O tango no Brasil, o tango do Brasil

O Congresso Brasileiro de Tango, que acontece de 6 a 11 de setembro, no Rio de Janeiro, mostra o crescimento da dança no Brasil.  São esperadas seis mil pessoas.

congresso brasileiro tango grupo

Aulão do ano passado. Foto: Baila Mundo

O tango e o samba, ritmos irmãos, dançam cada vez mais juntinhos. O II Congresso Brasileiro de Tango, realizado no ano passado, no Rio de Janeiro, surpreendeu muita gente: pelo número de participantes, nível dos dançarinos e professores, e organização.  Eu inclusive. Fui e amei.

O III Congresso Brasileiro de Tango, que começa na terça-feira que vem, dia 6 de outubro, chega para mostrar que o crescimento da dança no Brasil não para. “O ano passado giramos por dia entre aulas e milongas uma média 500 pessoas por dia. Este ano vamos dobrar. São esperadas seis mil pessoas, de todos os estados”, diz o organizador Fernando Decampos. A pedido dos bailarinos, o evento aumentou de três para seis dias.

O congresso deste ano também comemora conquistas, entre elas a participação recorde de brasileiros no Mundial de Tango de Buenos Aires e a chegada, pela primeira vez, de um casal de brasileiros,  Camila Delphim e Alam Blascovich, numa final na categoria cenário.  A cada ano, avançamos mais.

Se você não dança mas quer conferir o bailongo, dê uma espiada no milongão de encerramento, ao ar livre, em frente à praia de Copacabana.

Programação do III Congresso Brasileiro de Tango

O Congresso está dividido em aulas por níveis (Iniciantes, Intermediário I e II e Avançado), mesas-redondas, seminários especiais, feira de produtos e milongas, claro.

O corpo de professores está excelente, com mestres argentinos como Luciano Bastos (um monstro!) e Francico Forquera, os campeões de tango salão do mundial de 2015, Jonathan Saavedra e Clarisa Aragón, os campeões mundiais de tango cenário, Gaspar Godoy e Carla Mazzolini, e ainda a prata da casa, os brasileiros que estão levando adiante o tango no país.

Há palestras super interessantes sobre como musicaliza milongas, as diferentes orquestras, autonomia da dama no salão (epa, gostei), e a evolução do tango no Brasil.

Importante: gente, não tenham pressa, não pulem níveis! Se você é iniciante, não se inscreva na aula de intermédio II – é frustrante para você, que pode não conseguir acompanhar o grupo, e para os colegas que realmente estão neste nível, que terão de dar um passo atrás para que você os acompanhe.

congresso brasileiro de tango grad

Programação completa AQUI.

Cidade do Tango

Este ano os organizadores batizaram o espaço do congresso de “Cidade do Tango“, porque diferente do ano passado, agora tudo acontece em um mesmo lugar, o maravilhoso Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, na Tijuca, menos as milongas. As cinco primeiras serão no Clube Militar Lagoa e o encerramento, domingo, em frente o mar.

tango no brasilDica de leitura: aproveitem o embale e leiam o ótimo “Donde estás, corazón? O tango no Brasil; o tango do Brasil” (de onde roubei o título do post), livro organizado por Heloísa Valente, com textos de  diversos autores. É uma preciosidade, tendo em vista a pouca bibliografia de tango em português.

Segundo os pesquisadores, no Brasil o tango portenho chega por volta da década de 1920, quando os ouvidos se abrem para o tango cantado e, sobretudo, para a voz de Carlos Gardel. O tango argentino passa a ser traduzido, adaptado, parodiado em nosso país, transplantando-se como tango nômade.

Além das versões originais e adaptadas, alguns compositores chegaram a compor vários “tangos argentinos”, que se notabilizaram na voz de Nelson Gonçalves: “Carlos Gardel”, “Hoje quem paga sou eu”, “Vermelho 27”, “Estrelas na lama”.

A publicação inclui texto inédito em português, de Ramón Pelinski, intitulado: “Tango: metáfora da globalização”.

Os espetáculos de tango que começavam a invadir o mundo eram, primordialmente, espetáculos de dança, convertendo o ritmo em uma espécie de balé de todos, no qual a beleza dos corpos e a ousadia dos movimentos constituem o centro das atenções. É justamente esse trânsito ininterrupto de transformações e versões territorializadas do gênero o objeto deste livro, dedicado ao estudo do tango presente no Brasil, quer por meio de suas criações originais por compositores e letristas do país, quer por meio das versões, traduções e adaptações dos tangos rio-platenses.

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