Gastronomia portenha: a receita do “locro do Edu”

gastronomia locro

Foto: Gisele Teixeira

 

Aberta a temporada de locros! O locro é um prato bem calórico e de inverno, que tem como base uma variedade de milho branco, feijão branco e abóbora. É consumido em toda a zona da Cordilheira dos Andes, da Argentina até o sul da Colômbia.

Dizem que nasceu entre os Quéchuas, no alto Peru, atual Bolívia, e que era inicialmente vegetariano – tendo em vista que essa região tinha como base a alimentação o milho, os grãos e a batata.

Com a chegada dos espanhóis, a receita original foi modificada com a adição de carnes e linguiças, e de um molho (quiquirimichi) que se prepara com gordura derretida, pimentão, páprica picante e cebolinha, ingredientes da comida espanhola.

No livro “Tradiciones y recuerdos de Buenos Aires”, o escritor argentino Manuel Bilbao relata que o locro já era mencionado lá pelo ano de 1800.

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Nessa época pipocam concursos  para ver quem faz o maior locro do mundo!

 

É um prato que se come especialmente nas datas nacionais – como o 9 de juho e o 25 de maio – uma tradição argentina que nós não temos no Brasil – uma forma de celebrar o encontro da gastronomia crioula com a trazida pelos imigrantes.

locro também marca a chegada dos primeiros frios (que este ano estão atrasados) e a primeira grande reunião de amigos na época de inverno. Hoje tem locro de novo aqui em casa, para receber um primo francês do Edu que mora na Rússia, e visita a Argentina pela primeira vez.

Aproveito para compartilhar a receita, umas fotos, e também um pequeno texto o Edu fez para o blog.

Llegó el invierno, y con él, el tiempo del locro. El alimento súper latinoamericano, dulce, calórico, amable, que nos hermana con el maíz, blanco y amarillo, el zapallo, la panceta, la cebolla y las carnes pobres. Comida que generalmente motiva reuniones de amigos, y se acompaña con un buen vino tinto y pan.

Es el equivalente a la feijoada y se puede degustar en muchísimos restaurantes, cada uno con sus pequeñas variaciones a la receta madre, siempre coronado con la roja salsita de cebolla de verdeo y pimentón.

Mi favorito es el de Ña Serapia, pequeño local fuera del circuito turístico, con un breve menú de riquísimas comidas del Norte argentino. Pero también lo hacen muy bien en el famoso El Sanjuanino, meca adonde peregrinan tantos brasileros a probar empanadas fritas.

Aunque yo no lo hago nada mal…

 

Receita de Locro por Eduardo Baró 

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Tudo picadinho!

Ingredientes

  • Milho branco quebrado – 300g
  • Grão de bico – 250 g
  • Feijão branco – 250g
  • Abóbora – 1/2kg
  • Alho poró – 1 grande
  • Cebolinha – 1 maço
  • Cenoura – 3 grandes
  • Pata de porco cortada em quatro – 1 ou duas (opcional, como na feijoada)
  • Carne de porco magra – 400g
  • Linguiça previamente ferida – 1
  • Choriço colorado (paio) – 1
  • Bacon defumado – 150g
  • Alho – cinco dentes
  • Cebola – 1
  • Pimentão verde e vermelho – 1 de cada

 

[headline]Modo de Fazer[/headline]

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Hoje ficou assim!

Deixar os grãos 12 horas de molho. Cozinhá-los separadamente (porque têm diferentes tempos de cozimento), com um dente de alho e duas filhas de louro. Picar as verduras e refogá-las com cebola, alho e todos os temperos que quiser (pimenta, se quiser). Agregar as carnes, cortadas em pedaços pequenos, mesclar com as verduras e adicionar os grãos, com um pouco da água de cozimento. Adicionar grãos de milho verde e branco. Cozinhar a fogo lento por uma hora, mexendo de vez em quando para não pegar no fundo da panela. Tem que ficar uma consistência bem cremosa.

Molho para por em cima: cebolinha cortada bem miúdo, páprica, sal, azeite de oliva e uma colher de água fria. Misturar bem.

1 Comment

  • ayr disse:

    Receita anotada! Vou me arriscar a fazer. Se bem que me arrependo de não feito um monte de tapeué congelada com o locro do seu Edu (eu tive a honra de filar bóia!) e trazer na mala. Prato para lá de especial, preparado por um chef de mão cheia.

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