Os bairros de Gamboa e Saúde, no Rio de Janeiro, foram redescobertos depois da restauração da Praça Mauá e fazem parte do chamado Distrito das Artes do Porto. Abaixo, alguns lugares da região para você descobrir na próxima viagem.
Praça Mauá
Esta praça – que fica na zona portuária do Rio de Janeiro, foi reaberta após quatro anos em obras e promete ser o novo point carioca. São 25 mil metros quadrados de área, com vista para a Baía de Guanabara. Está linda e com um astral meio “lisboeta”. A região conta também com o Museu do Amanhã, muito impressionante. De arquitetura futurista, o espaço foi projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava e é totalmente interativo, pensado para debater o futuro e questões como mudanças climáticas, crescimento e longevidade populacionais. Com 30 mil metros quadrados, tem jardins, espelhos d’água e reutiliza os recursos naturais e captação de energia solar. www. portomaravilha.com.br.
MAR
Bem na praça está também o Museu de Arte do Rio, o MAR, que já entrou para lista de lugares que “tem que ir” sempre que chegamos ao Rio. Além da exposição permanente, que é linda, tem mostras temporárias de primeira. Praça Mauá, 5 – Centro. www.museudeartedorio.org.br
Pedra do Sal
Considerada berço do samba carioca, a Pedra do Sal, ao fim da Rua Argemiro Bulcão, ainda é ponto de encontro de sambistas da cidade. Tem este nome porque o sal era descarregado na rocha por africanos escravizados no século XVII. Os degraus foram esculpidos para facilitar o trabalho de subir na pedra lisa. A partir da segunda metade do século XIX, estivadores se reuniam no local para cantar e dançar. Na Pedra do Sal, surgiram os primeiros ranchos carnavalescos, afoxés e rodas de samba. Por ali passaram grandes nomes da música, como João da Baiana, Pixinguinha e Donga. Em 20 de novembro de 1984, dia da Consciência Negra, foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). Nas segundas e sextas-feiras, a partir ds 19h, rola um samba bom demais da conta. Largo do São Francisco da Prainha – Saúde
Angú do Gomes
Eu não gosto de angú, mas deixo a dica porque este é um dos mais famosos do Rio e foi testado – e aprovado – por gente do porte de Juscelino Kubitschek e Tom Jobim. Sinônimo de tradição carioca, o prato é preparado à base de fubá e recebe recheios variados como carne e frango (mas também tem uma opção vegetariana). Até 1977, o famoso Angu do Gomes era oferecido somente em barraquinhas espalhadas por toda a cidade, até que abriu a “sede” no caminho para a Pedra do Sal. Conta a história que Sérgio Mendes, Tom Jobim e o produtor musical Armando Pittighani se encontravam com freqüência na Praça XV para comer o angu na famosa carrocinha. Segundo o produtor, foi dessa união entre músicos e angu que nasceu o que veio a ser chamado de samba-jazz. Rua Sacadura Cabral – Largo de São Francisco da Prainha, 17.
Trapiche Gamboa
Essa casa é um charme! Foi uma das pioneiras a investir no bairro da Gamboa. No primeiro andar, uma roda de samba como a dos antigos terreiros, sem palco, divide espaço com o bar. Já o segundo andar é composto por um mezanino, que serve para quem deseja um ambiente mais tranquilo para conversar. E um andar acima, uma varanda oferece ar fresco com um barzinho à disposição. A programação é 10 e leva nomes como o bárbaro Lúcio Sanfilippo, que faz a alegria da galera com a sua grande roda de samba, coco, jongo, ciranda, e maracatu. Amei! Sacadura Cabral, 14 – Gamboa. www.trapichegamboa.com
Instituto Gamboa e Galpão Gamboa
Aos pés do Morro da Providência, este lugar é pilotado pelo ator Marco Nanini e pelo produtor teatral Fernado Libonati. Abriu em 2010 e desde então faz as vezes de centro cultural e teatro. Há uma sala de ensaios, sala de espetáculos com capacidade para público de 120 pessoas, camarim, um ateliê de costura, uma cantina e espaço para montagem de cenários. O terceiro andar é reservado para atividades físicas, com finalidade social. O “Galpão” oferece aulas de muai-thai para jovens de 8 a 16 anos, além de ioga e curso de corte e costura para a comunidade. Rua da Gamboa, 279 – Gamboa. www.galpaogamboa.com.br
Cemitério dos Novos Pretos
Durante uma obra de restauração, em 1996, os moradores de uma antiga casona da rua Pedro Ernesto tiveram uma surpresa: encontraram milhares de fragmentos de ossos da época da escravatura. Descobriram que o lugar havia sido o Cemitério dos Pretos Novos (nome dado aos cativos recém-chegados da África.), que funcionou entre os anos de 1769 e 1830. Neste lugar eram enterrados os negros recém-chegados à colônia, mortos ou doentes devido aos maus tratos durante a travessia do Atlântico.
Hoje é considerado o maior cemitério de escravos das Américas. Estima-se que entre 20 a 30 mil pessoas tenham sido enterrados por lá (na verdade os corpos eram jogados em valas e queimados). Além de ossos humanos, encontraram também pertences da população, como restos de alimentos e objetos de uso cotidiano descartados pela população. Hoje na casa funciona Instituto Pretos Novos (IPN), um centro cultural para o resgate da história da cultura africana, que oferece ainda cursos e oficinas, além de uma biblioteca sobre a temática negra. Rua Pedro Ernesto, 36 – Gamboa www.pretosnovos.com.br
Fábrica Behring
A construção, de 1930, já foi uma fábrica de doces e, após anos de abandono, foi retomada por artistas que a transformaram em atelier. Atualmente, 60 artistas – fotógrafos, ceramistas, estilistas, escritores – ocupam e dividem a área de 20 mil metros quadrados. Eventos pontuais abrem as portas dos ateliers para visitação pública. Rua Orestes, 28 – Santo Cristo www.fabricabhering.com.br
Cais do Valongo e Jardim Suspenso do Valongo
O Cais do Valongo foi criado em 1811 para retirar da Rua Direita, atual Primeiro de Março, o desembarque e comércio de africanos escravizados. O mercado de escravos se intensificou a partir da construção do Cais, porta de entrada de mais de 500 mil africanos, em sua maioria, vindos do Congo e de Angola, Centro-Oeste africano. Com as reformas urbanísticas da cidade no início do século XX, o Cais foi aterrado em 1911. Um século depois, em 2011, as obras de reurbanização do Porto permitiram o resgate do sítio arqueológico, agora monumento preservado e aberto, atendendo a uma antiga reivindicação do Movimento Negro.