Com 117 netos recuperados, as Avós da Praça de Maio (Abuelas de la Plaza de Mayo) celebram seus 38 anos de trabalho hoje, 22 de outubro – Dia Nacional do Direito à Identidade.
Para quem quer conhecer melhor esta história, indico os micros documentários Acá estamos, de três minutos, que contam a vida de cada uma das crianças encontradas e uma série chamada “99,99% – La Ciencia de las Abuelas”, que resgata um lado menos conhecido destas senhoras: a busca pelos métodos científicos que permitiram comprovar estas identidades.
Quando as avós começaram a buscar os cerca de 500 bebês roubados dos pais durante a última ditadura militar, ainda na década de 1970, se depararam com um problema. Tinham nada mais que fotos e lembranças.
Mesmo que os encontrassem, não haveria como comprovar suas filiações verdadeiras, tendo em vista que os pais estavam mortos ou desaparecidos.
Então se perguntaram: existe um elemento constitutivo do sangue que só aparece em pessoas pertencentes à mesma família? Foram atrás de geneticistas. Bateram em muitas portas.
Somente no ano de 1982 passaram por 12 países, entre eles França, Alemanha e Inglaterra, até que chegaram Blood Center de Nova Iorque e à Associação Americana para o Avanço da Ciência em Washington.
Graças a eles, um ano depois, encontraram um método que permite chegar a um percentual de 99,9% de probabilidade, mediante análises específicas de sangue. Era criado neste momento o “índice de abuelidad”, que ficou famoso no mundo. É bom lembrar que ainda faltava um tempo para que os segredos dos genes e do DNA viessem à tona como agora.
Em dezembro de 1983, no primeiro dia hábil de democracia, as Abuelas de la Plaza de Mayo obtiveram uma ordem judicial para analisar o sangue de uma menina, Paula Eva Logares, que elas tinham certeza era filha de desaparecidos. Foi o primeiro caso comprovado. Nunca mais pararam.
Exigiram a exumação de cadáveres, ajudaram a criar a Equipe Argentina de Antropologia Forense, fundaram o Banco Nacional de Dados Genéticos e, principalmente, ajudaram na descoberta do DNA mitocondrial, tema sobre o qual podem dar até aulas!
Não há espaço para detalhes técnicos na coluna, mas está tudo aqui, no livro “Las abuelas y la genética”,que pode ser baixado gratuitamente AQUI.
O trabalho que elas fizeram foi fundamental não somente para a restituição de identidade como para o julgamento dos genocidas. E muito mais para os geneticistas, que admitem publicamente que sem as avós não teriam chegado tão longe. AQUI há boas explicações científicas e um ótimo vídeo.
Vários outros documentários sobre estas guerreiras, AQUI.
Las Abuelas y la Comisión Americana por el Avance de la Ciencia
El ADN y las nuevas tecnologías
La atención psicológica
Antes y después: La nueva identidad
El EAAF y las nuevas tecnologías
Los medios y la construcción de sentido sobre la apropiación
Encontrar a los nietos: Las campañas de las Abuelas
La ciencia de las Abuelas: Otros usos sociales
Post publicado em agosto de 2012, no Blog do Noblat, e atualizado em outubro de 2015
ESTELA DE CARLOTO Y LA FUNDACIÓN ABUELAS DE MAYO ,QUE ELLA PRESIDE, SON UN EJEMPLO PARA EL MUNDO. Y ESTELA DE CARLOTO
TODAVÍA NO HA PODIDO RECUPERAR A SU NIETO….
Achei exelente esta materia .Qta alegria vai dar a mtas familias.
Que historia Gisele! Encantada com teus textos ! Podias escrever um livro , que tal ?