O Rio de Janeiro que você ainda não conhece

rio de janeiro foto eduardo baro

Os bairros de Gamboa e Saúde, no Rio de Janeiro, foram redescobertos depois da restauração da Praça Mauá e fazem parte do chamado Distrito das Artes do Porto. Abaixo, alguns lugares da região para você descobrir na próxima viagem.

gamboa rio de janeiro

Foto de Eduardo Baró

Praça Mauá

Esta praça – que fica na zona portuária do Rio de Janeiro, foi reaberta após quatro anos em obras e promete ser o novo point carioca. São 25 mil metros quadrados de área, com vista para a Baía de Guanabara. Está linda e com um astral meio “lisboeta”. A região conta também com o Museu do Amanhã, muito impressionante. De arquitetura futurista, o espaço foi projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava e é totalmente interativo, pensado para debater o futuro e questões como mudanças climáticas, crescimento e longevidade populacionais. Com 30 mil metros quadrados, tem jardins, espelhos d’água e reutiliza os recursos naturais e captação de energia solar.  www. portomaravilha.com.br. 

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Foto Eduardo Baró

Praça Mauá restaurada rio de janeiro foto eduardo baró

Vista da praça desde o MAR. Foto Eduardo Baró.

Museu do Amanhã. Foto Eduardo Baró.

Mesmo em obras, o Museu do Amanhã é impressionante. Foto Eduardo Baró.

MAR

Bem na praça está também o Museu de Arte do Rio, o MAR, que já entrou para lista de lugares que “tem que ir” sempre que chegamos ao Rio. Além da exposição permanente, que é linda, tem mostras temporárias de primeira. Praça Mauá, 5 – Centro. www.museudeartedorio.org.br

MAR Foto Thales Leite

Foto Thales Leite

Pedra do Sal

Considerada berço do samba carioca, a Pedra do Sal, ao fim da Rua Argemiro Bulcão, ainda é ponto de encontro de sambistas da cidade. Tem este nome porque o sal era descarregado na rocha por africanos escravizados no século XVII. Os degraus foram esculpidos para facilitar o trabalho de subir na pedra lisa. A partir da segunda metade do século XIX, estivadores se reuniam no local para cantar e dançar. Na Pedra do Sal, surgiram os primeiros ranchos carnavalescos, afoxés e rodas de samba. Por ali passaram grandes nomes da música, como João da Baiana, Pixinguinha e Donga. Em 20 de novembro de 1984, dia da Consciência Negra, foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). Nas segundas e sextas-feiras, a partir ds 19h, rola um samba bom demais da conta. Largo do São Francisco da Prainha – Saúde

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O sambinha começando a ser armado. Foto Eduardo Baró

Angú do Gomes

Eu não gosto de angú, mas deixo a dica porque este é um dos mais famosos do Rio e foi testado – e aprovado – por gente do porte de Juscelino Kubitschek e Tom Jobim. Sinônimo de tradição carioca, o prato é preparado à base de fubá e recebe recheios variados como carne e frango (mas também tem uma opção vegetariana). Até 1977, o famoso Angu do Gomes era oferecido somente em barraquinhas espalhadas por toda a cidade, até que abriu a “sede” no caminho para a Pedra do Sal. Conta a história que Sérgio Mendes, Tom Jobim e o produtor musical Armando Pittighani se encontravam com freqüência na Praça XV para comer o angu na famosa carrocinha. Segundo o produtor, foi dessa união entre músicos e angu que nasceu o que veio a ser chamado de samba-jazz. Rua Sacadura Cabral – Largo de São Francisco da Prainha, 17

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Fotos: Divulgação Angú do Gomes

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Trapiche Gamboa

Essa casa é um charme! Foi uma das pioneiras a investir no bairro da Gamboa. No primeiro andar, uma roda de samba como a dos antigos terreiros, sem palco, divide espaço com o bar. Já o segundo andar é composto por um mezanino, que serve para quem deseja um ambiente mais tranquilo para conversar. E um andar acima, uma varanda oferece ar fresco com um barzinho à disposição. A programação é 10 e leva nomes como o bárbaro Lúcio Sanfilippo, que faz a alegria da galera com a sua grande roda de samba, coco, jongo, ciranda, e maracatu. Amei! Sacadura Cabral, 14 – Gamboa. www.trapichegamboa.com

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Foto: Divulgação Trapiche Gamboa

 

Instituto Gamboa e Galpão Gamboa

Aos pés do Morro da Providência, este lugar é pilotado pelo ator Marco Nanini e pelo produtor teatral Fernado Libonati. Abriu em 2010 e desde então faz as vezes de centro cultural e teatro. Há uma sala de ensaios, sala de espetáculos com capacidade para público de 120 pessoas, camarim, um ateliê de costura, uma cantina e espaço para montagem de cenários. O terceiro andar é reservado para atividades físicas, com finalidade social. O “Galpão” oferece aulas de muai-thai para jovens de 8 a 16 anos, além de ioga e curso de corte e costura para a comunidade. Rua da Gamboa, 279 – Gamboa. www.galpaogamboa.com.br

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Foto: Divulgação Galpão Gamboa

Cemitério dos Novos Pretos

Durante uma obra de restauração, em 1996, os moradores de uma antiga casona da rua Pedro Ernesto tiveram uma surpresa: encontraram milhares de fragmentos de ossos da época da escravatura. Descobriram que o lugar havia sido o Cemitério dos Pretos Novos (nome dado aos cativos recém-chegados da África.), que funcionou entre os anos de 1769 e 1830. Neste lugar eram enterrados os negros recém-chegados à colônia, mortos ou doentes devido aos maus tratos durante a travessia do Atlântico.

Hoje é considerado o maior cemitério de escravos das Américas. Estima-se que entre 20 a 30 mil pessoas tenham sido enterrados por lá (na verdade os corpos eram jogados em valas e queimados). Além de ossos humanos, encontraram também pertences da população, como restos de alimentos e objetos de uso cotidiano descartados pela população. Hoje na casa funciona Instituto Pretos Novos (IPN), um centro cultural para o resgate da história da cultura africana, que oferece ainda cursos e oficinas, além de uma biblioteca sobre a temática negra. Rua Pedro Ernesto, 36 – Gamboa www.pretosnovos.com.br

Fábrica Behring

A construção, de 1930, já foi uma fábrica de doces e, após anos de abandono, foi retomada por artistas que a transformaram em atelier. Atualmente, 60 artistas – fotógrafos, ceramistas, estilistas, escritores – ocupam e dividem a área de 20 mil metros quadrados. Eventos pontuais abrem as portas dos ateliers para visitação pública. Rua Orestes, 28 – Santo Cristo www.fabricabhering.com.br

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Durante anos abandonada, agora reúne 60 artistas

Cais do Valongo e Jardim Suspenso do Valongo

O Cais do Valongo foi criado em 1811 para retirar da Rua Direita, atual Primeiro de Março, o desembarque e comércio de africanos escravizados. O mercado de escravos se intensificou a partir da construção do Cais, porta de entrada de mais de 500 mil africanos, em sua maioria, vindos do Congo e de Angola, Centro-Oeste africano.  Com as reformas urbanísticas da cidade no início do século XX, o Cais foi aterrado em 1911. Um século depois, em 2011, as obras de reurbanização do Porto permitiram o resgate do sítio arqueológico, agora monumento preservado e aberto, atendendo a uma antiga reivindicação do Movimento Negro.

 Conheça todo o Circuito da Celebração da Herança Africana.