Todo mundo faz cara de espanto quando conto que comecei a fazer um curso de Historia Social e Política do Tango Argentino. Mas o que uma coisa tem a ver com a outra? Leia a seguir.
“O tango é mais que um gênero musical: é uma experiência de sentido, uma forma de construção valorativa, um modelo de identidade. Sua história – desde os primeiros tangos nos prostíbulos, até a chegada de Astor Piazzolla – está necessariamente vinculada às condições políticas e sociais que se dão na Argentina, em especial em Buenos Aires, ao longo de mais de 100 anos”.
As palavras são de Gustavo Varela, coordenador do curso de Historia Social e Política do Tango Argentino, que comecei na Flacso (veja o programa), e autor do livro Tango y política. Sexo, moral burguesa y revolución en Argentina, que será lançado na próxima terça-feira, no Centro Cultural de la Cooperación.
Gustavo Varela é o “filósofo” do tango. Além de pesquisador, é apresenta também o programa de rádio Demoliendo Tangos, na AM 750. Recomendadíssimo.
Tango e Política
Ele diz que o “cimento” do tango é a vida política argentina. “De todo o tango, não de uma parte ou de algumas composições”. Destaca que “o tango nasce com cinturas apertadas e lascivas, na década de 1880, com o Estado argentino; torna-se canção em 1916: sentença mora, mãe e esquina com Hipólito e o povo no poder; até 1955, quando Perón é derrotado e o o peronismo sofre um exílio interior e Piazzolla inventa outro tango, mais complexo, mais abstrato”.
Pano pra muita manga!
Disso se trata o livro, acrescenta, “de iluminar o tango a contraluz do tempo histórico e ver”.