Nikkei, chifa, africana, de selva, criolla. A comida peruana é múltipla e cheia de influências e talvez por isso Lima seja a capital gastronômica do momento. Antes de escolher os restaurantes, entenda primeiro essa suculenta mistura.
Paradinha estratégica nos posts de história para falar de gastronomia. Por uma razão: eu fui pra Lima para comer! E esse não é um motivo menor.
As raízes gastronômicas do Perú abarcam quatro continentes, um périplo que começa na América, com os ancestrais incas, passa pela Europa, com a herança espanhola e algumas pitadas italiana, segue pela África, com a presença escrava, e se completa na Ásia, com as ondas de imigração da China e Japão que inundaram o Perú a partir do século XIX.
Se a gente for falar de ingredientes, os produtos chegam desde o oceano Pacífico até a selva amazônica, passando pela Cordilheira dos Andes, desertos e lagos.
Não, não é pouca coisa. São mais de 2.000 tipos de peixes, 1.500 variedades de batata, 15o tubérculos, em torno de 500 frutas, 35 tipos de milho e hortaliças com presença muito forte, como o ají e o rocoto (bem picante), além de cereais como a quinua (em diferentes cores e sabores).
Casa da Gastronomia Peruana
Anticucho, tacu-tacu, carapulcra. Não faça como eu, que olhava os cardápios e não entendia nada.
Comece com uma visita à Casa de la Gastronomía Peruana, que faz um passeio pela história das comidas do país, da época pré-hispânica até hoje. Oferece ainda um mapa com informaçoes sobre a oferta culinária por regiões e influências. Reportagens, entrevistas com os principais chefes, etc. Imprescindível. E ainda tem lojinha com livros de receitas. Informações aqui.
Mercado de Surquillo
Já tá sacando um pouco? Então vá tocar, cheirar, surpreender-se com os estranhos ingredientes e frutas e temperos da cozinha peruana no Mercado de Surquillo. Fotografe. Pergunte. Observe. Raízes que a gente nunca viu, galinhas e carnes penduradas, batatas raras, chás. O povo que trabalha nas bancas não é muito simpático, mas quem se importa? É de fácil acesso, no bairro de Miraflores. Ver Mercado de Surquillo no Google Maps.
A cozinha de Lima (com informações de Peru.travel)
Por estar do ladinho do mar, os peixes são a estrela da cozinha limenha, com destaque para o ceviche, orgulho nacional. Somente na capital são mais de 1.500 cevicherias, como são chamados os lugares especializados em peixes e mariscos.
Ou seja, o ceviche é a primeira coisa que você tem que provar. É um peixe cru (peça o linguado!), preparado com limão, e servido com muita cebola, milho branco e uma batata doce chamada camote. Se você não gosta nem de cebola nem de peixe cru, não se assuste. Eu também não gostava e tô viciadinha.
Outra boa opção é o tiradito, também cru, mas com o aporte da cultura japonesa, de aspecto similar ao carpaccio, servido com molho picante frio e ácido – e sem cebola! Mas tem ainda mariscos, mexilhões, camarões, atum e tudo o que puder ser trazido do mar.
Para quem gosta de mais substância, a fusão indígena-hispânica criou pratos como a causa limenha (amei), um purê de batatas recheado com carne de ave, marisco ou abacate e tomate; e o aji de galinha (galinha na pimenta ají), um guisado de pimenta ají, leite, pão e especiarias com peito desfiado (mas que também pode ser com camarão, por exemplo).
A presença africana aportou o uso de vísceras de vaca – eu passo! – que originaram os célebres anticuchos, espetinhos de coração de vaca fritos sobre grelha no carvão. Ainda o cau cau, um guisado de bucho e batatas, o tacu tacu, feijões cozidos misturados com arroz, com carnes ou marisco de recheio ou em cima.
A influência chinesa também gerou novas propostas culinárias como o arroz chaufa, cozido e frito em molho de soja com pequenos pedaços de frango, porco, ovo e cebolinha; e o lomo saltado (lombo refogado), fritura de batata, carne, cebola, tomate e pimenta ají, temperada com molho de soja. Para provar pratos deste estilo, vá num “chifa”, que é como se chamam os restaurantes de comida chinesa em Lima.
Aproveite para seguir descobrindo receitas peruanas! Quando você tiver com água na boca, chega o nosso post de restaurantes, com os aprovados e a lista que o chef Mitsuharu Tsumura, do Maido, um dos melhores japoneses de Lima, preparou especialmente para o blog.
Nossa, que post lindo e delicioso! Água na boca!