Não sabe o que é locro? Vem descobrir neste post uma das comidas mais tradicionais, suculentas e revolucionárias da Argentina, ligada às datas patrióticas e responsável por inaugurar o friozinho.
*Post atualizado em 20.05.2016
De todas as formas possíveis de conhecer a história e a identidade de um povo, nenhuma é tão saborosa quanto a que recorre aos pratos e às receitas que sobreviveram ao tempo. Na Argentina o trajeto dos costumes alimentares pode ser rastreado em duas vertentes: a primeira é a dos “hombres de cuchillo“, oriundos do sul, mais propensos a carnes assadas, a facas. É o lado mais conhecido da gastronomia local.
A segunda é a dos “hombres de cuchara“, povos do norte, que usavam a colher para servir-se de cozidos como carbonadas, pucheros, mazamorras e do prato do qual vou falar hoje, o locro.
O locro é uma das iguarias mais antigas do país, típica de inverno. É uma espécie de feijoada argentina, feita de várias verduras, legumes e carnes. Sua base é uma variedade de milho branco e abóbora.
Dizem que nasceu entre os Quéchuas, no alto Peru, atual Bolívia, e que era inicialmente vegetariano. Com a chegada dos conquistadores, sua receita original foi modificada com a adição de carnes e linguiças, e de um molho (quiquirimichi) que se prepara com gordura derretida, pimentão, páprica picante e cebolinha, ingredientes da comida espanhola.
Dica de leitura: La Cocina como patrimonio (in) tangible, que pode ser lido em PDF.
O locro é servido especialmente este mês, mês da pátria, no Dia do Trabalhador e no 25 de maio (Dia da Revolução de Maio), mas também no 9 de Julho (Dia da Independência).
É uma forma de celebrar o encontro da gastronomia crioula com a trazida pelos imigrantes.
A iguaria entrou na Argentina pela região noroeste e se expandiu por todo o território, adotando características particulares em cada região. Em Neuquén, por exemplo, se prepara com ervilhas, no nordeste e zonas vizinhas, como o Paraguai, com mandioca. A única coisa que não varia é sua base vegetal e a forma de cozimento, a fogo lento durante varias horas.
No inicio, era comida de “gente pobre”. O milho usado era o branco, mais barato que o amarelo, e as carnes de vaca eram aquelas menos apreciadas, que não prestavam para ser comercializadas pelo dono do gado ou fazendeiro. Também se mesclava ao cozido patas, rabo, orelhas e pele de porco. Depois, como a feijoada, foi se sofisticando.
No livro “Tradiciones y recuerdos de Buenos Aires”, o escritor argentino Manuel Bilbao relata que o locro já era mencionado lá pelo ano de 1800.
Las comidas de antaño comenzaban generalmente por la sopa de fideos, de arroz o de pan, a la que se agregaba uno o dos huevos cocidos por invitado. Seguían el puchero de cola o de pecho, con chorizo, verdura o garbanzos, acompañado de una salsa de tomate y cebollas; la carbonada, que en el verano llevaba choclo, peras o duraznos; el quibebe, que era zapallo machacado, al que a veces se le agregaban papas, repollo y arroz; el sábalo de río frito o guisado; las empanadas y pasteles de fuente, con carne o pichones; la humita en chala y el pastel de choclo, el asado de vaca a la parrilla; la pierna de carnero mechada; el pavo relleno, engordado en la huerta de la casa, que se mandaba asar en la panadería próxima; las albóndigas de carne con arroz; el locro, las ensaladas de verdura, etcétera.
O locro também marca a chegada dos primeiros frios e a primeira grande reunião de amigos na época de inverno. Aqui em casa sempre tem o “Locro Loco do Edu”. Confira AQUI a nossa receita.
Se algum leitor estiver pela Argentina este mês e der de cara com uma plaquinha “Hoy, locro”, não vacile. Deixe de lado a dieta e prove essa comida que vem carregada de história. Depois é só correr para a siesta!
Onde comer locro em Buenos Aires
Pulpería Quilapán – Este cantinho de San Telmo, que a gente já falou AQUI, é uma das novidades da nossa lista de 2016. O restaurante que servir o “maior locro da cidade” e para isso promete um panelão de 250 litros de locro para o dia 25 de maio. Além disso, boleaderas, guitarras, jogos “criollos” como “la perinola, el sapo y el metegol” formam parte da proposta deste armazém de Defensa para a data (locro + copa de vinho 199 pesos) Outras informações no Facebook.
El Viejo Derby – Este é um lugar bem clássico para provar locro, na esquina de Defensa e Martín García, em frente ao Parque Lezama. Mas antes, para abrir o apetite, prove a empanada de carne! Fundado há 30 anos como ponto de encontro de fanáticos de corridas de cavalo e da boa mesa, El Viejo Derby segue juntando gente até hoje: torcedores e dirigentes de futebol, casais, grupos de amigos. Valor do “menú patrio”: empanada + locro + postre + copa de vino o gaseosa: 195 pesos.
Dicas do blog Fondo de Olla:
Restaurante del Club del Progreso – Sarmiento 1334 – Tel.: 4372-3380
El Imparcial – Hipólito Yrigoyen 1201 – Tel.: 4383-2919
Rancho In – Av. Francisco Beiró 3019 (Villa Devoto) – Tel.: 4504-6202
La Pescadorita – Humboldt 1905 – Tel.: 4773-0070
Raíces – Crisólogo Larralde 3995 (Saavedra) – Tel.: 4541-4927
Puerto Cristal – Alicia M. de Justo 1082 – Tel.: 4331-3669
Manolo – Bolívar y Cochabamba – Tel.: 4300-3502/48
Fleur de Sel – La Pampa 3040 – Tel.: 4783-5482
Filò – San Martín 975 – Teléfono: 4311-0312
EL LOCRO ES UN PLATO RIQUÍSIMO!!! EDUARDO LO HACE MUY BIEN!!!!
Não entendo nada de locro mas a Adriana adora o do La Querencia (Junin 1314, Recoleta)
😀