Aproveite o Ano Novo budista para conhecer o Espaço Tibet

Espaço Tibet Lotus

respirar/sentir o sabor do que comer/caminhar/se chover, tomar chuva/não esperar nada acontecer/ser gentil com qualquer pessoa

 

Espaço Tibet

Feliz Ano da Ovelha de Madeira

 

 

espaco tibet bandeiras_gisele_teixeira

A gente chega e já fica mais leve. Foto Gisele Teixeira

Uma das minhas músicas preferidas, Num Dia, de Arnaldo Antunes, bem que podia ser um mantra tibetano.

Voltei com essa ideia depois de passar uma tarde no restaurante Espaço Tibet, em Três Coroas.

O pensamento tibetano tá muito nessa canção, só que de um jeito bem brasileiro.

E tem tudo a ver com o que eu quero para 2015: “estar”. 

Meu plano era somente descobrir os sabores desse país tão distante (Tibete, na versão “aportuguesada”). 

Mas se transformou num longo bate-papo sobre diferenças culturais com o chefe de cozinha tibetano Ogen Shak e a esposa Adriana (que viveu 14 anos no templo budista de Três Coroas, antes de os dois abrirem o restaurante).

A conversa terminou nas similitudes entre as duas nações. Afinal, amor, respeito, gentileza e bom humor não têm fronteiras.

Uma boa oportunidade de conhecer este espaço é agora em fevereiro, quando se celebra o Losar, Ano Novo, comemorado por todos os praticantes do budismo tibetano.

 

Quem é Ogen Shak

 

espaço tibet entrevista

Chás e sucos de frutas: a bienvenida!

tibet mapa

Para entender onde fica o Tibete.

Numa mesa ao ar livre, na sombra e com ventinho, começamos a degustar uma porção de pratos diferentes e a história, cinematográfica, do dono da casa.

Num português com sotaque carregadíssimo, mas mesclando palavras bem brasileiras, como “cara”, Ogen Shak conta que fugiu do Tibete em função da ocupação chinesa de seu país, iniciada em 1950.

Aos 16 anos, encarou uma aventura que parecia possível apenas em filmes. Atravessou o Himalaia a pé, carregando dois irmãos menores, em direção à Índia. Viu a morte de perto e quase perdeu os pés, congelados.

Artista plástico especializado em arte sacra tibetana, há sete anos veio dar no Brasil para pintar o templo budista de São Paulo.

Em passagem pelo Rio Grande do Sul, onde realizou pinturas no templo de Três Coroas, conheceu Adriana. Casaram, deixaram a vida monástica e abriram o restaurante.

Hoje, Ogen está (quase) totalmente adaptado à cultura gaúcha e brasileira. Toma chimarrão, come churrasco e cantarola letras de Jorge BenJor.

 

 O cardápio

espaço tibet momo

Momo, carinho de mãe

“Não oferecemos só comida, oferecemos aprendizado”. 

A comida chega e Ogen explica o que cada uma delas significa. Entre as aclarações, diz que os tibetanos não são vegetarianos – o que parece que é um equívoco de muita gente!

De tudo o que vi e provei, dois destaques. Um deles são os Mômos, uma entrada feita com massa leve e diferentes recheios, como frango, carne ou legumes, que é considerada um “carinho de mãe”, prato a ser servido para dar as boas-vindas aos visitantes.

Outra paixão foi a sobremesa, e eu nem sou de doces. Uma banana mesclada com castanhas e passas, acompanhada de sorvete.

Espaço Tibet sobremesa

Nota dez!

 

Ano Novo

No Tibete, utiliza-se o calendário lunar, ao contrário do Ocidente, que segue o calendário solar.

Por isso, a cada ano o Ano Novo Tibetano cai em um dia diferente (este ano, no dia 19 de fevereiro).

O ano que está se iniciando é o de 2142, Ano da Ovelha de Madeira.

Na tradição tibetana, a passagem do ano lunar é um momento muito especial que sinaliza o início de um novo ciclo, envolvendo uma série de preparações e rituais. Assim, para os praticantes do budismo tibetano, o Losar é uma ocasião muito auspiciosa, cujas atividades almejam a purificação espiritual.

Dia 19 de fevereiro é o dia do Losar, propriamente dito.

De acordo com o Centro Budista Tibetano, as oferendas, sejam elas de preces, de luzes (lamparinas), incensos, flores ou doações em dinheiro, visam promover, no praticante, o despertar da compaixão e da generosidade, bem como, a eliminação de obstáculos para todos os seres (para si próprio, para familiares, para pessoas falecidas etc).

O ato de se oferecer algo promove também a acumulação de muito mérito. Durante estes dias, acredita-se que os efeitos das ações positivas e negativas são multiplicados por 100 milhões de vezes; portanto, a prática de ações virtuosas é fortemente encorajada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Espaço Tibet fica na Rua Alagoas, 361, em Três Coroas, e é administrado por Ogyen, que foi trazido ao Brasil para coordenar a pintura de um templo tibetano em São Paulo em 2006 e sua esposa, Adriana Shak, que viveu 14 anos no templo budista de Três Coroas antes de abrir o restaurante e transformar a paixão em negócio. “Sempre procurei uma forma de divulgar meu país e a sua cultura”, diz Ogyen, que além de contar com dotes culinários é mestre na arte sacra tibetana.

 

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