Mundial de Tango 2016: homenagens a Horacio Salgán

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O Festival e Mundial de Tango reúne mais de 600 artistas em 42 sedes e este ano faz justa homenagem ao maestro e pianista Horacio Salgán, falecido na última sexta-feira.

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Horacio Salgán – Divulgação

 

Ahora sí, estamos solos.

A frase, publicada por uma rádio de tango portenha nas redes sociais, resume o sentimento que nos abateu sexta-feira com a notícia da morte de Horacio Salgán. O maestro tinha completado 100 anos no dia 15 de junho e era um dos poucos sobreviventes da era de ouro do tango. Se foi no primeiro dia do Festival e Mundial de Tango 2016, com bailarinos e músicos reunidos, reverenciando sua obra. Por sorte, Gabriel Soria, diretor artístico do evento, já armava uma homenagem belíssima para esta edição.

Pela primeira vez, 18 reconhecidos pianistas de diferentes gerações e estilos musicais foram convidados para celebrar a influência e a vigência da obra deste pianista, um inovador à altura de Osvaldo Pugliese e Astor Piazzolla, que nos deixou uma obra super vasta – mais de 400 peças (sendo 91 registradas).

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Reverência

Autor da genial “A fuego lento” e fundador do Quinteto Real, Salgán representou uma estética complexa, que misturava a música portenha refinada com a popular.

“As orquestras dirigidas por Salgán dos anos 1944 e 1957, ampliam a forma tradicional do tango, profundizam o sentido rítmico e agregam um toque negro, criam um novo tipo tango profundamente arraigado à música, mas receptivo a Bartok, Ravel, o jazz e a música brasileira”, diz a especialista Sonia Ursini em seu livro Horacio Salgán: la supervivencia de un artista en el tiempo.

Tive a imensa sorte de encontrá-lo ao vivo um evento na Aliança Francesa logo que cheguei a Buenos Aires – o maestro então com 93 anos. Salgán tocou até 2003 e seguiu aceitando homenagens até 2010. Depois, entrou em reclusão.

Foram 75 anos de generosidade artística, que os convido a descobrir este semana, no festival ou em casa.

Escutá-lo é entender sua grandeza.

 

Homenagens a Horacio Salgán na Usina del Arte

Segunda, 22

MIGUEL ÁNGEL BARCOS + SONIA URSINI – Miguel Ángel Barcos se formou com as orquestras típicas dos anos 60 e Sonia Ursini conta com formação de raiz clásica. Ambos tocam parte da obra tangueira de Salgán.

Terça, 23

AGUSTÍN GUERRERO Y JUAN MARTÍN SCALERANDI + JOEL TORTUL Y MARTÍN TESA – Dos duos da nova geração tangueira celebram o mítico duo Salgán-De Lío e interpretam composições e arranjos próprios.

Quarta, 24

PAULA SHOCRON + FRANCISCO LO VUOLO – Dois pianistas del jazz contemporâneo argentino tocam desde a espontaneidade e improvisação.

Quinta,  25

HILDA HERRERA + NICOLÁS LEDESMA – Hilda Herrera interpreta, entre outras, uma obra de Salgán dedicada a Daniel Baremboin. Juntos, tocarão um arranjo a quatro mãos.

Sexta, 26

QUINTETO REAL –  Criado por Horacio Salgán em 1959, segue até hoje sob a direção de seu filho, César Salgán. O quinteto interpreta os geniais arranjos originais que o maestro pensou para antigos tangos orquestrais e para sua própria obra. César Salgán (piano), Carlos Corrales (bandoneón), Julio Peressini (violín), Esteban Falabella (guitarra) y Juan Pablo Navarro (contrabajo).

Sábado 27

CUATRO PIANISTAS A DOS PIANOS CRISTIAN ZÁRATE + ABEL ROGANTINI + PABLO ESTIGARRIBIA + NICOLÁS GUERSCHBERG – Quatro solistas interpretam arranjos originais sobre obras de Horacio Salgán, solos e a dois pianos.

Festival e Mundial de Tango

Quando: de 18 a 31 de agosto de 2016

O que é: o chamado  Festival e Mundial de Tango é dividido em duas parte – uma musical e outra de dança. A musical não é competitiva e tem vários eixos temáticos, com espetáculos, ciclos de cine e debates. Na parte de dança, bailarinos de todos os continentes chegam a Buenos Aires para disputar o título de “melhor do mundo”. Há disputas eliminatórias, semi-finais e finais. Além de milongas, aulas, apresentações e feira de roupas.

Onde é: A sede principal do festival é na Usina del Arte, em La Boca, mas há espetáculos em vários Bares Notables, no Cine Teatro 25 de Mayo de Villa Urquiza, no Parque Centenário e em centros culturais da cidade – 48 espaços no total este ano. As finais de dança são no Luna Park.

Como chegar à Usina del Arte: ônibus 4, 8, 20, 25, 29, 33, 53, 64, 86, 129, 130, 152, 159, 168, 195. Ou veja aqui em Como chego

Onde conseguir entradas: Para os shows na Usina del Arte, basta chegar com uma hora de antecedência (são duas entradas por pessoa). Se o show é de alguém muito famoso, chegue antes!

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