La Chicana, sem fronteiras

La Chicana

O grupo argentino La Chicanaformado por Dolores Solá e Acho Estol, prepara um presente aos brasileiros, e em especial aos gaúchos: um disco inteirinho de temas que fazem ponte entre os dois países, com a participação de Bebeto Alves, Hique Gomes, Arthur de Faria e Vitor Ramil, entre outros.

A obra será lançada em 2016, mas apresentada com exclusividade, este ano, no Festival de Jazz de Canoas, no final de novembro. Na lista das canções a serem gravadas está até Dois mil e um (2001), dos Mutantes.

O La Chicana, que divide o palco com Bebeto Alves amanhã, domingo, em Buenos Aires, acaba de lançar também seu sexto disco, “Antihéroes y Tumbas – Historias del Gótico Surero”,  onde mostra todo seu ecletismo. 

Confira abaixo a entrevista que eles deram ao Aquí me Quedo.

1. Dá para adiantar como será o disco em parceria com músicos e intérpretes brasileiros?

Lola – Essa é uma ideia de Luciano Alabarse, secretário de Cultura de Canoas, e de Carlos Villalba, produtor argentino e atual curador do Centro Cultural Kirchner. A obra ainda não tem nome, mas contará com a participação de Bebeto Alves, Hique Gomes, Arthur de Faria e Vitor Ramil, entre outros. A ideia ainda não está totalmente fechada, o que significa que ainda estamos contanto com outros músicos.

2. Que músicas entram no disco?

Acho – O disco é assim: a gente vai fazer as músicas brasileiras, com algum convidado, e os brasileiros terão maior participação nas nossas. Vamos gravar Chamamecero, de Mauro Moraes, que o Bebeto tá mostrando aqui no show Mandando Lenha, e o Bebeto, por outro lado, vai cantar uma zamba minha. Também vamos gravar 2001, dos Mutantes, e uma música que compusemos juntos com Arthur de Faria, chamada El Raton Gastón. No próximo disco de Arthur, aliás, também tem um tema  fruto dessa parceria, chamado El Faquir – letra minha e música dele. É tudo bem eclético, como a gente.

3. Como nasceu esta relação tão estreita com o Rio Grande do Sul?

Lola –  A gente foi a Porto Alegre pela primeira vez há muitos anos, e foi quando conhecemos toda essa turma – o Bebeto, o Hique, o Toninho Villerroy. Uma surpresa descobrir o audaz trabalho que vinham fazendo, a liberdade que tinham de brincar com a milonga, o que aqui em Buenos Aires não existia.  Brincar com as raízes, mesclar tudo com o rock, e abordar o folclore a partir da nossa geração e com todas as influências musicais que tínhamos tido. Foi um encontro que nos alegrou muito. Ou seja, tivemos que ir a Brasil para encontrar músicos que estavam na mesma busca que a gente, uma relação que só ficou mais forte com o passar dos anos.

4. Alguém mais que vocês estejam escutando do Sul?

Acho – Me interessa muito, por exemplo, o trabalho do Júpiter Maçã, que me parece genial e com o qual me sento muito identificado, já que temos esta pegada roqueira. O Luciano Alarbase me passou um som dele, e me encantou.

5. Como será o show com Bebeto?

Acho – O Bebeto vai incluir dois tema de La Chicana (um chamamé e uma milonga, minhas, com Lola). Depois, nós participamos de dois temas dele. No final, terminamos com Vuelvo al Sur, que já cantamos no Porto Alegre em Cena. Vai ser um show muito bacana!

O grupo já estive 12 vezes no Brasil, mas para quem inda não os conhece, o La Chicana é um duo de tango que aporta um olhar roqueiro  e experimental (não deixem de escutar Buenosaurios!) a temas clássicos e, obviamente, novos. Além disso, está entre os que mais investem em composições próprias. Acho Estol é um dos expoentes dos novos compositores de tango, com mais de 45 temas cantados por pesos-pesados, como Tata Cedrón e Lídia Borda.

La Chicana

Capa do disco novo, com foto de Marcos Zimmermann

No disco novo, além de vários temas de Acho, há uma canção de Índio Solari (El Tesoro de los Inocentes), uma versão instrumental de Danza Rusa, de Tom Waits, e ainda Lili Marlene (cujo arranjo inclui um extrato da Nona Sinfonia de Beethoven).

É Dolores Solá (Lola), quem comenta o disco:

En el universo que proponemos,el tango (al que pensamos como folklore y sus primos hermanos, el vals, la canción criolla y la milonga) se encuentra con ritmos del norte y litoral argentino como chamamé, chamarrita y chacarera. Pero también somos un grupo de música popular argentina, e incluimos canciones extranjeras (desde “tangos” berlineses a parientes cercanos como el pasodoble y la cumbia). Seguimos el ejemplo de Gardel y de los cantores nacionales, que cantaban jotas, shimmy, foxtrot, chacarera, estilo, fado, todo mezclado con los clásicos del tango. Tal vez la decadencia de las disquerías y las nuevas formas de comunicación nos puedan salvar de este problema (comercial, no artístico) de no pertenecer a una batea clara, de caer automáticamente en la batea de Tango, al lado de Charlo”.

La Chicana

Foto: Marcos Zimmermann

 

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