.

2. Trabalhar no FBI é como a gente vê nos filmes?

Às vezes sim, às vezes não. Nunca se sabe exatamente como vai ser o dia.  Poe ser no escritório, fazendo relatórios, seguindo alguma investigação em curso ou caindo em alguma emergência. Para te dar um exemplo, uma coisas que é realmente bem parecida a nos filmes é quando invadimos a casa de suspeitos pela manhã, antes das seis, para agarrá-los ainda dormindo. É assim nos filmes e é assim na vida real.

A minha vez de entrar em ação! Foto feita com celular.

3. Porque você decidiu trabalhar no FBI?

Foi meio por acaso. Estava na Universidade de Michigan, onde estudei Psicologia, quando vi um anuncio de recrutamento de agentes. Me inscrevi meio na brincadeira, e passei no primeiro teste. Fui chamado para outros e fui sendo aprovado em todos. Quando vi já estava em treinamento!

4. Como é a preparação de um agente?

Depois que eles te contratam, você fica seis meses em treinamento. Aprende sobre legislação, como atirar, como conduzir um interrogatório e táticas de auto-defesa, entre outras disciplinas. Depois disso, durante os dois primeiros anos o agente não atua sozinho. Está sempre acompanhado de um sênior, e só depois deste período fica autorizado a agir por conta própria, sem supervisão.

5. Qual foi o teu caso mais horripilante?

Dois casos me impressionaram muito. Um deles foi há dois anos, quando um atirador, usando uma máscara de gás, atirou em 70 pessoas em um cinema da cidade de Aurora, matando mais de 10 delas. Quando entramos no cinema o cenário era de terror. Outro caso impressionante foi a investigação de um sequestro de uma garota de 11 anos. A primeira evidência que achamos foi uma mochila e a segunda foi uma coisa horrível: o criminoso esquartejou o corpo dela em três e retirou todos os órgãos internos. Achamos o torso, sem nada dentro. Neste link, um gráfico detalhado sobre os crimes em Denver.

6. Alguma mémoria boa no meio de tanta tragédia?

Por incrível que pareça, uma das minhas melhores memórias vem de um dos dias mais tristes para os americanos, o 11 de setembro de 2011. Justo nesse dia conheci minha mulher, quando trabalha evacuando o aeroporto de Denver e ela trabalhava numa companhia aérea. Prova de que o amor pode estar nos lugares e horas mais improváveis!

 Neste link, uma lista com os melhores filmes com agentes do FBI.