Todos os sábados, cerca de 60 vizinhos de Barracas sobem ao palco para celebrar o casamento de Anita e Mirko, uma peça de teatro comunitário há 18 anos em cartaz!
Você é amiga do noivo ou da noiva?
Uma senhora, com vestido todo de lantejoulas, me pega de surpresa na fila do galpão do Circuito Cultural Barracas. É um alerta: já estamos em “cena”.
Sábado à noite no bairro de Barracas, casais, famílias, crianças, convites á mão, todos esperam para entrar ao salão de festas onde será celebrado o Casamento de Anita e Mirko, a união dos “Scarpini”, a família de Anita, descendentes de italianos, com os parentes do Mirko, de origem origem russa.
Está dado o roteiro. As diferenças culturais das duas nacionalidades, mas também com a celebração do passado imigrante do bairro, a riqueza da diversidade e da tolerância entre os povos. Divertidíssimo.
A entrada inclui comida (empanadas e sanduíches de miga), vinho, muita dança e risadas. Quem quiser, pode aproveitar que o juiz de paz está na área e casar também.
O Casamento de Anita e Mirko é uma produção do Circuito Cultural Barracas (CCB), um dos grupos pioneiros, junto com o Catalinas Sur, do teatro comunitário na Argentina – um teatro caracterizado por ser feito por vizinhos e para vizinhos, com atores não profissionais, de todas a idades e classes sociais.
Em geral, eles representam uma obra teatral também de criação coletiva, que pode ser a história do bairro, da cidade ou do povo ao qual pertencem. A ideia é ajudar no processo de construção de uma identidade. “Uma forma de projetar o futuro é saber de onde viemos, qual a nossa raiz, a nossa história”, diz Ricardo Talento, diretor do CCB. Hoje, a Argentina tem uma Rede Nacional de Teatro Comunitário, com mais de 50 grupos.
O grupo de Barracas surgiu em 1996, às vésperas da pior crise econômica do país, e é composto por mais de 300 pessoas – nem todas em cena ao mesmo tempo.
Na época, a ideia era recuperar um pouco a alegria do encontro. Começaram tocando as campainhas da casas e chamando os vizinhos para participar das oficinas de teatro, música, murga, malabares. Primeiro chegaram as crianças, depois os professores, por fim os pais e o restante da comunidade – o açougueiro, a manicure, o vendedor de jornais.
Uma coisa que achei bacana: os papéis não são fixos. Se um dia você faz o pai do noivo, no outro quem sabe te toca o tio “bebum” italiano. Ninguém é dono do personagem, todos podem ser mais ou menos protagonistas.
Corina Busquiazo, uma das coordenadoras do CCB, diz que este espaço, mais que um lugar de resistência, “é um espaço de construção”. O trabalho comunitário, ela acrescenta, aposta nas soluções coletivas. De lá para cá foram mais de 20 espetáculos, sendo que um novo vem sendo gestado há dois anos de deve se chamara Barracas al Fondo.
Se você quiser participar da próxima festa, ainda dá tempo de comprar as entradas. Seguro é um programa bem diferente de tudo o que você já fez em Buenos Aires. Leia mais sobre o grupo na pagina oficial do Circuito Cultural Barracas. E tim-tim.
Estamos com vontade de ir lá desde que você e Edu nos contaram essa história. Lindos texto e fotos, Gi, parabéns!
Nosso teatro!de teatrólogo e teatro comunitário! Teatro pele na cidade do porto foi o pioneiro do mundo em teatro comunitário através do melhor dramartugo universal do mundo! Aclibere e grande emprendedor das artes de teatro