Entre as décadas de 1920 e 1930 surge na Europa um movimento perfeitamente adaptado às cidades em vertiginoso crescimento no Novo Mundo: a Arquitetura Moderna, baseada no Funcionalismo e fortemente influenciada pelo Racionalismo e pela Bauhaus, com origem na Alemanha.
Buenos Aires, junto com Nova Iorque, Brasília e Montevidéu, está entre as cidades com mais exemplos desta escola no mundo.
Entre as características da arquitetura desta época estava a preferência às formas geométricas e a ausência de ornamentação. Um de seus princípios era “Form Follows Function”: a forma segue a função.
Em Nova Iorque, o estilo arquitetônico saltou do Art Decô ao International Style, marcado pelos arranha céus de aço e cristal de Mies Van der Rohe (“Less is More”), pulando a estética Funcionalista, muito presente em Buenos Aires.
No Brasil, o Racionalismo teve forte influência de Le Corbusier e foi interpretado – ou tropicalizado – por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa desde o início, com o Ministério da Educação no Rio de Janeiro, o Instituto Moreira Sales, as residências do Parque Guinle e as jóias arquitetônicas de Brasília.
Os exemplos em Buenos Aires são fartos. O movimento Funcionalista ou Racionalista foi adaptado imediatamente pelos construtores, clientes e gestores da nova cidade, que crescia inexoravelmente para cima.
Elegi quatro exemplos, os meus preferidos: o edifício Kavanagh, na Praça San Martín; o cinema Gran Rex, na Avenida Corrientes; o prédio com Ateliers para artistas da rua Paraguay esquina Suipacha e a casa Forner-Bigatti, em San Telmo, que visitamos recentemente, durante o Open House Buenos Aires, uma iniciativa fantástica que abre ao público preciosidades da arquitetura portenha.
A casa Forner-Bigatti, de 1936, está justo na Praça Dorrego, e albergava o estúdio da pintora Raquel Forner e do escultor Alfredo Bigatti. Foi construída num pequeno terreno, mas guarda inumeráveis surpresas e situações. Se nota a maneira de conceber o espaço como um passeio arquitetônico, com harmonias de proporção, mudanças de alturas de acordo com a função do espaço e “desmaterialização” das esquinas, tratadas com curvas suaves ou vidros.
Buenos Aires é um catálogo interminável de exemplos de arquitetura cosmopolita. Percorrer suas ruas e contemplá-las é grátis e enriquecedor. Visitá-las, um presente inesperado.
Para saber mais sobre este tema, uma boa fonte é o site Moderna Buenos Aires, que traz um listado de edifícios deste movimento, construídos entre 1930 e 1970 e catalogados pela Comissão de Arquitetura do CPAU (Conselho Profissional de Arquitetura e Urbanismo). Em cada obra você vai encontrar os dados básicos, como ano de construção, autor e localização, além de material gráfico complementar, a exemplo de fotos e plantas.
Dá para pesquisar por autor, uso, bairro e até por década.
Adorei! Demais esse projeto, Moderna Buenos Aires. Dá vontade de fazer um tour arquitetônico na minha próxima ida a essa cidada maravilhosa 🙂
Bienvenida Lina! Na verdade a gente fala muito da Buenos Aires Art Nouveau, mas a Moderna também e suuuuper interessante. Vem que o Edu te mostra!
Tour pela arquitetura bizarra: amei! Edu sabe muito sobre essa cidade, foi uma honra ter feito aquele passeio na companhia de vocês!